O desencaixe que se encaixa!
por Rosana Braga em Almas GêmeasAtualizado em 21/12/2024 12:18:20
A casa não me cabe. A vida veste apertada. Algo no meu espaço está despedaçado. Falta sintonia entre o que canto fora e o que danço dentro. O desencaixe nunca fez tanto sentido.
É desconfortável, mas cheira esperança. É dolorido, mas arde para a cura. Não há harmonia no passo, nem destino conhecido para a direção seguida, mas intuo algum encontro no âmago desse desencontro.
A angústia faz companhia enquanto espero. A graça se desfaz no não saber. Os sentidos se desequilibram. Os prazeres estão insossos. Já não sei o que quero, nem tampouco o que não quero. Apenas sigo. Sorrio raso. À espreita de mim mesma. Desengonçada, desencaixada e sem nenhuma elegância na desestrutura.
Mas de algum modo torto, o enredo se desenrola certo. De algum jeito novo, o velho se despede lento. Em algum tom profundo, grito a voz que implora. E em algum trecho adiante da estrada, hei de florescer completamente outra. Totalmente encaixada no que outrora fora uma charada!
Porque quanto mais me descubro, mais me transbordo em enigma! E mais me encanto pela vida que, tão caprichosa, só faz sentido depois de vivida.