Faça amor, não faça guerra!
por Rosana Braga em Almas GêmeasAtualizado em 24/03/2003 11:57:43
Esse título ganha muitos sentidos neste momento. O mundo enfrenta uma guerra visível e conhecida por todos nós, iniciada entre os EUA e o Iraque. Mas, sinceramente, esse fato não me ilude e nem me isenta de participação.
Quem já conhece meus textos sabe que falo de amor... E sabe, principalmente, que acredito que tudo o que acontece externamente é reflexo de algo que já está acontecendo internamente. Portanto, o meu diagnóstico é: estamos em guerra dentro de nós mesmos.
Nosso coração está em guerra há algum tempo. Cada um no seu nível, cada qual com sua potência para ataques e defesas. Cada pessoa dentro de sua consciência e com seu grau de conhecimento.
A guerra no amor pode ser declarada de várias formas. Mesmo quem está sozinho pode estar em guerra. Toda vez que nos omitimos, por medo da entrega; toda vez que insistimos em manter relacionamentos superficiais, sem responsabilidade, sem compromisso, recusando-nos a enxergar e respeitar o outro e a nós mesmos; enfim, toda vez que negligenciamos nossos verdadeiros sentimentos para nos mostrar aparentemente mais fortes, mais no controle da situação, mais poderosos na relação e na vida... estamos declarando guerra com o nosso coração.
Porque a guerra é isso: disputa de poder, falta de alternativa, o uso da força para tentar se impor. E no amor, somos peritos em tentar ser mais forte e mais poderoso que o outro, não porque sejamos pessoas más ou porque gostemos desse jogo que não nos leva a nada. Mas, simplesmente, porque temos medo!
Temos medo de ser traídos, de sermos enganados, de que não gostem mais de nós, de que nos troquem por outra pessoa, de que gostemos mais do outro do que ao contrário. Temos medo da rejeição, de perder uma liberdade ilusória (porque o amor verdadeiro nos deixa cada dia mais livres!), de investir mais do que o outro, de não estar no controle...
Temos medo de amar e, por incrível que pareça, muitas vezes entramos em pânico interno quando somos amados... porque não sabemos como lidar com a profundidade de nossos sentimentos. Não sabemos o que fazer quando percebemos que a possibilidade de dar certo existe de fato! Estamos acostumados com os problemas, com os obstáculos, com as “lutas” e os “massacres” que iniciamos silenciosamente contra o outro, anos após anos de relacionamento.
Criamos exércitos incansáveis e cheios de motivos para não baixar as armas e a guarda. Nos mantemos firmes e fortes, mesmo percebendo o quanto isso nos faz sofrer. Deixamos que nosso ego e nosso orgulho nos revista de uma impermeabilidade fria e impenetrável... e assim, nos julgamos protegidos, praticamente inatingíveis...
E, no entanto, quanto mais aprendemos sobre o amor, mais percebemos que a guerra declarada está destruindo a nós mesmos. Cada bomba que construímos e soltamos contra o outro, explode antes, dentro de nós mesmos.
Sugiro que façamos uma reflexão, aproveitando este triste momento em que vivemos. Uma guerra tão longe de nós, mas que nos atinge tão sobremaneira. Uma guerra da qual temos a sensação de não fazer parte, mas que está acontecendo num planeta onde nossas energias, pensamentos, palavras, intenções e atitudes fazem parte fundamental e, seguramente, influenciam ânimos e decisões.
Sugiro que baixemos nossas armas, recolhamos nossos soldados e levantemos nossa bandeira pela paz. Uma bandeira interna, talvez perdida no canto mais escuro e esquecido de nossos corações... e que possamos dar uma chance ao amor. Por mais que acreditemos que seja isso o que temos feito durante toda a nossa vida, tome isso agora como um “protesto amoroso”.
Faça amor, não faça guerra. Escolha o lado positivo das situações, elogie as atitudes do outro, perdoe os seus próprios enganos e as limitações da pessoa amada. Pare e olhe para todo o estrago que essa guerra interna já fez em seu coração, em sua alma, em sua vida... Baixe a guarda, solte os braços e abra-se para uma nova possibilidade de viver o amor!
Permita-se acreditar na sua reconstrução interna, dando espaço para menos ciúmes e mais conversa, menos brigas e mais carícias, menos expectativas silenciosas e mais elogios e exposição de sentimentos... Menos medo de sofrer e mais coragem de apostar na felicidade!