O Sol ingressa no signo de Áries
por Graziella Marraccini em AstrologiaAtualizado em 19/03/2004 15:38:11
dia 20 de março e 2004, às 04:48 Hs., Hora legal de Brasília.
Esse momento marca, para o nosso país, o início do novo Ano Solar. O Ano Solar nada tem a ver com o ano do nosso calendário Gregoriano, (que faz o ano iniciar em 1º de janeiro), mas é baseado no real caminho que o Sol percorre durante doze meses ao longo da Esfera Celeste.
Mas nem sempre o Ano Solar começa no mesmo dia e na mesma hora. Isso é devido ao fato do Sol não fazer o seu caminho num tempo que corresponde exatamente aos 365 dias do calendário oficial. Dessa forma ele ‘se desloca’ alguns graus para frente a cada ano, mudando o momento em que ingressa em cada signo zodiacal. É muito comum então que uma pessoa não faça aniversário no mesmo dia e hora legal em que o fez no ano anterior. O verdadeiro aniversário acontece no momento exato em que o Sol volta no mesmo grau em que se encontrava no momento do nascimento da pessoa. Este momento é chamado na Astrologia de Revolução Solar, e indica que o Sol fez uma revolução completa pelos signos zodiacais para voltar no mesmo lugar em que se encontrava no ano anterior. Salientamos que isso pode não acontecer no mesmo dia e nem na mesma hora legal. Isso varia bastante de ano para ano (especialmente nos anos bissextos) e também conforme a longitude e a latitude do lugar.
O movimento convencional do Sol não acontece sempre com a mesma velocidade (passa de um mínimo de 0º 57’ 59’’ a um máximo de 1º 0’ 51’’) de forma que o ingresso do Sol num signo não acontece sempre na mesma data. Esta é a razão pela qual, para levantar o Mapa Natal é necessário conhecer a hora exata do nascimento. De qualquer forma, os nascimentos que acontecem entre um signo e outro, acabarão dando ao nascido as características dos dois signos. Alguém que nasce no dia 20 de março próximo às 02hs00 da madrugada ainda terá o Sol em Peixes. Mas quem nascer uma hora depois já terá o Sol em Aires!
Para voltarmos ao Ano Solar, tampouco o Sol ingressa a 0º de Áries todos os anos no mesmo momento exato do ano anterior. Devemos lembrar sempre que a Astrologia teve sua origem no hemisfério norte, e portanto o estudo astrológico possui bases e arquétipos baseados naquele hemisfério. Assim, o início do Ano Solar também marcava o início da Primavera naquele hemisfério, ou seja, a estação do ano em que a Terra recomeçava a dar sinal de vida, após os longos meses do inverno. Na realidade, nesse momento o Sol abandona o Hemisfério Sul para, em seu caminho na direção do hemisfério norte, seccionar o Equador Celeste. Esses dois Pontos Celestes em que ele corta o Equador (na ida e no retorno do Sol ao Hemisfério Sul) são chamados de Pontos Equinociais. Um acontece a 0º de Áries, (que é também chamado de ponto vernal) e outro a 0º de Libra. Assim, 0º de Áries marca o início da Primavera no Hemisfério Norte e do Outono no Hemisfério Sul.
A esse propósito queria lembrar o mito que deu origem às estações do ano.
É o mito que era celebrado na Antiga Grécia com as Iniciações de Eleusis. Conta a lenda que Demeter, a Mãe Terra, tinha uma filha, chamada Perséfone (Prosérpina para os romanos). Um dia ela colhia flores num campo quando, por uma fenda no chão, surgiu Hades (ou Plutão), deus do reino dos mortos, que a raptou e a levou para o seu mundo subterrâneo. Demeter ficou desesperada com a perda da amada filha, chorou e entristeceu, e a terra secou, não dando mais alimentos para seus filhos. Demeter retirou-se em Eleusis para chorar, enquanto os homens morriam de fome e tudo ficava escuro e frio. Zeus (ou Júpiter), com pena de Demeter, ordenou a Hades que devolvesse a filha amada à sua mãe. Mas Perséfone havia comido uma romã enquanto estava com Hades, e tinha assim, simbolicamente, se ligado a ele. Para chegar a um compromisso, Hades e Demeter fizeram um acordo: Perséfone passaria seis meses na Terra com a mãe, e voltaria ao mundo dos mortos durante os outros seis meses. A volta de Perséfone à Terra marcaria assim o retorno da vida, da estação das flores e do tempo bom, com o início da Primavera. Este mito nos lembra a promessa da ‘vida após a morte’, do eterno ciclo que faz tudo renascer continuamente, como num eterno carrossel. O Inverno então seria o tempo em que os grãos estão debaixo da terra, na espera da Primavera para renascer, como nossas almas que passam um período de ‘inverno’ entre as várias encarnações. Outras analogias podem ser feitas analisando o mito: a necessidade do compromisso e do acordo, o ciclo da vida e dos acontecimentos na Terra e outros mais.
Para nós, que vivemos no Hemisfério Sul, devemos lembrar que agora, Perséfone está se encaminhando para o outro Hemisfério, e para nós é chegado o momento de recolhimento interior. Com o fim do verão, os raios do Sol tornam-se mais fracos, indicando ser este o início de um novo tempo onde nos voltamos mais ‘para dentro’. É nesse momento que fazemos nossa iniciação espiritual, fazermos uma pausa que irá preparar nosso renascimento futuro. A morte nesse caso não é somente a morte física, mas a morte simbólica. De fato, o grão de trigo plantado no outono, após o descanso do inverno, renasce como planta na primavera, e, para tanto, morre como semente. Ele sofreu uma transformação. Ele deu início a uma nova vida.
Meditemos sobre isso e sobre as palavras que um grande iniciado escreveu em seu túmulo: “Louvado seja esse mistério que nos foi concedido pelos deuses, pois a morte não é um mal para os mortais, mas sim um bem”.