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Perseverança: como gerar energia para seguir em frente

Publicado por Bel Cesar em Espiritualidade

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A vida é complicada. Quando superamos um desafio surge logo outro em seguida. Sempre encontraremos dificuldades e provavelmente iremos falhar inúmeras vezes, mas se formos perseverantes e sinceros em nosso propósito de vida, as dificuldades não representarão um obstáculo. Com perseverança, podemos seguir adiante sabendo que é possível nos tornarmos pessoas melhores, mais flexíveis e disponíveis para nos ajudarmos e aos outros.

Certa vez, Lama Gangchen nos disse espontaneamente: “Esforço sem perseverança, cansa”. O esforço deve, portanto, ser consciente. Precisamos saber para onde estamos indo.
Segundo o budismo, a perseverança é uma virtude, resultante do desenvolvimento da generosidade, da disciplina e da paciência.

Com a prática da generosidade, perdemos o medo de nos comunicarmos e abrirmo-nos para a vida. Com disciplina, superamos o medo de agir e nossas ações se tornarão claras. Por meio da paciência, conquistamos a segurança necessária para dar continuidade sem olhar para trás.
Não basta termos a intenção de manter uma forte força de vontade para termos perseverança. A capacidade de mantermo-nos determinados mantém-se ativa com o amadurecimento destas três habilidades.

"Nunca nos cansamos de situações quando nossa energia é alegre. Se estivermos completamente abertos, plenamente despertos para a vida, nunca teremos um momento enfadonho”, diz Chögyam Trungpa em seu livro Além do Materialismo Espiritual. (Ed. Cultrix)
A perseverança está baseada na alegria de podermos olhar para dentro de nós com espaço, disposição e compaixão, isto é, aceitando o processo de mudança que nos libertará dos padrões negativos do apego, aversão, ignorância, avidez, orgulho, inveja e ciúme.

As etapas para desenvolver a perseverança são:

1. Resgatar a generosidade para conosco mesmos. Cultivar a generosidade em si mesmos é darmo-nos uma nova chance para recuperarmos nossas forças. Como, por exemplo, respondendo à seguinte pergunta: “Como posso me amar mesmo não sendo amado”? Cultive a idéia que de você é capaz de se levantar por seus próprios esforços.

2. Disciplina para cultivar a aspiração de ser quem você quer ser. Deixe-se inspirar pelo incentivo daqueles que vêm o positivo quando você perdeu a clareza. A aspiração é a base de nossa motivação. Inicialmente, precisamos despertar a vontade de sermos como quem admiramos, para então reconhecer que já possuímos o mesmo potencial que necessita ser desenvolvido. Como o arco e a flecha. A motivação é a direção para a qual dirigimos a flecha; a aspiração é a força que usamos para puxar o arco.

3. Paciência para manter a mente ligada à motivação, sem se ater a resultados imediatos. Não se deixe levar pelas preocupações que você não pode resolver agora. E procure não se expor enquanto não estiver pronto. Reconhecer nossos limites e respeitá-los assegura a nossa energia vital.

Não devemos confundir cansaço físico e mental com nossa auto-imagem. Podemos estar desanimados por falta de energia vital, mas isso não significa que perdemos a perseverança. Nesse caso, é só descansar. Alimentar-se bem e dormir, que a confiança para seguir em frente é recuperada.
Antes de qualquer expectativa de realizações rápidas, temos que refletir que ninguém é perfeito desde o começo.

Ser capaz de voltar para o Zero e recomeçar pode ser muito estimulante. Pois quando estamos com a sensação de que “já sabemos tudo”, paralisamos nosso aprendizado.
A sensação de estar começando algo novo é refrescante, pois há curiosidade e disposição.

Nunca desista. Às vezes, somos pegos pelo medo do desconhecido e desistimos no momento mais intenso de nossa jornada, justamente porque pressentimos que o que está para ocorrer é real.

Gueshe Kelsang Gyatso ressalta: “Não basta ser inteligente. É preciso ter perseverança. Sem esforço, mesmo que tivermos sabedoria, não seremos capazes de concluir nossa prática espiritual. Por exemplo, se um pasto seco pega fogo, com o vento queimará toda a montanha. O fogo é a inteligência e o vento a energia da perseverança. Portanto, é preciso pôr energia na inteligência para que ela se expanda” (Caminho Alegre da Boa Fortuna. Ed. Tharpa Brasil).

Meditação

Numa postura de meditação, mantenha a coluna ereta, mas não tensa. O importante é que você se sinta confortável.

Com as mãos soltas sobre o colo, descanse a mão direita sobre a esquerda, com as pontas dos polegares unidas.

Evite manter os braços encostados no corpo. Deixe que o ar circule sob eles. Isso ajuda a não ter sono durante a meditação.

Mantenha os olhos fechados se ajudar a ter mais concentração.

Solte o maxilar e mantenha os lábios levemente unidos.

A língua está relaxada, tocando o céu da boca logo atrás dos dentes superiores. Isso reduz o fluxo de saliva e dessa forma a necessidade de engolir, pois esses são obstáculos da concentração.

Seu queixo fica levemente inclinado para baixo, voltado na direção do coração.

Concentre-se no movimento de subir e descer de seu abdômen. Sinta-se bem sentado, sustentado pela terra, ao mesmo tempo em que a cabeça está conectada com o céu.

Deixe-se relaxar durante alguns instantes.

Agora, lembre-se do propósito desta meditação: resgatar sua capacidade de ter perseverança para realizar seu propósito nesta vida.

Faça uma análise sincera do que está lhe dando forças e o que está consumindo sua energia neste momento. Compare-se com épocas passadas.

Agora, pense nas qualidades de seu mestre ou de pessoas que você admira. Procure recordar-se de uma situação difícil pela qual elas passaram. Lembre-se de como reagiram e de como saíram daquela situação. Como você poderia aplicar o exemplo dessa pessoa em sua situação atual?

Veja-se oferecendo a si mesmo uma nova chance. Perceba que sua disponibilidade para agir é, em si, uma ação transformadora.

Respire profundamente, e, quanto se sentir pronto, escolha uma expiração e abra os olhos.


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Sobre o autor
bel
Bel Cesar é psicóloga, pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano desde 1990. Dedica-se ao tratamento do estresse traumático com os métodos de S.E.® - Somatic Experiencing (Experiência Somática) e de EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares). Desde 1991, dedica-se ao acompanhamento daqueles que enfrentam a morte. É também autora dos livros `Viagem Interior ao Tibete´ e `Morrer não se improvisa´, `O livro das Emoções´, `Mania de Sofrer´, `O sutil desequilíbrio do estresse´ em parceria com o psiquiatra Dr. Sergio Klepacz e `O Grande Amor - um objetivo de vida´ em parceria com Lama Michel Rinpoche. Todos editados pela Editora Gaia.
Email: [email protected]
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