Repouso absoluto!
por Rosana Braga em Almas GêmeasAtualizado em 25/08/2006 12:45:37
Há algum tempo, escrevi um artigo que chamei de “Saindo da concha”. Nele defendi que, em certas ocasiões, a vida nos convida para uma exposição que, mais do que necessária, é como uma oportunidade de brindar o amor.
Este é um tempo de se mostrar, de mergulhar de cabeça naquilo que a gente sabe que quer, no sentimento que a gente consegue perceber tão bem, tão gritante e tão forte que o mais inteligente é não fugir e se entregar!
Porém, a vida é cíclica: assim como há um tempo de se expor e arriscar tudo em nome deste sentimento, também chega o tempo de se introspectar e recolher seu coração, ainda que o mesmo sentimento continue pulsando ou que você esteja na mesma relação.
O fato é que, em determinados momentos, a alma precisa de repouso absoluto! Talvez por alguns dias, meses ou até anos. Cada um é que sabe do tamanho do desgaste vivido e de quanto necessita se refazer e se reconstituir. Somente cada um pode avaliar o quanto foi se distanciando de si mesmo em nome do outro, o quanto foi perdendo a direção de sua própria vida em busca de respostas que não são as suas...
Além disso, estar em repouso é um ótimo estado para rever seus desejos e se questionar sobre o que realmente está fazendo de sua vida. Porque algumas vezes a gente simplesmente perde a referência e fica tão confusa que já não consegue perceber o que é que está buscando, para onde está indo, onde quer chegar.
Em princípio, “repouso absoluto” significa uma imobilidade física, um estado inerte do corpo, mas quando proponho repouso absoluto ao coração, falo de uma capacidade que todos nós temos de introverter, fechar os olhos para a recorrente confusão externa e abri-los para a alma, a fim de enxergar o que está obscurecido dentro da gente. Para tanto, precisamos de silêncio interior; precisamos, acima de tudo, de paz!
Porque o que nos conduz a esta necessidade é, geralmente, um encontro, uma relação ou um sentimento que nos rouba a tranqüilidade e consome nossa energia de modo tão nefasto que o que sobra é angústia, aflição e cansaço. E então chega o tempo de nos acolher e, afetuosamente, recolher os pedaços que fomos deixando ao longo do caminho.
Claro que isso não significa negar a vida e se abster do riso e da alegria que podem ser experimentados a qualquer tempo. Há muitas maneiras de estar em repouso, ainda que seja rodeado de amigos e pessoas queridas. Ninguém precisa se trancar no quarto ou viajar para uma montanha do Nepal para oferecer ao próprio coração o mínimo de paz necessária para se recompor.
Mas, sobretudo, é preciso estar só por alguns instantes. É preciso se permitir o descanso, a entrega a si mesmo, até que se consiga perceber quais são os sentimentos que te fazem bem e quais os que te fazem mal. Mais do que isso, descobrir o quanto vale a pena continuar investindo num sentimento quando não há troca!
Afinal de contas, um coração precisa de reciprocidade para completar a dinâmica que nos torna inteiros e felizes de verdade: amar e ser amado!