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Não se deixe despedaçar por causa de uma relação!

por Rosana Braga em Almas Gêmeas
Atualizado em 16/04/2004 14:13:56


Estranho pensar num processo de despedaçamento da gente mesma, não é? Ainda mais quando esse processo se inicia em função de um sentimento que tem o intuito divino de juntar... Mas é justamente ao ato de se deixar desintegrar e se misturar ao outro que estou me referindo, porque essa decisão – geralmente tomada inconscientemente – é muito mais comum do que supomos.

Muitas vezes, quando entramos num relacionamento e passamos a enxergá-lo como “a razão” de toda a nossa felicidade; quando nos sentimos perdidamente apaixonados (no sentido literal da palavra) e apostamos todas as nossas fichas na possibilidade de estendermos ao máximo essa sensação que preenche os nossos dias, corremos o sério risco de não sabermos mais onde termina o outro e onde começamos nós.

Ou seja, na intenção de nos tornarmos parte da vida do outro, perdemos a noção do que é parte essencial nossa – seja qualidade ou defeito – e passamos a considerar o outro como o “centro” e a “causa” de tudo de bom (e também de ruim) que sentimos.

Assim, perdemos a preciosa oportunidade que o amor deveria nos proporcionar. Perdemos a chance de olhar para nós mesmos através do outro, mas tendo plena consciência de que a pessoa amada é, em última análise, a projeção de um amor que existe primeiro dentro de nós mesmos.

Porque amar outra pessoa e se permitir experimentar a intimidade é, acima de tudo, um convite à descoberta do que há de mais valioso em nossa própria essência. No entanto, quando acreditamos – equivocadamente – que o que vivemos é mérito ou “culpa” do outro, permitimos que essa relação comece a nos despedaçar. Começamos a nos tornar emocionalmente pedaços, partes desintegradas de nós mesmos; e, assim, já não nos reconhecemos mais. Não conseguimos mais ter a exata dimensão de até onde podemos ou queremos ir.

E nessa simbiose destrutiva, passamos a atuar em função do outro. Inevitavelmente sofremos, porque perdemos a única referência realmente válida: nosso próprio coração.

Se você se sente confusa e dolorosamente misturada à pessoa amada, eu sugiro que você comece a retomar o seu próprio centro. Isto é, concentrar-se em si mesma, em seus mais genuínos e pessoais sentimentos, a despeito do que o outro possa fazer diante deste resgate. Além disso, em princípio o objetivo nem é expressar tais sentimentos, mas apenas e tão somente reconhecê-los, aceitá-los e acolhê-los.

Depois, mais consciente de si mesma, creio que seja o momento de começar a se fazer presente, de fato, nesta relação. Somente assim, você poderá compreender a exata dimensão dos fatos, dos sentimentos e das razões que fazem com que você esteja ao lado dessa pessoa.

Reconhecer-se é ponto primordial e absolutamente fundamental para tornar construtiva e produtiva uma relação de amor. Caso contrário, você estará despedaçando-se dia após dia, literalmente se desfazendo em pedaços que perdem o sentido, que não complementam, que não justificam uma união. E, assim, deixa de ser plena, pessoa... e, sobretudo, amante.

Porque amante é aquele que exercita o amor... e pedaços não são suficientes. Amantes são inteiros que, humildes e sabiamente, emprestam-se como “metades” para dar vida ao amor do outro, mas sem nunca se misturar e se perder... Porque o amor é sempre um encontro, sem nunca ter saído à procura... um encontro singular de você consigo mesma, através da troca recíproca de dois corações transbordados de amor...


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Rosana Braga é Especialista em Relacionamento e Autoestima, Autora de 9 livros sobre o tema. Psicóloga e Coach. Busca através de seus artigos, ajudar pessoas a se sentirem verdadeiramente mais seguras e atraentes, além de mostrar que é possível viver relacionamentos maduros, saudáveis e prazerosos.
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