Um drops por um coração!
por Rosana Braga em Almas GêmeasAtualizado em 16/12/2005 12:36:05
Já estamos cansados de saber que um dos maiores (senão o maior!), problemas das relações, e especialmente dos relacionamentos amorosos, está na comunicação. E esta não é uma denúncia somente à falta de comunicação, mas principalmente à comunicação distorcida e parcial.
Ou seja, um fala, mas o outro não escuta; ou ainda, um não fala e o outro tira conclusões sobre este silêncio, mas também não expõe o que está concluindo. Tem também aqueles que falam e o outro escuta como lhe convém, interpretando de forma ofendida, rancorosa e unilateral. Tem de tudo, mas raros são os que se mostram por inteiro, sem parcialidades e conveniências, numa reciprocidade delicada e divina.
Enfim, por mais que saibamos que não há relações sem diálogo, ainda impera a indisponibilidade de ouvir com interesse e desejo sincero de falar para resolver, para encontrar soluções amigáveis e construtivas.
Porque conversar quando o intuito é seduzir, conquistar e encantar o outro é bem fácil. Entre sorrisos, elogios e confissões, arma-se a tenda do amor e o espaço surge. Tudo é possível e a paixão acontece. Mas quando o que está aflorado são os sentimentos que angustiam, as conversas se tornam quase como um castigo, uma penitência.
Daí o resultado: não há espaço para que os corações se encontrem e tudo se transforma numa briga afiada entre egos, orgulhos feridos e disputas, como se o amor fosse uma guerra onde precisa sobrar um vencedor e um derrotado. Ledo engano; o que sobram são dois derrotados e infelizes.
É hora de soltar a voz; de entendermos que quem fala é forte, quem se mostra é corajoso, quem se expõe é equilibrado. Está mais do que na hora de derrubarmos os muros de defesas que construímos e nos mostrarmos como estamos neste momento.
O amor estremeceu? Fale! O amor aumentou? Fale! A relação está difícil demais, causando sofrimento e insegurança? Fale! E se você é o outro, escute, por favor. A vida é isso, só isso: receber aqueles com quem nos relacionamos, acolher o humano que existe em cada um.
Esta é uma ótima época para isso. Seja por conta do Natal, seja por causa de mais um ano que termina ou pela esperança que o novo nos traz, este é um tempo especial, uma ocasião de mais sensibilidade e disponibilidade para revermos nossas atitudes e recomeçar nossas vidas de um outro jeito.
Peça perdão; dê perdão, perdoe a si mesmo. Diga que ama, diga que não ama, mas seja autêntico, para dar ao outro a chance de fazer novas escolhas. Reflita sobre estes versos da música “Sangrando”, de Gonzaguinha:
“Quando eu soltar a minha voz
Por favor, entenda
Que palavra por palavra
Eis aqui uma pessoa se entregando
Coração na boca, peito aberto
Vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida
Que eu estou cantando”...
E quando abordar o outro se tornar difícil demais, proponho que vocês combinem entre si uma “doce estratégia”. Considerando que os confeitos são símbolos de afeto, ofereça um drops (ou um bombom, como preferir) e isso significará: “acolha meu coração, pois desejo acolher o seu, numa chance de encontrarmos a solução que mais nos faça felizes”.
E assim, de palavra em palavra, que você possa aprender a construir o amor, ainda que a relação venha, um dia, terminar...