Cuidado com a cilada do não!
por Rosana Braga em Almas GêmeasAtualizado em 10/02/2006 10:49:19
Tem gente que é movido pelo “não”, por mais que isso lhe renda trabalho em dobro, insistência extra e a sensação de que a vida tem sido mais dura do que poderia.
E quando esta dinâmica se instala também nas relações amorosas, a coisa é de doer, de tão confusa que fica!
A cada nova possibilidade de um encontro, o dilema renasce: se o outro também quer e demonstra que quer, é o suficiente para que a pessoa perca o interesse. Todo o desejo se esvai, a atração acaba e as expectativas se tornam sem graça.
Conclusão: reforça-se a idéia de que para valer a pena, ter de dar trabalho, tem de ser difícil, tem de demandar esforço. Até admito que exista certa verdade nesta teoria, especialmente se considerarmos que o amor é uma construção.
Porém, há uma enorme diferença entre dedicar-se com afinco e ficar dando murro em ponta de faca, ainda mais quando furar as mãos está a serviço de lustrar o ego. Se o ‘sim’ é sem graça e o ‘não’ é motivador, dá para desconfiar de que tem algo precisando ser ajustado, você não acha?
Pois bem... pessoas que só se empolgam com o ‘não’ geralmente nem percebem que estão escolhendo o caminho mais complicado desnecessariamente; reféns desta cilada, também não se dão conta de que nem sempre o mais difícil rende maiores e melhores vantagens. Na maioria das vezes, muito pelo contrário!
Apostar em relações onde o outro se mostra indisponível e contrário aos sentimentos oferecidos pode até ser uma escolha admirável quando a gente sente que realmente gosta e que vale a pena arriscar, persistir e fazer um esforço, ainda que até neste caso exista um limite. Se o outro não quer, que saibamos respeitá-lo.
Entretanto, se estamos pulando de relação em relação, sempre brochando quando está fácil e se excitando quando está difícil, é hora de refletirmos sobre o que é que estamos querendo provar para nós mesmos ou para os outros!
Que conseguimos conquistar quem diz que não quer? Que não aceitamos um “não” como resposta? Que somos capazes de atingir nossos objetivos custe o que custar? Porque se for isso, estamos seguramente nos deixando dominar por um ego infantil e tolo.
Enganados sobre o que seja amor, companheirismo, valores e relações que valem a pena, investimos no ‘não’ do outro só para provar que conseguimos, quando na verdade – se realmente conseguirmos – terminamos descobrindo que não é bem isso o que desejávamos! O ‘prêmio’ perde a graça e a dinâmica recomeça...
Feito crianças mimadas, descartamos o que temos e corremos atrás do que não temos, alimentando uma rotatória que não nos leva a lugar algum. Por fim, só machucamos aqueles que realmente gostam da gente e perdemos tempo demais com quem já fez outras escolhas, nas quais não estamos incluídos.
Se você é vítima desta auto-armadilha, sugiro decida-se por crescer! Perceba que um ‘não’ realmente não pode ser um obstáculo intransponível, mas também não pode se tornar uma provocação, um teste, uma prova onde você deve mostrar que é capaz de transformá-lo em ‘sim’ de qualquer maneira!
Caso contrário, chegará o momento em que você já não saberá se realmente gosta do outro nem o quanto está disposto a lutar por um amor. Tudo vira guerra, competição, disputa... Contra quem?!? Pois é... contra si mesmo. Contra o seu ego e o seu coração. E assim, não importa quem vença, você será o perdedor, sempre!
