O novo e o velho: uma questão de origem de referência

O novo e o velho: uma questão de origem de referência
Autor Ramy Arany - [email protected]
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Todos nós sofremos influências de idéias, de valores e de crenças que são provindas do externo, quer seja num âmbito menor, como influências familiares e grupo social, como também provenientes do coletivo chegando até ao planetário. Isto ocorre em função de nossa necessidade de nos comunicarmos para podermos aprender e assim evoluirmos. Isto é algo natural e muito necessário se observarmos o quanto nos enriquecemos e o quanto contribuímos para o enriquecimento do outro, quando há o entrecruzamento entre pessoas de diversas culturas, entre várias idéias, valores dentre outros.

Na natureza, o entrecruzamento é uma lei natural onde tudo se manifesta a partir dele. Isto é de fácil compreensão se pensarmos quando dois seres, mulher e homem, se entrecruzam e daí nasce um novo ser. Foi assim que cada um de nós foi gerado e isto ocorre na maioria das espécies. Do entrecruzamento, seja ele entre espécies, pessoas, culturas, sempre nascerá uma expansão, ou seja, algo irá ocorrer que ampliará a cultura, os valores, a própria espécie ou até mesmo novas espécies.

Em relação às idéias, aos valores e às crenças, é necessário, porém, que se preste atenção em relação às influências dos entrecruzamentos em nossa consciência, pensamentos, emoções, idéias dentre outros, pois a partir do momento em que enxergamos, escutamos, pensamos, ou seja, a partir do momento em que de alguma forma tomamos o contato, naturalmente já estamos entrecruzando com os conteúdos e de alguma forma estaremos sendo influenciados por eles. Neste sentido, é importante levar-se em consideração o número de influências que sofremos no nosso dia-a-dia sem que tenhamos sequer a consciência desta condição.

Lembro-me da época de um comercial da “Coca-Cola”, o qual era repetido inúmeras vezes nas principais mídias televisivas e também escritas e que dizia: ‘beba Coca-Cola, sempre Coca-Cola’. Este exemplo me trouxe a clareza de que se não observasse realmente o que eu quero para mim, principalmente no sentido de me conhecer de verdade e ter clareza de quem eu sou, do que necessito, do que busco como pessoa, logo estaria bebendo o tal refrigerante sem mesmo perceber o quanto estaria sendo influenciada pelo comercial que funcionava como um ‘valor’ sendo transmitido continuamente.
Evidente que a resposta das pessoas ao comercial também era visível pelo número de pessoas reunidas em bares, restaurantes e demais locais consumindo o refrigerante, o que tornava também um meio de influência para outras pessoas.
Porém, vamos substituir o conteúdo “refrigerante” por outros conteúdos que nem sempre são divulgados em mídias, mas que são propagados pela própria história social, cultural, política mundial e que continuamente nos afetam sem termos a consciência, a lucidez de que muitas vezes estamos falando e defendendo questões, valores e idéias que se pararmos para pensar, talvez surja a pergunta interna: Mas por que estou falando assim? Por que estou pensando desta forma? Por que estou me sentindo deste jeito? Quem me disse que isto é realmente assim? Da onde eu tirei estas idéias?

Tudo que nós aprendemos como valor, como crença, como cultura, seja numa dimensão maior ou menor, tornam-se nossas origens de referências que irão comandar nossa consciência e esta determinará nosso comportamento. Assim, tudo que nós temos registrado em nossos arquivos de memória, até mesmo daquilo que não temos a ciência de sua existência, acaba por se tornar nossos pontos de referências para todas as nossas ações, ou seja, para tudo o que fizermos iremos “consultar” consciente ou inconscientemente estes arquivos de memória que de modo natural nos direcionarão para nossas ações.
Isto me chama à atenção do quanto é importante e essencial que façamos de tempos em tempos um trabalho de auto-observação para termos a clareza dos conteúdos destes arquivos de referências e, assim, podermos renová-los, deletá-los, transformá-los, pois, somente assim, teremos a oportunidade de caminharmos para o novo.
A maioria das pessoas se queixa que quer ir para o novo e não consegue, pois está presa e comprometida com o velho; outras alegam que o novo passa longe e que não conseguem atingi-lo; outras nem percebem que somente estão repetindo velhos ciclos e que suas vidas se encontram num labirinto dando voltas e voltas sem conseguirem sair do lugar.

Seja qual for a situação que temos que lidar é necessário que se observe as origens de referências: quais são as crenças, os valores que formam nossas idéias, nossa consciência sobre os conteúdos que a situação nos traz. Desta forma, teremos muito mais condições de podermos lidar com ela sem corrermos o risco dela ser induzida, determinada pelas origens de referências que podem estar ultrapassadas, tendenciosas, pré-conceituosas ou até mesmo completamente fora de nossa essência, apenas ocupando um espaço que por nossa própria desatenção poderia estar sendo preenchido de novas idéias, de valores mais essenciais que condigam com nossa verdadeira essência e momento existencial.

É fundamental que de tempos em tempos façamos uma grande “faxina” em nossos arquivos de memórias de referências, ou seja, em nossas crenças e valores para que possamos abrir novos espaços internos para que o novo possa realmente se manifestar em nossas vidas e, assim, impulsionar para irmos além de nossas próprias referências. O novo sempre nos traz a oportunidade de sentirmos a força do nascimento para um ciclo diferente, mas para isto é necessário que se esteja aberto ao novo, é preciso observar quais as crenças sobre ele:

- O novo é perigoso;
- O novo é arriscado;
- O velho pode ser ruim, mas, já é conhecido;
- Quais são as garantias do novo que eu não conheço;
- Já sou muito velho (a) para mudar minha vida;
- O tempo do novo já foi;
- As oportunidades não voltam jamais;
- Não mereço o melhor da vida;
- Já errei muito! Preciso pagar de alguma forma pelos meus erros.


Sejam quais forem as crenças e os valores que tenhamos sobre todas as coisas é preciso que se vá além, pois, entre o que achamos e o que pensamos sobre todas as coisas existe a consciência do que verdadeiramente “é”.


Texto revisado por: Cris


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Conteúdo desenvolvido por: Ramy Arany   
Ramy Arany é co-fundadora do Instituto KVT, Instituto KVT Desenvolvimento da Consciência Empresarial, da Instituição Filantrópica Ará Tembayê Tayê e da Editora KVT. É assistente social, terapeuta comportamental, pesquisadora dos estados alterados da consciência e escritora. Conheça seus livros
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