Astrologia e Astronomia nunca vão se entender?
por Graziella Marraccini em AstrologiaAtualizado em 08/04/2020 11:34:55
Os meus leitores certamente acompanharam nestas ultimas semanas a polêmicas sobre o 13º signo, matéria publicada pela Scientific American e 'copiada' pela revista Veja. Há duas semanas publiquei um artigo sobre este assunto, mas ao que parece a polêmica ainda não terminou, já que sempre haverá algum astrônomo que irá procurar ridicularizar a Astrologia valendo-se do 'saber da ciência'! No meu artigo sobre o Ophiocus, a 13ª constelação, (e não signo astrológico) procurei dar uma explicação bem científica sobre o assunto (até mesmo para demonstrar que astrólogos, em geral, não são leigos em astronomia). É bem verdade que nem todos os astrólogos têm como base a astronomia, mas um pouco de conhecimento astronômico certamente não faz mal a ninguém. Confesso que o artigo em questão pode ter parecido longo e difícil e é bem verdade também que o 'astrologês' é por vezes bastante complicado de se entender e por isso podem ter ficado duvidas sobre o assunto, já que continuo recebendo e-mails me pedindo esclarecimentos. Costumo responder que os signos astrológicos, apesar de terem como base as constelações, não correspondem exatamente a estas, pois a interpretação astrológica dos signos é uma disciplina diferente, que procura 'ler os sinais dos astros' e interpretá-los com base principalmente em mitos, em arquétipos.
"A astrologia está calcada nos mitos e os mitos são a revelação da história oculta e sagrada da humanidade".
Nos e-mails que circularam no meio astrológico esta semana, uma frase me chamou a atenção: "A diferença entre a história e o mito é que o mito é sempre verdadeiro". Como dizia Joseph Campbell em 'O poder do Mito', a humanidade precisa de mitos e todas as culturas possuem os seus. Lembro também que na antiguidade não havia divisão entre essas duas disciplinas. Foi somente a partir do século 19 que astrólogos e astrônomos se dividiram: a visão mecanicista do universo prevaleceu sobre a visão mais mística que levava o homem a dialogar com Deus através dos astros. Do mesmo modo a ciência, ao longo dos séculos, divergiu em outras disciplinas e até mesmo a medicina atual acabou esquecendo que o homem não deve ser examinado em partes distintas uma das outras, mas como um ser holístico, onde todas as partes são integradas entre si. Já comentei sobre esse assunto em vários temas de Astromedicina, que podem ser encontrados no meu site pessoal. Em 12 de fevereiro de 1995, a revista da Folha publicou um artigo com o mesmo titulo da Veja, "Guerra nas Estrelas", onde relatava que uma astróloga inglesa (não me lembro o nome) havia 'descoberto' uma 13ª constelação e desafiava os astrólogos a mudarem o zodíaco para acrescentar um 13º signo! Como podem perceber, o assunto não é novo. Ora, constelações não se descobrem: elas existem em número de 89, espalhadas por toda a abobada celeste. São formadas por grupos de estrelas que aparecem próximas umas das outras no céu (mesmo que a milhares ou milhões de anos-luz de distância) e que, quando 'conectadas', formam a imagem de um animal, de um objeto ou de seres fictícios! De onde os antigos tiraram estas figuras? Da mitologia, ou seja, dos mitos. Algo que os cientistas certamente desprezam. O que é mito? É uma narrativa de caráter simbólico, relacionada a uma dada cultura. O mito procura explicar a realidade, os principais acontecimentos da vida, os fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem, por meio de deuses, semi-deuses e heróis. Estes seres, que dão o nome às constelações, não são, portanto, 'científicos' e sim parte do imaginário coletivo! No entanto, todas as culturas valem-se deste artifício: chineses, indianos, maias, todos desenvolveram magníficos zodíacos, cada qual com seus animais e suas figuras mitológicas!
E o que fazem os astrônomos (nem todos, é verdade)? Perdem seu tempo com celeumas destinadas a excitar a mídia e a criar confusão com os astrólogos. Até roubaram de Plutão sua qualidade de planeta para rebaixá-lo ao status de 'planeta-anão'! Porém, recentemente (Folha - Ciência - de 17 de janeiro de 2011) o mesmo astrônomo americano, Michael Brown, descobriu que o planeta chamado Éris, que causou o rebaixamento de Plutão, não é maior do que este, como eles pensavam. Portanto, Plutão poderia voltar a ser considerado um planeta. E Éris, o que seria, então, mais um planeta-anão? Alias, Éris, na mitologia grega era a Deusa da Discórdia. Bem apropriado, não é mesmo?
E o que tudo isso importa para os astrólogos? Nada.
Caros leitores, vamos então sintetizar.
O zodíaco, apesar de ter como base as constelações, é um método interpretativo simbólico e a divisão do circulo zodiacal em 360º permite que cada signo tenha 30º, mesmo que as constelações sejam maiores ou menores do que estes 30º. Algumas 'invadem' até mesmo o signo vizinho! Dividimos então o circulo zodiacal em 360º e posteriormente subdividimos em 4 partes que se repartem novamente em 3 elementos cada uma. Deste modo temos as quatro estações do ano que têm seu início no momento em que o Sol cruza a linha do equador celeste no Ponto vernal, a 0º de Áries. Vejam na figura ao lado. Portanto, para a Astrologia, todo esse clamor não importa, pois mitos não mudam, já que são baseados nos arquétipos da humanidade. Tenham certeza de que no atual estagio de evolução em que nos encontramos, ainda não temos melhor classificação para a tipologia humana do que aquela que nos ensinou esta disciplina milenar chamada Astrologia! Fique tranqüilo, Escorpiniano, seu regente ainda é Plutão, e seu signo não mudou, como também não mudaram os outros signos e seus regentes!
Para finalizar, vou fazer uma comparação: quando você vai num Pai de Santo e ele lhe diz que você pertence a tal ou tal Orixá, o que ele está querendo dizer? Que este Orixá (energia manifestada) rege sua vida? Não. O que ele quer dizer é que a sua energia e aquela deste Orixá (que pertence à mitologia africana) são análogas, se exprimem e se manifestam da mesma forma! Bem, é isto que acontece com os signos e os planetas. Espero que este artigo tenha ampliado a compreensão do leitor e que tenha ajudado a dirimir duvidas sobre o tema.
Aguardo seus comentários. Escrevam e compartilhem seus pensamentos.
Agradeço a Deus por estar me sentindo cada vez mais útil como um instrumento de Sua Sabedoria. Desejo a todos uma semana cheia de Luz, Paz e Harmonia.
São Paulo, 4 de fevereiro de 2011