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Por que as mulheres traem cada vez mais?!?

por Rosana Braga em Almas Gêmeas
Atualizado em 20/09/2007 15:01:37


Rosana Braga concedeu esta entrevista ao site BOLSA DE MULHER, em outubro de 2005. Como o tema é cada vez mais atual, a autora revisou as respostas e publica aqui sua opinião sobre o assunto.

Você acredita que hoje em dia as mulheres estão traindo mais e sentem menos culpa quando fazem isso?
Rosana Braga
- É perceptível a mudança de comportamento das mulheres, sem dúvida. A independência financeira foi o primeiro passo. Agora, elas partem para o que pensam ser uma independência emocional. No entanto, eu entendo essa nova postura muito mais como uma tentativa de se “igualar aos homens”, no que se refere à liberdade de ter relações extraconjugais. Não sei se poderíamos generalizar os sentimentos, mas realmente não acredito que façam isso sem culpa, como se considerassem absolutamente normal. Talvez elas tenham uma espécie de sensação de que têm permissão para isso, já que os homens sempre fizeram. Mas ao mesmo tempo, sabem que sempre criticaram essa postura deles. A competição, neste caso, tem falado mais alto que o coração, certamente.

O que leva uma mulher a trair?
Rosana Braga
- As justificativas podem ser as mais diversas, baseadas em insatisfação na relação decorrente de pouco diálogo, ausência do marido, cansaço da rotina, dificuldades financeiras, diferenças nos desejos sexuais, entre outros. Entretanto, não acredito que os motivos reais sejam esses. O fato é que problemas existem em todas as relações. Ficar com outra pessoa ou não é escolha pessoal. A despeito dos problemas, algumas mulheres fazem esta escolha e outras, não!

O que geralmente essa mulher procura no outro?
Rosana Braga
- Eu realmente acredito que elas procuram algo que não estão encontrando em si mesmas. Isso não é um julgamento, absolutamente. Apenas uma maneira direta de analisar uma situação em que há mentiras, medos, insegurança, vazio, falta de confiança, ou seja, insatisfações não-resolvidas de ambas as partes.
Assim, o que as mulheres procuram ao se relacionarem com outro é a sensação de felicidade que tanto desejamos, todos nós. A sensação de preenchimento, de serem observadas, desejadas, queridas. Porém, infelizmente, raramente encontram alguma dessas ‘preciosidades’, já que há uma situação anterior como sombra. O que elas dizem, muitas vezes, é que procuram diversão, sexo, prazer... mas tenho conversado com muitas delas e o vazio continua latente, evidente. A tristeza não é resolvida. Tudo é muito efêmero, passageiro, fugaz.

Quais são as situações mais propícias para a mulher trair? Como ela costuma conhecer esse outro homem?
Rosana Braga
- Não dá para generalizar. Existem muitas situações que podem se tornar propícias, mas a verdade é que só há um motivo forte o bastante para que a mulher decida trair: sua escolha, sua decisão, ainda que inconscientemente.
Ela busca uma satisfação emocional que acredita que vai encontrar nesta relação paralela... e por isso, tenta! Ela conhece esse outro homem em qualquer lugar, quando quer conhecer... Não há situações predeterminadas.

É verdade que as mulheres disfarçam melhor a traição que os homens?
Rosana Braga
- As mulheres são mais cuidadosas e detalhistas de modo geral. Por isso, quando vivem uma situação delicada e, de certo modo, perigosa, tendem a tratar dos pormenores com muita cautela. Se levarmos em conta, ainda, que os homens são mais desligados, podemos concluir que eles descobrem a traição das esposas com mais dificuldade do que elas. No entanto, isso também não pode ser considerado uma regra. Existem homens muito sensíveis, que percebem a menor mudança de comportamento de suas mulheres e ficam atentos. Esses, geralmente, propõem conversas, perguntam, questionam, enfim, tentam saber o que está acontecendo.

O que a mulher costuma fazer depois de trair: ela tenta dar um jeito no relacionamento ou troca o parceiro pelo outro?
Rosana Braga
- Em geral, as mulheres ainda acreditam no amor, desejam ter um parceiro fixo, sentirem-se amadas e assumir um compromisso quando se envolvem emocionalmente. Por isso, o mais comum é que elas se dêem conta de que realmente precisam tomar uma decisão. Ou vão tentar salvar o casamento ou terminar de vez. Mas também há muitos casos em que a praticidade da relação traz comodidade e, por isso, essas mulheres preferem manter o casamento e a relação paralela, mas ainda assim não acredito que isso seja sinônimo de felicidade, por mais que elas tentem demonstrar que sim. Trocar o parceiro pelo outro não é tão simples quanto pode parecer, até porque é bastante comum o outro também ser casado. Ou seja, são duas histórias para serem desfeitas e isso traz confusões e tristezas bem maiores do que se pode imaginar, para todos.

A mulher que trai consegue separar o amor do sexo ou essa é uma postura tipicamente masculina?
Rosana Braga
- Diria que é culturalmente masculina, mas podemos considerar que as mulheres têm se esforçado bastante para se comportarem de modo masculino, nos últimos tempos. De qualquer modo, creio que tanto homens quanto mulheres, quando vivem situações dúbias, relações paralelas, não conseguem se sentir satisfeitos. É como escolher um doce de uma vitrine, comê-lo, mas olhando para o outro. Sem concentração, sem entrega, sem comprometimento, sem escolha de fato. É incompleto, não satisfaz. Resumindo: amor sem sexo ou sexo sem amor são igualmente parciais... e buscamos a totalidade numa relação afetiva.

Gostaria de acrescentar que não pretendo parecer moralista, pudica ou tendenciosa. Não acredito em vítimas e vilões, nem em traídos e traidores. Muito menos ainda em permissões que sejam somente para homens ou somente para mulheres. A vida e o amor estão além desses conceitos e desses extremos. São as escolhas que fazemos que vão determinar o quanto nos sentimos felizes e satisfeitos, mas não poderemos nos sentir felizes enquanto tais escolhas estiverem baseadas em mentiras, enganos, lágrimas e dores. Precisamos, sobretudo, ter coragem para assumir o que realmente desejamos e pagar o preço, sem traçar caminhos escusos para justificar nossa falta de coragem. Porque certamente, para algumas pessoas – sejam homens ou mulheres – é bem mais fácil viver uma situação paralela do que se dispor a sentar, abrir o coração, ouvir o parceiro e tentar, sem trapaças, sem defesas e sem tantas acusações, resolver a questão que está deixando espaço para fugas... Sei que não é fácil, mas se os dois se disponibilizarem, certamente haverá crescimento e amor, independentemente do que venham a decidir.



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Rosana Braga é Especialista em Relacionamento e Autoestima, Autora de 9 livros sobre o tema. Psicóloga e Coach. Busca através de seus artigos, ajudar pessoas a se sentirem verdadeiramente mais seguras e atraentes, além de mostrar que é possível viver relacionamentos maduros, saudáveis e prazerosos.
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