Maio de 1968: o céu explica?
por Graziella Marraccini em AstrologiaAtualizado em 15/05/2008 19:28:50
Neste mês muito se tem falado dos acontecimentos ocorridos em Maio de 1968, ponto culminante e estopim dos acontecimentos que no mundo todo iniciaram uma verdadeira revolta contra a ordem estabelecida, revolta essa encabeçada por estudantes e jovens do mundo todo à procura de uma nova sociedade.
1968 começou com a grande ofensiva do Teth (no Vietnã). Naquele período as forças norte-vietnamitas começaram os ataques surpresa a centenas de cidades do sul do Vietnam, entre elas Hué e Saigon, onde se encontrava o poderoso Quartel-Geral do exercito norte-americano. A ofensiva surpresa causou comoção na opinião pública mundial - e principalmente americana - e acabou por desacreditar o governo do presidente Lyndon Johnson (1963-1969). Naquele momento o mundo percebeu que os EUA poderiam perder a guerra por causa da guerrilha que desafiava o poder bélico americano.
O movimento ’22 de março’ na Universidade de Nanterre, na França, começou a agitar o meio estudantil que questionava o ensino tradicional, clamando maior liberdade de expressão dentro das universidades francesas. Em abril, foi assassinado nos Estados Unidos o líder negro e prêmio Nobel da Paz, Martin Luther King. Esse fato desencadeou uma grande onda de protesto em todos os Estados Unidos, com manifestações que atingiram até mesmo a capital, Washington.
Em maio, a explosão: A agitação universitária se transformou pouco a pouco em insurreição, e na madrugada do dia 10 de maio, o Quartier Latin (bairro estudantil que abriga a Universidade Sorbonne) amanheceu com barricadas formadas pelos paralelepípedos que os estudantes haviam arrancado das ruas. Os confrontos entre a polícia especial de repressão (os famosos CRS) e os estudantes se repetiram ao longo dos dias, sempre com muitos feridos e muita destruição. Naquele famoso maio eu estudava na Sorbonne fazendo um curso complementar (de Culture et Civilization Française) ao Curso de Professorado de Francês que estava terminando na Alliançe Française de Paris. É claro que eu, como estrangeira, me sentia alheia àquele tumulto todo, e nem estava interessada nas reivindicações dos estudantes parisienses, mas aquele movimento rebelde acabou me afetando, mesmo porque eu havia saído do Brasil recém casada, logo após o Golpe de 1964, quando já havia experimentado aqueles atos de repressão nas ruas. Uma greve geral lançada no dia 13 do mesmo mês paralisou o país. Uma sensação de insegurança se apoderou de todos aqueles que haviam encontrado na França um sólido refugio. Ao mesmo tempo, nos EUA, uma agitação de protestos contra a contra a Guerra do Vietnã (1959-1975) se instala nos campi universitários, e a agitação do maio parisiense se estendeu também a outros países como: Itália, Alemanha, Brasil, Turquia e Japão. A repressão foi enorme naquele período, houve mortos e feridos no mundo todo. Em junho daquele mesmo ano, outro evento violento assombrou o mundo: Robert Kennedy, irmão do Presidente John. F. Kennedy também foi assassinado nos Estados Unidos.
Será que o céu explica os acontecimentos daquele tumultuado período mundial?
As transformações políticas e sociais são marcadas, em astrologia mundial, pelos movimentos cíclicos dos planetas Urano, Netuno e Plutão, principalmente. Os planetas lentos são considerados coletivos ou ‘transpessoais’ em astrologia, pois agem no longo prazo e sua ação abrange inteiras gerações, transformando as sociedades e os povos. As configurações celestes tensas de que falamos iniciaram muito tempo antes de 1968, pois os ciclos dos planetas lentos são longos e as influências que eles provocam evoluem lentamente ao longo todo tempo. São os aspectos dos planetas mais rápidos os causadores dos chamados ‘trânsitos de disparo’, que estimulam o aspecto lento, fazendo pipocar aqui e acolá, no mundo todo, as ocorrências com qualidades inerentes aos eventuais signos em que se encontram.
Plutão e Urano transitavam em Virgem desde 1962, e é neste signo que encontramos o Sol do mapa da Independência do Brasil. Portanto, a conjunção desses dois planetas também foi responsável pelas perturbações políticas ocorridas no Brasil e que culminaram no Golpe de Estado no Brasil, em 1964. O ano de 1966 também foi perturbado mundialmente, especialmente pelo recrudescimento da guerra do Vietnam que havia começado em 1959, mas que envolveu os EUA a partir de julho de 1964 (Ela terminaria somente em 1975). Plutão (último planeta reconhecido do nosso sistema solar até então) tem analogia com a ação de controle, com as ações radicais, com a transformação ou transmutação, com os atos de extremismo, com o desequilíbrio social, e possui uma ação bastante destruidora em nível coletivo, indicando sempre ações de destruição em larga escala, que provocam ampla mortandade. Urano, por sua vez, estimula as mudanças radicais, os atos de rebelião e provoca desestruturação e destruição destinadas a recriar uma nova ordem social, política ou econômica. Os dois planetas agem em conjunto somando sua ação específica, acumulando sua força destruidora e ao mesmo tempo renovadora, em qualidade e quantidade diferente. O signo de Virgem, sexto signo zodiacal (onde eles se encontravam), corresponde ao mundo subalterno, à classe operária, aos servidores públicos, tem analogia com o trabalho, com as obrigações domésticas, com a rotina e a ordem estabelecida. Mas voltemos a Maio 1968: outros planetas se envolveram naquela configuração astral: Saturno se opôs a Urano, primeiramente em outubro e novembro de 1967, causando uma repressão ao movimento revolucionário incipiente, e posteriormente, em maio, quando Júpiter se opôs a Netuno.
Sabemos que Netuno é o planeta dos sonhos, dos ideais, e que Júpiter provoca expansão. Entre abril e maio, Marte, em trânsito de disparo no signo de Gêmeos, formou uma oposição com Netuno, e uma quadratura com Júpiter (ambos aspectos tensos) e Netuno (o planeta dos sonhos!) estava em conjunção com a Lua Cheia! Por analogia, então, podemos concluir que a Lua Cheia movimentou as massas estudantis que, procurando a realização de seus ideais, se rebelaram contra a ordem estabelecida. A Lua em astrologia mundial é relacionada com as massas e, com o povo: pronto, o gatilho disparou, os estudantes (Mercúrio e Marte em conjunção) iniciaram os movimentos rebeldes (Urano) a fim de reivindicar uma nova ordem social (Plutão) onde realizar seus sonhos em busca de um novo futuro (Netuno). È claro que é sempre mais fácil analisar os aspectos celestes ‘a posteriori’, e quando fazemos previsões para o futuro somente podemos nos embasar em nosso conhecimento de eventos parecidos já ocorridas no passado. O astrólogo, que prevê rebeliões, tragédias, ou mesmo acontecimentos favoráveis, trabalha praticamente sobre essas coordenadas que, ao longo de centenas de anos acabam servindo de base de estudo. No entanto, as ações nem sempre se repetem da mesma forma, pois a terra está em constante evolução e os acontecimentos nunca serão idênticos ao passado, mas somente análogos!
Para encerrar, gostaria de dizer que até mesmo em nossa vida esses ‘movimentos revolucionários’ acabam trazendo benefícios no longo prazo: Os momentos particularmente perturbados de nossa vida podem servir para que façamos uma transformação profunda em nossas convicções, e essa transformação abrirá para nós uma nova realidade, mais ampla, mais abrangente e certamente, mais benéfica. E, como todas as revoluções têm seu preço, precisamos, antes de tudo, de um grande poder de adaptação e precisamos abrir mão das coisas conquistadas, da ordem já estabelecida, pois o novo não virá se não lhe abrimos o espaço! Leiam no meu site pessoal mais artigos sobre Plutão e Urano e sobre os outros planetas.
Uma boa semana a todos,
São Paulo, 12 de maio de 2008