Não se deixe despedaçar por causa de uma relação!
por Rosana Braga em Almas GêmeasAtualizado em 22/02/2007 12:41:15
Estranho pensar num processo de despedaçamento da gente mesma, não é? Ainda mais quando esse processo se inicia em função de um sentimento que tem o intuito divino de juntar... Mas é justamente ao ato de se deixar desintegrar e se misturar ao outro que estou me referindo, porque essa decisão - geralmente tomada inconscientemente - é muito mais comum do que supomos.
Muitas vezes, quando entramos num relacionamento e passamos a enxergá-lo como “a razão” de toda a nossa felicidade; quando nos sentimos perdidamente apaixonados (no sentido literal da palavra) e apostamos todas as nossas fichas na possibilidade de estendermos ao máximo essa sensação que preenche os nossos dias, corremos o sério risco de não sabermos mais onde termina o outro e onde começamos nós.
Ou seja, na intenção de nos tornarmos parte da vida do outro, perdemos a noção do que é parte essencial nossa - seja qualidade ou defeito - e passamos a considerar o outro como o “centro” e a “causa” de tudo de bom (e também de ruim) que sentimos.
Assim, perdemos a preciosa oportunidade que o amor deveria nos proporcionar. Perdemos a chance de olhar para nós mesmos através do outro, mas tendo plena consciência de que a pessoa amada é, em última análise, a projeção de um amor que existe primeiro dentro de nós mesmos.
Porque amar outra pessoa e se permitir experimentar a intimidade é, acima de tudo, um convite à descoberta do que há de mais valioso em nossa própria essência. No entanto, quando acreditamos - equivocadamente - que o que vivemos é mérito ou “culpa” do outro, permitimos que essa relação comece a nos despedaçar.
Começamos a nos tornar emocionalmente como pedaços, partes desintegradas de nós mesmos; e, assim, já não nos reconhecemos mais. Não conseguimos mais ter a exata dimensão de até onde podemos ou queremos ir. E nessa simbiose destrutiva, passamos a atuar em função do outro. Inevitavelmente sofremos, porque perdemos a única referência realmente válida: nosso próprio coração.
Se você se sente confusa e dolorosamente misturada à pessoa amada, sugiro que você comece a retomar o seu próprio centro. Isto é, concentrar-se em si mesma, em seus mais genuínos e pessoais sentimentos, a despeito do que o outro possa fazer diante deste resgate. Além disso, em princípio o objetivo nem é expressar tais sentimentos, mas apenas e tão somente reconhecê-los, aceitá-los e acolhê-los.
Depois, mais consciente de si mesmo, creio que seja o momento de começar a se fazer presente, de fato, nesta relação. Somente assim, você poderá compreender a exata dimensão dos acontecimentos, dos sentimentos e das razões que fazem com que você esteja ao lado dessa pessoa.
Reconhecer-se é ponto primordial e absolutamente fundamental para tornar construtiva e produtiva uma relação de amor. Caso contrário, você estará despedaçando-se dia após dia, literalmente se desfazendo em pedaços que perdem o sentido, que não complementam, que não justificam uma união. E, assim, deixa de ser pleno, de ser íntegro e, sobretudo, amante.
Porque amante é aquele que toma atitudes e faz escolhas... e pedaços não são suficientes. Amantes são inteiros que, humilde e sabiamente, emprestam-se como “metades” para dar vida ao amor do outro, mas sem nunca se misturar e se perder... Porque o amor é sempre um encontro, sem nunca ter saído à procura... um encontro singular de você consigo mesma, através da troca recíproca de dois corações transbordados de amor...