Um abraço para sempre...
por Rosana Braga em Almas GêmeasAtualizado em 08/04/2020 11:35:29
Como janela reaberta na linha do tempo, me pego de volta àquele romance inventado. Olhos nos olhos, espaço preenchido. Um abraço para sempre...
Palavras soltas, vontades loucas, desejo em chamas...
Tudo imaginado dentro. Em mim. Tudo sentido fora. Em nós.
Ainda hoje, o instinto acorda. O amor fecundado.
Refaço o caminho. Ressinto o que nunca existiu. O amor abortado.
Poesia inacabada. Tristeza que deixa marcas.
Tão adolescente. Tão insensata. Posto que insana é a paixão, incendeia-me por dentro a remota chance de me reencontrar naquele encontro, onde intensa foi a promessa.
Ora, que tola! Promessas são apenas intenções. Nem sempre possíveis. Por vezes, tão pouco prováveis no universo subjetivo das faltas...
E ainda assim, ainda agora, te desejo irracionalmente, tão apegada ao que não pode ser.
Tão infantilmente insistindo num capricho.
Tão meninamente encantada por um príncipe que viria...
Quem diria...
Mulher feita. Filho criado. Histórias vividas repetidas e indefinidas vezes, de muitas formas distintas, e ainda invento um enredo imaturo.
Armadilhas armadas.
Como é trágico o amor. Como é inconsequente o fogo que arde impacientemente num coração de mulher.
Ouço seu nome e estremeço. Suspiro de mim mesma. Busco a intensidade que me acorda. Está tudo em mim, como tudo o que se sente. Fugaz. À flor da pele. Indizível. Dentro.
Quis a irresponsabilidade e me feri no espinho da lucidez. Então me vem a vida com a lógica estúpida das regras.
Que sorte a minha!
Certamente teria me espatifado na lama da decepção. Teria me deparado com o rasgo dilacerante da desilusão.
Só deveria ser grata. E ainda assim, neste momento, só consigo me iludir mais.
Um furo que me atrai para o profundo de mim mesma. Onde não há a luz da razão. Somente impulso. Apenas lembranças do que nunca vivi. Do que nunca pode ser.
Talvez num único momento. Talvez no prolongamento da declaração, seguida do mudo abraço!
O abraço para sempre... e um desabraço que nunca aconteceu!
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