A profunda diferença entre ser amado e ser útil
por Rodolfo Fonseca em AutoconhecimentoAtualizado em 01/02/2024 16:17:04
A busca pela utilidade na vida pode ser uma jornada exaustiva. Para muitos, a sensação de ser útil é gratificante e preenche uma parte significativa de nossa existência. É natural desejar que as pessoas valorizem o que somos capazes de fazer ou proporcionar a elas. No entanto, é importante reconhecer que a utilidade pode ser um território perigoso, pois muitas vezes confundimos ser amados com ser úteis.
A utilidade pode nos enganar. Quando alguém se aproxima de nós, elogiando nossas habilidades ou o que podemos oferecer, mas, na realidade, essa pessoa pode estar interessada apenas no que fazemos por ela, não em quem somos de fato. É um dilema comum que nos faz questionar a profundidade dos relacionamentos que construímos ao longo da vida.
A velhice é um estágio que nos confronta com a transição da utilidade para o significado intrínseco. À medida que envelhecemos, nossas habilidades físicas e mentais podem diminuir, e as pessoas que antes nos valorizavam por nossa utilidade podem se distanciar. No entanto, este é um momento de purificação, um período em que podemos realmente descobrir quem nos ama verdadeiramente.
Normalmente aqueles que permanecem ao nosso lado na velhice, mesmo depois de nossa utilidade aparente ter diminuído, são os que encontraram e valorizaram nosso verdadeiro significado como seres humanos. Eles enxergam além das habilidades e ações externas; eles veem nossa essência.
É por isso que muitos de nós desejam envelhecer ao lado daqueles que nos amam de verdade. Queremos estar com pessoas que nos ofereçam a tranquilidade de sermos inúteis em termos práticos, mas sem perder nosso valor como indivíduos.
Procuramos alguém que acolha nossa inutilidade com amor e compreensão, alguém que veja que, embora possamos não servir para muitas tarefas práticas, nosso valor como seres humanos permanece inalterado.
É importante entender que a vida é dinâmica e que nossa utilidade pode mudar ao longo do tempo. O verdadeiro teste do amor, seja para conosco ou com os outros, é a capacidade de tolerar e aceitar a inutilidade quando ela se apresenta. Se alguém é capaz de acolher nossa inutilidade e nos amar mesmo assim, isso é um indicativo profundo de amor genuíno.
Portanto, se você deseja saber se alguém realmente o ama, pergunte a si mesmo se essa pessoa seria capaz de tolerar sua inutilidade. E se você deseja medir o amor que sente por alguém, questione-se se você seria capaz de aceitar a inutilidade dessa pessoa em algum momento da vida, sem desejar descartá-la.
O amor verdadeiro é a força que nos permite cuidar uns dos outros até o fim, independentemente de nossa utilidade aparente. É o amor que nos dá a graça de olhar nos olhos de alguém e dizer sinceramente: "Você pode não servir para muita coisa prática, mas eu simplesmente não consigo imaginar a vida sem você." Esse é o verdadeiro significado do amor, uma dádiva preciosa que nos acompanha ao longo de toda a nossa jornada.