As 4 estações do amor...
por Rosana Braga em Almas GêmeasAtualizado em 18/02/2005 12:03:29
Quando penso na fantástica ciclicidade da vida, não posso deixar de me sentir agraciada por fazer parte de tão sublime e divino movimento, por mais inaceitável que ele possa nos parecer algumas vezes.
Nascer, viver e morrer nada mais são do que ciclos de uma mesma intenção: a de existência absoluta de tudo o que fomos, somos e seremos, até o infinito inimaginável.
E me pego, então, submersa na perfeita e inevitável ciclicidade do amor, dos amores, das experiências amorosas, dos encontros sedentos de uma força amorosamente poderosa, a ponto de desfazer todos os medos e libertar toda a ousadia de amar...
Impossível seria falar de ciclos, perfeição e amor sem fazer referência aos mais inspiradores e absolutos ciclos da natureza: as 4 facetas do tempo, dos elementos, das temperaturas e dos temperamentos.
Primavera, verão, outono e inverno, começam e recomeçam, sem nunca terminar, como se dançassem – vida e amor – num deslizar constante sobre o chão do mundo, no sutil compasso do criador, num ininterrupto desabrochar, florescer, murchar e morrer, tão belamente, tão magnificamente, embora quase nunca consigamos perceber...
Porque, infelizmente, nos apegamos, atribuímos pesos e medidas ao que não nos cabe mensurar. Porque nem notamos o espetáculo que pulsa em cada um de nós.
Ah! Se sentíssemos... cada ciclo... e a cada um deles nos entregássemos completa e irrestritamente, desfrutaríamos do que pode haver de mais inebriante...
Primavera... olhar... o encantamento... o despertar da semente, do amor em potencial...
Verão... encontrar... a paixão... o fogo que arde e fertiliza... floresce num gozo de vida, cheio de sol... amor feito lava de vulcão em chamas...
Outono... desfolhar... o despedaçar para encontrar-se nu, desnudo, esvaziado de ego, de expectativas, de ilusões baseadas em cores, formas, flores... amor maduro.
O outono é, para mim (que também me apego), a estação mais bela do amor... quando o que permanece é a essência, a visão clara do que cada um é, “com todo seu tenebroso (Trecho da música Tá combinado, de Caetano Veloso) esplendor(*)”, como é o amor...
E, por fim, o inverno... a interiorização... a introspecção, a sabedoria do desfecho, a beleza oculta da morte...
Mas não a morte do fim. Nunca o fim! Sempre o recomeço. Uma maravilhosa oportunidade de tornar nova todas as sensações, todos os sonhos, todos os sentidos, toda forma de amor...
Porque tudo é divinamente cíclico e perfeito!