Você é compassivo?
por Graziella Marraccini em AstrologiaAtualizado em 09/08/2007 15:22:23
Essa semana recebi um e-mail de uma cara amiga onde me repassava essa mensagem que descreve um breve diálogo entre o teólogo Leonardo Boff e o Dalai Lama.
Leonardo Boff explica:
“No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga: ‘Santidade, qual é a melhor religião’? Esperava que ele dissesse: ‘É o budismo tibetano’ ou ‘São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo’. O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos - o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na pergunta - e afirmou: ‘A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus. É aquela que te faz melhor’. Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar: ‘O que me faz melhor’? Respondeu ele: ‘Aquilo que te faz mais compassivo (e aí senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta), aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião’...
Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável”.
Refleti muito essa semana sobre essas sábias palavras, mesmo porque com o tema de Netuno na minha cabeça e ainda muitas indagações e dúvidas enviadas pelos internautas, tencionava realmente escrever algo a mais sobre ‘o melhor de Netuno’.
Vamos analisar então o que quer dizer ser ‘compassivo’.
O Dicionário Houassis descreve:
- adjetivo: que tem ou revela compaixão; que se compadece; condolente. A etimologia da palavra: provém do latim: compassivus, a, um, O substantivo é feminino: a compaixão (será que as mulheres são mais compassivas que os homens? Seria esse um atributo do lado ‘feminino?) Indica: sentimento piedoso de simpatia para com a tragédia pessoal de outrem, acompanhado do desejo de minorá-la; participação espiritual na infelicidade alheia que suscita um impulso altruísta de ternura para com o sofredor. A etimologia vem sempre do latim e quer dizer: ‘com-paixão‘ do verbo compadecer, etc. Indica um sofrimento comum, comunidade de sofrimentos, opiniões comuns, simpatia pelo sofrimento alheio. Lembremos que por paixão entendemos não somente aquilo que confundimos com o amor, mas também a paixão-sofrimento, como a Paixão de Cristo, ou seja, o indescritível padecimento de Cristo sob os golpes de seus algozes conforme é descrito na Bíblia.
Então ao me perguntar se eu sou compassiva, me veio à mente a tragédia recente com o avião da TAM e lembrei das lágrimas que versei ao sentir (sim sentir) dentro de mim a dor daqueles que perderam seus caros! Eu sou daquele tipo que não pode ver defunto sem chorar, mas isso me faz compassiva? Sou pisciana e tenho uma inclinação inata a me fundir com os outros, e a me compadecer com o sofrimento alheio, seja ele humano ou animal e até mesmo vegetal! Tudo é criação de Deus e eu percebo essa criação como parte integrante de mim mesma. Netuno é chamado de ‘solvente universal’ em astrologia, pois fornece essa energia que apaga as fronteiras e os limites entre nós e os outros e que nos faz compreender que SOMOS TODOS UM! Netuno provoca em nós uma necessidade de integração e realização num impulso coletivo, não individual. Sob sua ação não pensamos em nós mesmos, mas pensamos em nós todos! Netuno enfatiza o desejo de transcender nossa separatividade e por essa razão estimula a experiência mística e religiosa. Sob a ação de Netuno a percepção e a intuição se afinam com o universo e percebemos então que não podemos nos destacar do sentimento de união com Deus. Por isso nos tornamos ‘bons’.
Netuno pode nos forçar a abrir mão de algo que queremos muito, algo ao qual nos apegamos: uma casa, uma pessoa, um lugar, um emprego. Netuno nos força a encarar as perdas que requerem um sacrifício pessoal e por essa razão pode nos levar à depressão, ao desânimo. Em muitos casos, uma sensação de impotência nos invade e então compreendemos que devemos ‘seguir o fluxo’ e deixar tudo nas mãos de Deus. A sensação de totalidade que a influência netuniana produz não pode ser encontrada externamente, mas precisa ser encontrada dentro de nós, lá no nosso coração onde reside o Eu superior que nos guia e encaminha para a evolução espiritual. No entanto, essa é uma energia muito perigosa, pois pode também nos induzir à fuga, fuga que podemos encontrar através do misticismo exagerado, do fanatismo religioso, ou até mesmo do escapismo das drogas e dos vícios de todo tipo! Essa mesma necessidade de fuga pode ser causa de depressão e pode levar ao suicídio quando é extremada, exagerada. Voltar para Deus, voltar para a Casa do Pai, pode ser uma tentação muito forte para quem está cansado das mazelas e dificuldades da vida terrena! Sob a influência de Netuno podemos nos sentir atraídos por propostas mirabolantes e fantásticas de todo tipo, podemos entrar em esquemas fantasiosos sem qualquer realismo, invariavelmente destinados ao fracasso. Podemos ser levados à falência financeira, simplesmente porque teremos tendência a ignorar o lado mais material da vida, vivendo de sonho e fantasia ou porque iremos preferir jogar na loteria no lugar de investir num trabalhar duro para conseguir aquilo que queremos. Netuno também nos faz apaixonar da maneira mais romântica: nos envolvemos em relacionamentos vitima/salvador, desejando salvar o ‘outro’ (sofredor) de suas desgraça. Desta forma, acabaremos nos apaixonando e nos compadecendo com o sofrimento do ‘outro’ achando que nós, anjos salvadores, poderemos salvá-lo. Então, quando o ‘outro’ estiver de pé, sarado e curado, seremos invariavelmente descartados e nos sentiremos jogados às traças, caindo em estado de desânimo e depressão. O amor netuniano é um amor altruísta e não deveria querer nada em troca. É o amor puro, como aquele que devotamos a Deus. Mas seremos capazes desse tipo de amor que renuncia ao prazer pessoal, sem pedir retorno? Na teoria isso parece fácil, mas sabemos que não é tão fácil assim. Um dia estaremos em êxtase, fundidos e completados pelo amor do ‘outro’, e noutro dia, quando inseguros sobre o amor correspondido ou, pior ainda, quando nos sentirmos descartados e abandonados, estaremos na mais profunda depressão. Por essa razão o amor netuniano é causador de decepções e tristeza e é sempre um amor de ilusões, um amor complicado. O amor ideal é o amor místico, aquele que nos une a Deus e que induz uma paz interior indescritível. É o amor do êxtase. Quando ajudamos os outros, nos compadecemos de seu sofrimento, nos engajamos em atividades de voluntariado para ajudar os excluídos, os desvalidos, os pobres e os maltratados, estamos também sob a influência deste amor altruísta chamado ‘netuniano’.
Como já expliquei em artigo anterior, Netuno é o planeta atribuído à Sephirot de Dahat que é aquela esfera que encontramos tracejada no triângulo superior da Árvore da Vida, logo abaixo de Malkuth. Alguns autores a colocam lá em cima, ou seja, no próprio lugar de Malkuth, mas a meu ver esse seria o lugar mais indicado por Plutão. À Sefiroth de Dahat é atribuída a palavra: Conhecimento, com ‘C’ maiúsculo, indicando ser este o Conhecimento espiritual e não aquele material que nos é veiculado pelos nossos cinco sentidos físicos. Portanto, se quisermos canalizar da melhor maneira toda a energia deste planeta, é imprescindível que enveredemos pelo caminho da espiritualidade e do conhecimento do esotérico e do religioso, ou seja, pelo caminho da fé.
Com essa reflexão termino os artigos sobre as influências de Netuno em nossa vida. Se desejarem compartilhar experiências ou dirimir dúvidas, escrevam e procurarei responder a todos!
Um abraço e boa semana a todos.
São Paulo, 7 de agosto de 2007