Fantasias que aproximam...
por Rosana Braga em Almas GêmeasAtualizado em 02/12/2005 12:06:38
Para algumas pessoas, fantasiar é proibido ou assustador demais para que consigam se dar esta permissão. Entretanto, fantasiar é humano e inevitável, além de bastante saudável, se encarado com naturalidade e consciência.
Há quem tente ignorar as suas, mas não existe quem nunca se viu mergulhado numa situação criada pela mente para ‘satisfazer’ algum desejo, seja ele oculto ou não. Dentre todas as fantasias, são as sexuais que mais provocam sentimentos de culpa, dúvidas e até medo de “perder o controle”.
Até dá para entender, já que vivemos numa sociedade castradora, com crenças limitantes em relação ao assunto e, especialmente, hipócrita. Hipócrita porque vemos muitas pessoas que preferem manter relações paralelas e escusas, causando - muitas vezes - sofrimento e dor a todos os envolvidos (inclusive a si mesmas), do que assumir seus desejos perante si mesmo e seu parceiro.
Se fossem vividas sem tantos tabus e tantos preconceitos, as fantasias poderiam evitar muitas situações de infidelidade, dando uma apimentada nos casamentos mornos e sem graça, onde a excitação já não encontra espaço.
Pra começar, vale lembrar que fantasiar não é o mesmo que realizar. O maior medo das pessoas recai sobre a impressão de que, ao se permitirem fantasiar, estariam se comprometendo a realizar o que foi fantasiado. Isso não é verdade.
Um casal ou uma pessoa pode fantasiar muitas experiências as quais nunca se tornarão reais. E, daí, poderiam se perguntar: então, para que fantasiar? Aí está o segredo: ao se darem permissão para criar, inventar e desenhar situações, é bem provável que o desejo seja satisfeito. Nossa mente é poderosa o bastante para produzir sensações corporais muito semelhantes às que sentiríamos se estivéssemos realmente vivendo determinadas situações.
Exatamente por isso que as revistas de mulheres nuas sempre fizeram e ainda fazem tanto sucesso entre os homens. Eles se sentem mais livres para vivenciar o prazer através da imaginação. Já algumas mulheres, embora estejam conquistando muitos espaços, inclusive na área sexual, ainda se sentem culpadas ou “traindo” seus parceiros quando se pegam fantasiando uma situação em que sintam excitação, desejo e todos os sentimentos decorrentes.
Quando os casais acolhem as fantasias um do outro, fica evidente o aumento da cumplicidade, da intimidade e da confiança. O que, antes, era sentido como ciúmes, desconfiança e até raiva, pode ser transformado numa gostosa brincadeira, em mais chances de alcançar o prazer em todos os sentidos.
É bastante comum surgir uma outra dúvida: qual é o limite? Até onde se pode fantasiar? Muito coerente tal questionamento, mas não existe uma única resposta que sirva para todos. Quando falamos sobre limites, é fundamental que cada casal converse sobre os seus, pois esta é uma medida muito pessoal.
O importante é que os dois estejam abertos e disponíveis para ouvir o que o outro tem a dizer, sem tanta repressão. A idéia é promover maior liberdade de expressão e não provocar a insegurança no outro. Deve ficar claro que o que for dito e demonstrado durante as relações não deverá ser exposto para outras pessoas nem usado como script para “escapadas” sem que o outro saiba.
Assim, sugiro maior entrosamento entre você, suas fantasias e o seu amor, certa de que o melhor é acolher em vez de fingir que não existe aquilo que, em princípio, nos é genuíno, porque quanto maior a pressão (ou a repressão) sobre o que deseja ‘sair’, maior será o estrago para quem estiver por perto!
Enfim, o mais inteligente é lançar mão desta criatividade para transmutar barreiras e aprender novas maneiras de conquistar a pessoa amada, lembrando que o incentivo e a prática das fantasias devem significar uma experiência lúdica e de amor e não uma brecha para o desrespeito, a libertinagem ou a promiscuidade.