Felicidade!
por Thais Accioly em AutoajudaAtualizado em 08/04/2020 11:35:05
Pensar a felicidade como um bem de consumo é algo relativamente comum, muitos acreditam que ela seja um bem que pode ser comprado.
Não é.
Há a forte ilusão de que se comprarmos um carro moderno, o último modelo de celular, a casa dos sonhos, a viagem para aquele lugar maravilhoso, sapatos, o relógio da marca tal, teremos a felicidade.
Acalentamos, também, a fantasia de que um salário maior, ou um rendimento melhor, trará a felicidade. E há quem acredite poder comprar a felicidade em comprimidos, fórmulas manipuladas...
Claro que o medicamento certo pode amenizar sintomas depressivos, mas a felicidade não virá com o alívio.
Nem aparecerá só porque se comprou algo ou se viajou para algum lugar.
Pode existir satisfação nessas situações e vivências, mas alegria e prazer não são a felicidade.
Felicidade é confundida com muitas coisas: com prazer, com consumo, com poder, com alienação, com excitação, com fazer ou não fazer algo, com estar com alguém ou não.
Coloca-se desta forma a felicidade onde ela não é possível de ser encontrada e a busca, assim, parece não ter fim. Mas só porque tomamos caminhos estranhos nessa jornada.
Muitos acham que a felicidade é um direito pessoal, e saem desembestados, criando situações de desencanto, angustia, ansiedade e desespero ao seu redor, porque decidiram ser felizes "custe o que custar, doa a quem doer".
Mas, por mais que os livros, a TV, os comerciais, as revistas e palestrantes digam e ensinem que todos temos o direito à felicidade, gerando uma quase histeria em sua busca e tentativa de conquista, vê-se que os esforços individuais são pouco produtivos e, o que é pior, esta busca egocêntrica acaba causando muito sofrimento, individual e coletivo.
É só lembrar, para citar um exemplo, no quanto a corrida pela felicidade individual gera de lixo (por conta do consumo exagerado). Sem esquecer-se de citar outro exemplo bem atual, as famílias que são desestruturadas porque um dos cônjuges resolveu buscar sua "felicidade" em outro lugar, sem se preocupar com o sofrimento e o custo psicológico que isso pode ter para as crianças, adolescentes e idosos envolvidos.
A felicidade só será possível quando vivenciada em sociedade, por uma grande e esmagadora maioria.
Todo o resto é miragem. Ilusão criada para vender produtos e serviços.
Felicidade é um estado de espírito, de bem-estar, que envolve o desenvolvimento de muitas diferentes nuances da personalidade, da saúde mental, espiritual, física e social.
Existem requisitos individuais para a felicidade, claro, mas eles isoladamente são insuficientes para sua vivência plena.
Alguns requisitos individuais são: boa autoestima, amor pela vida, autorrespeito e respeito pelo próximo, generosidade, bom humor, humildade, capacidade de aceitação, flexibilidade, fé, esperança, altruísmo, maturidade emocional, autoconhecimento, resiliência, capacidade de sacrifícios pessoais pelo bem estar coletivo, entre tantos outros.
Mas todos são ineficientes se, coletivamente, seja em família, no trabalho, ou na sociedade de forma geral, convive-se com a desigualdade de oportunidades, com a escravidão dos sentidos e das pessoas, com a indiferença, a crueldade, a violência, o egoísmo, a fome, o abandono dos mais frágeis, a corrupção, a inveja e o ódio, o desrespeito, a desesperação, o orgulho, a indecisão, os medos sem sentido, a ganância.
Felicidade é direito coletivo, e só pode ser vivenciado coletivamente, sendo que o bem-estar, a paz, a amorosidade, o respeito, os cuidados fraternos, a esperança e as oportunidades são bens comuns a todos, desfrutados por qualquer pessoa, por qualquer ser vivo.
Pense nisso e busque agir na construção de uma felicidade coletiva em sua casa, em sua rua, em seu bairro, em sua cidade, no seu local de trabalho, e observará que na medida em que você, eu, e outros começarem a viver pensando e criando possibilidades para que a felicidade alheia surja, ela também começara a brotar internamente, como um bem-estar real e duradouro.