O Direito de Pertencer
por Simone Arrojo em AutoajudaAtualizado em 08/04/2020 11:35:13
No interior de cada grupo familiar, vale a ordem básica, a lei fundamental: todas as pessoas do grupo familiar possuem o mesmo direito de pertencer. Em muitas famílias e grupo familiares, determinados membros são excluídos. Alguns dizem, por exemplo: "Esse tio não vale nada, ele não pertence a nós", ou então: "Dessa criança ilegítima nada queremos saber". Com isso, recusam a essas pessoas o direito de pertencer.
Existem também os que dizem: "Sou católico, você é evangélico. Como católico, tenho mais direito de pertencer que você". Ou inversamente: "Como protestante, tenho mais direito, porque minha fé é mais verdadeira. Você é menos crente do que eu, portanto tem menos direito de pertencer". Isto não é hoje tão freqüente como antigamente, mas ainda acontece.
Ocorre ainda, quando um filho morre prematuramente, que seus pais dão seu nome ao filho seguinte. Com isto, estão dizendo ao primeiro: "Você não pertence à família. Temos um substituto para você". Assim o filho morto não conserva nem mesmo o seu próprio nome. Com freqüência, não é mais contado nem mencionado. Assim lhe é negado e retirado o direito de pertencer.
O excesso de moral de alguns, que se sentem melhores e superiores a outros, na prática significa dizer-lhes: "Tenho mais direito de pertencer que você". Ou, quando alguém condena uma pessoa ou a considera má, praticamente está lhe dizendo: "Você tem menos direito de pertencer do que eu". "Bom" significa então: "Tenho mais direitos", e "mau" significa: "Você tem menos direitos".
Os Excluídos são Representados
Essa lei fundamental, que assegura a todos o mesmo direito de pertencer, não tolera nenhuma violação. Quando isso acontece, existe no sistema uma necessidade inconsciente de compensação, que faz com que os excluídos ou desprezados sejam mais tarde representados por algum outro membro da família, sem que essa pessoa tenha consciência do fato.
Quando, por exemplo, um homem casado se relaciona com outra mulher e diz à própria esposa: "Não quero mais saber de você", inventando falsas razões e cometendo injustiça contra ela, e depois se casa com a segunda mulher e tem filhos com ela, sua primeira mulher será representada por um desses filhos. Uma menina, por exemplo, combaterá o pai com o mesmo ódio da parceira rejeitada, sem que tenha a menor consciência dessa representação. Aqui atua uma força secreta de compensação, para que a injustiça feita à primeira pessoa seja vingada por uma segunda.
Muitos acontecimentos infelizes na família como, por exemplo, desvios de comportamento dos filhos, doenças, acidentes e suicídios acontecem pelo fato de que um filho inconscientemente representa um excluído e quer dar-lhe reconhecimento. Nisso se revela ainda uma outra propriedade da instância superior. Ela faz reinar justiça para com aqueles que vieram antes e injustiça para os que vêm depois.