Ceres: regente de Virgem?
por Graziella Marraccini em AstrologiaAtualizado em 25/08/2006 12:47:37
Ceres: regente de Virgem?
Na semana de 23 de agosto a revista Veja trouxe um belo artigo sobre os novos corpos celestes que foram elevados a status de planetas pelos 2.500 astrônomos reunidos em Praga. A União Astronômica Internacional estabeleceu novos critérios para classificar um planeta: a definição tradicional de planeta como nós a estudamos não existe mais. A nova definição define que qualquer corpo celeste que se move na órbita de uma estrela e não é satélite de outro planeta, possuindo uma massa própria suficiente para que a sua própria gravitação o torne esférico e um diâmetro mínimo de 800 km. pode ser considerado um planeta.
Assim, alguns corpos celestes que até então eram considerados asteróides acabam de ganhar uma ‘promoção’. Ceres é um deles e é o mais próximo do Sol, já que está colocado entre o planeta Marte e o planeta Júpiter. Como a astrologia encara essas mudanças? Os astrólogos precisariam mudar os conceitos milenares da astrologia tradicional para se adaptar a essa mudança?
Eu creio que a astrologia, como todas as ciências, é baseada em observações, deduções, estatísticas e como tal deve se adaptar e mudar com os tempos. Mas, antes de aceitar qualquer objeto celeste como sendo um planeta, é importante compreendermos como funciona o conceito da astrologia. Para um astrólogo o céu é um modelo representativo de uma Lei Maior, baseada no princípio de que o “O que está embaixo é como o que está em cima”; assim se algo novo acontece lá em cima, aqui em baixo devemos considerar o seu reflexo em correspondência. (Leiam as Leis Herméticas no site). A humanidade recebe as influências astrais à medida que toma conhecimento delas. De fato, na antiguidade, os planetas transaturninos (além de Saturno) não eram visíveis a olho nu e o modelo astrológico, apesar de conter os 12 signos do zodíaco considerava como regentes somente os 7 planetas conhecidos. Então, dirão vocês, eles estavam errados? Não. O fato é que a humanidade não estava ‘madura’ para receber as influências desses planetas (Urano, Netuno e Putão). Os povos viviam confinados, cada um no seu pedaço de terra e se conectavam uns aos outros somente quando iam em busca de alimentos. Mas a sua descrição - enquanto Deuses - já existia no modelo cosmológico elaborado pelos Gregos.
Assim, à medida que a humanidade foi evoluindo e teve acesso às energias mais sutis e coletivas desses planetas mais longínquos ele foi avistando esses planetas, ampliando dessa forma os seus conhecimentos universais e percorrendo o caminho da evolução. Os astrólogos consideram Urano, Netuno e Plutão planetas coletivos por sua influência abrangente e figuram como co-regentes dos signos de Aquário, Peixes e Escorpião, respectivamente.
Aos 7 planetas, além dos dois luminares - Sol e Lua - eram atribuídos dois signos. Assim, Mercúrio regia Gêmeos e Virgem, Vênus regia Touro e Balança, Marte regia Áries e Escorpião, Júpiter regia Peixes e Sagitário e Saturno regia Capricórnio e Aquário. À medida que foram descobertos os outros planetas com a ajuda de potentes telescópios, os astrólogos foram lhes atribuindo a regência dos signos que pareciam se encaixar melhor nas suas qualidades conforme descritas nos textos mitológicos. Mesmo a Cabala mudou ao longo dos séculos. O estudo da Arvore da Vida vai se adaptando à medida que a humanidade evolui ‘para cima’ e acrescenta as esferas (Sefiroth) quando estas se apresentam aos nossos olhos, nos indicando que essa nova energia passará a fazer parte de nossa vida.
E agora, voltemos ao mito de Ceres. Ceres para os romanos ou Demeter para os gregos (e também chamada de Géa) era a Mãe-Terra que alimentava seus filhos com seus produtos. É deste nome - Ceres - que deriva a palavra cereal, produto principal da terra na época em que o homem iniciou a era agrícola. Demeter, ou Ceres, tinha uma filha, Proserpina, ou Perséfone, que vivia nos campos a colher flores e a embelezar-se e que foi raptada por (Vejam no site o artigo sobre O Equinócio da Primavera, de 22 de setembro de 2005 - Link no final do artigo.) Plutão(*). Ao perder a filha, Ceres enlouqueceu de dor, se vestiu de preto e começou a vagar em busca de sua filha querida. Acabou chegando em Eleusis, um pequeno lugarejo perto de Atenas. Ali ela viveu humildemente, quase sem comer e amargando sua tristeza. A Terra então secou e os homens viveram um período de miséria nunca antes visto. Por sua bondade e sabedoria, Ceres (sem ser reconhecida) foi chamada para cuidar de um pequeno príncipe na corte da rainha de Eleusis. Um dia, para tornar imortal o pequeno príncipe, ela começou uma cerimônia de purificação pelo fogo, mas foi surpreendida pela rainha. Então, para não ser banida da corte, chorando, revelou sua verdadeira identidade de Deusa da Terra e contou que sua dor era a causa da aridez e da carestia pela qual a terra estava passando e que estava matando homens e animais. Zeus ouviu os prantos de Ceres e interveio ordenando a Plutão de devolver a filha Perséfone à sua querida mãe. Mas Plutão acabou fazendo um acordo: devolveria a filha à mãe durante seis meses e a guardaria para si os outros seis meses. Ele explicou que não poderia viver sem ela! É desta forma que os gregos explicavam as estações do ano, o ciclo fértil e o ciclo árido da terra ligado às mudanças climáticas.
Existe nessa lenda uma analogia evidente com a semente de trigo. No hemisfério norte o plantio dos grãos de trigo é iniciado no mês de setembro, após a canícula de agosto. A semente ficará adormecida sob a terra gelada durante todo o inverno e finalmente renascerá na primavera. O trigo foi e continua sendo um dos principais alimentos da humanidade, e a imagem que representa o signo de Virgem é aquela de uma moça com um feixe de trigo nos braços.
No dia 23 de agosto de 2006 a Lua se juntou ao Sol exatamente a 0°30’ de Virgem. No momento em que o Sol ingressava no signo, a Lua foi juntar-se a ele no fenômeno chamado de Lua Nova.
O ingresso do Sol em Virgem aconteceu às 03:22 h do dia 23 de agosto no Brasil, Hora oficial. Creio que não seja mera coincidência que se esteja falando dessa Deusa mitológica justamente nessa semana! Nunca como agora a Mãe-Terra precisou de nossa atenção! Existe gente demais morrendo de fome ou passando fome, enquanto a terra fica cada vez mais árida e não consegue produzir os alimentos como poderia, porque os homens, em sua estupidez e cegueira, estão destruindo o bem mais precioso que possuem! O signo de Virgem é atualmente regido por Mercúrio e realmente devemos continuar a considerá-lo como regente. Os virginianos possuem um ótimo raciocínio lógico, uma enorme capacidade de aprendizado e especialmente traduzem esse aprendizado em serviço. Os virginianos são geralmente pessoas devotadas, trabalhadoras, verdadeiras formiguinhas da natureza, sempre prontas a ajudar os outros, seja no trabalho que em casa, onde conseguem agüentar mesmo a rotina mais enfandonha. É difícil não encontrar na casa de uma virginiana uma toalhinha de crochê sobre a mesa, ou uma rendinha enfeitando as prateleiras impecáveis dos armários. Os virginianos são sobretudo pessoas de bom senso e com um incrível senso prático. Mas eles, como Ceres, se entristecem se seu trabalho não é reconhecido! E, como Ceres, muitas vezes são privados de seus filhos! De fato, o signo de Virgem é considerado estéril pela astrologia tradicional e muitas vezes os virginianos são chamados a cuidar dos filhos dos outros. As estatísticas indicam o ensino como uma das principais profissões dos virginianos.
Será que o mito de Ceres se adaptaria então à co-regência a esse signo? Fica aqui uma questão a ser estudada pelos astrólogos. Eu acredito que sim.
Essa semana iremos refletir então sobre a Mãe-Terra e nos perguntaremos: O que eu estou fazendo para ajudar Ceres? È esse o tipo de mundo no qual quero continuar a viver? O tipo de mundo onde quero que meus filhos vivam? Vamos então começar desde já a plantar nossa pequena semente de trigo para que possamos na próxima estação colher um enorme feixe capaz de alimentar a todos os famintos da Terra. A prosperidade se constrói grão a grão. A palavra Prosperidade não seria ligada etimologicamente ao nome de Proserpina?
O Gênio Cabalístico que rege essa semana é Veluhiah, o 43° Gênio da Cabala. Seu salmo é o 87º. Rezemos bastante para que ele nos ajude a fazer reviver o solo para que nunca falte alimento à nossa mesa e para que a prosperidade esteja sempre presente em nossas vidas.
Na próxima semana estarei comentando as conclusões dos astrônomos sobre Plutão, Caronte e Xena
Uma boa semana a todos.