Ainda que tão doloridas, algumas verdades são imprescindíveis
por Rosana Braga em Almas GêmeasAtualizado em 23/06/2006 11:54:24
Que a sinceridade e a transparência numa relação são fundamentais, a gente sempre soube. Entretanto, eu mesma já defendi os casos em que algumas verdades são desnecessárias.
Não mudei de opinião, mas terei de – da mesma forma – defender as ocasiões em que, apesar de dolorosas e difíceis, algumas verdades são imprescindíveis e ajudam muito na compreensão dos sentimentos e na escolha de caminhos e atitudes.
É comum a gente se perder em “achismos” e, assim, formatar percepções que não correspondem com a realidade dos fatos e, especialmente, dos sentimentos. Algumas vezes, a gente acha que o outro sente ou pensa de determinada maneira, mas quando se abre para ouvir o que ele realmente sente e pensa, descobre que estava lidando com enganos e ilusões.
Claro que para se chegar a ‘conclusões’ mais consistentes (ainda que no amor nada seja definitivo e tudo possa ser transformado) é preciso que a comunicação entre um casal seja clara, sincera, amigável e absolutamente respeitosa. Aliás, somente a partir destas condições é que uma verdade deveria ser dita.
Sei também que as palavras são extremamente limitadas diante de tudo o que compõe o amor, seja o que está aflorado e perceptível ou o que está adormecido e imperceptível. Mas se são as palavras que mais nos aproximam da clareza, que possamos encontrar nelas ao menos uma direção a partir do que percebemos.
O ‘problema’ é que nem sempre é bom ouvir uma verdade. Pelo contrário, pode ser tão difícil que, na maioria das vezes, preferimos não ouvi-la. De algum modo, deixamo-nos enganar com possibilidades fantasiadas e ignoramos o óbvio.
A verdade está bem debaixo dos nossos olhos, mas nos recusamos veementemente a enxergá-las. Adiamos o quanto conseguimos, até que chega o dia em que não dá mais para disfarçar: doa o quanto tiver de doer, é preciso encará-la, ouvi-la, digeri-la.
A sensação é de que fomos nocauteados, de que levamos um baita soco na boca do estômago; mas ainda assim estou certa de que algo de muito bom existe no meio desta decepção, desta grande desilusão: a possibilidade de pegar o próximo retorno, mudar a direção e começar tudo de novo, apostando num novo caminho.
Nem sempre este novo caminho significa uma nova pessoa. Algumas vezes, há espaço para continuar apostando na força do amor. Porém, noutras vezes, um novo caminho significa realmente o fim de uma relação, de um encontro, de uma possibilidade. Porque, enfim, acredito que diante dos sentimentos sempre existe uma chance, mas diante da ausência deles, o que fazer?
Creio que esta seja a verdade mais dolorida: a ausência de sentimento, seja porque acabou ou porque nem nunca existiu. E diante do nada, não há como tentar, não há nada para resgatar. Está acabado.
Se você se vê agora diante de uma verdade como esta – dolorida, mas imprescindível – posso imaginar o quanto esteja confuso, perdido e sem saber como lidar com o eco que ocupa sua mente e seu coração.
Reagir imediatamente pode não ser possível e não há nada de mal nisso. Assim, prefira o silêncio e a quietude até que você consiga elaborar um modo de lidar com o que está sentindo agora... Acredite: a resposta vem quando a gente se disponibiliza a encontrá-la, a refletir e esperar que ela chegue.
E aí, será o momento de fazer a sua escolha. Mais do se preocupar com as chances de erro e acerto, concentre-se em seu coração e seja fiel aos seus sentimentos. Desta maneira, esteja certo de que terá feito o seu melhor!
E quanto ao que não percebemos, restam-nos olhares, suspiros, sorrisos, toques, sensações, lágrimas, silêncios e entrelinhas que muito podem revelar, principalmente quando as palavras ainda não são capazes de traduzir o que vai dentro da gente.
É... eu sei, são muitos detalhes a serem considerados quando o que está em pauta é uma escolha tão importante, é o caminho pelo qual segue o seu coração, é a direção do seu presente, fator determinante para o seu futuro.
Portanto, o que fazer quando uma verdade dói?