Você se considera racional ou emocional demais?
por Rosana Braga em Almas GêmeasAtualizado em 08/04/2020 11:35:12
Vira e mexe, ouço alguém se declarando racional demais. Por isso, segundo o próprio declarante, tem dificuldade de se entregar, de se apaixonar e de viver um relacionamento profundo, intenso e longo. A crença mais forte deste tipo de gente é de que o fato de ser racional demais o impede de entrar em contato com seus sentimentos. E, consequentemente, de vivê-los e demonstrá-los.
Já um outro alguém aproveita o rumo da prosa pra se definir como emotivo demais. Justifica sua dificuldade de lidar com o amor exatamente por agir de modo impulsivo, considerando seus sentimentos com muita intensidade. Segundo este fulano, o problema é demonstrar e sentir demais, sem levar em conta os pensamentos, ou melhor, a razão.
Posso até concordar que a maioria das pessoas, especialmente as mais conscientes do que querem da vida, estão em busca do equilíbrio. O caminho do meio é mesmo uma boa dica. Porém, alguns esclarecimentos podem evitar tempo perdido e justificativas que não ajudam e não levam a lugar algum. Pelo menos não a um lugar melhor ou mais equilibrado.
Declarar-se demasiadamente emotivo ou racional é somente mais um modo de se desculpar pelos desequilíbrios e tentar justificar uma única realidade: medo! Sim, quem acredita que pensa demais e por isso não se entrega... e quem acredita que sente demais e por isso não sabe fazer escolhas tem apenas um motivo para adotar essas posturas radicais: medo. De si mesmo. De arriscar. Medo de agir, simplesmente porque não têm certeza.
A questão é que ninguém tem. E, no final das contas, somos todos emocionais. Agimos e reagimos a partir de nossas emoções. E quanto mais nos agarramos a conceitos ou a definições estanques, mais essas emoções são efêmeras. Mais elas se tornam rasas. Descartáveis. Porque o que sustenta essas emoções é o medo! E é este que precisa ser calibrado.
Veja! Medo é fundamental. Faz parte. Não pode ser excluído nem ignorado. Ele nos mantém atentos, acordados, presentes, vivos para o que está acontecendo. Mas quando é demais, torna-se paralisante. Vira armadilha. E daí o sujeito se acha racional ou emocional demais. Porque assim parece menos covarde. Parece traço de personalidade. Parece alheio à própria escolha. Nunca é!
Se pensamos demais ou se sentimos demais é por conveniência. Em última instância, conveniência inconsciente. Mas continua sendo conveniência. E se você quer, de verdade, encontrar seu ponto de equilíbrio, sintonizar sentimento e razão, aprender a fazer escolhas e a viver o amor feito gente grande, mesmo sem ter certezas e garantias, então, é bom começar a assumir que suas autodefinições têm sido convenientes, por piores que pareçam.
Só assim, com essa vontade assumida e posta em prática, é que dá pra abandonar as crenças limitantes e começar a viver a partir de um passo de cada vez. A partir do aqui e agora, hoje, neste momento. A partir do que é e do que está por vir. E não do que já foi e nem existe mais. Do que não faz sentido. Do que não faz você feliz.