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A hostilidade e a paranoia da moralidade

A hostilidade e a paranoia da moralidade por Rodolfo Fonseca em Autoconhecimento
Atualizado em 29/01/2025 17:33:51


Friedrich Nietzsche, em Aurora (1881), lança uma crítica feroz à moralidade cristã, argumentando que ela não apenas aprisiona a mente humana, mas também gera um ciclo de paranoia e hostilidade. Segundo ele, a ideia do pecado e da salvação cria um sistema onde os indivíduos vivem sob constante vigilância divina, o que distorce sua percepção da realidade e de si mesmos.

Para Nietzsche, a moral cristã é baseada no medo. Desde o nascimento, o indivíduo já é considerado pecador pelo conceito do pecado original. Assim, sua vida se torna uma tentativa perpétua de expiação. O medo do inferno e o desejo de salvação moldam comportamentos e geram um estado psicológico de angústia constante. Esse sistema cria uma vigilância interna severa: cada pensamento, cada desejo é analisado sob a ótica do juízo divino, levando à repressão e à culpa incessantes.

O cristianismo prega o amor incondicional e o perdão, mas Nietzsche aponta uma contradição: ao exigir um ideal inatingível de perfeição moral, a religião gera frustração e ressentimento. O indivíduo se vê incapaz de cumprir os preceitos exigidos e, inconscientemente, projeta essa frustração nos outros. Assim, a moralidade cristã, em vez de pacificar, fomenta hostilidade, pois o desejo de ver o outro falhar alivia a própria culpa.
Nietzsche argumenta que essa hostilidade se manifesta na forma de inveja moral. O fiel deseja que todos compartilhem sua dor e repressão, criticando quem ousa viver fora desse modelo. Essa dinâmica gera uma sociedade paranoica, onde o controle social é exercido não só pela Igreja, mas pelos próprios indivíduos, que vigiam e condenam uns aos outros.

Além de gerar angústia, a moralidade cristã suprime as qualidades excepcionais do ser humano. Nietzsche via no cristianismo uma força niveladora, que impede o florescimento da grandeza individual em nome de uma igualdade artificial. Para ele, figuras como Jesus e os santos foram idealizados como exemplos de submissão e fraqueza, enquanto a verdadeira força reside na superação, na afirmação da vida e na busca pelo autodomínio.

A solução de Nietzsche para essa moralidade repressiva é a transvaloração dos valores. Em vez de viver sob o peso da culpa e da vigilância, o ser humano deve abraçar sua natureza, aceitar seus impulsos e criar seus próprios valores. O Übermensch (Super-Homem) nietzschiano não busca a aprovação de um Deus ou da sociedade, mas constrói sua própria moral baseada na vida e na autenticidade.



A moral cristã, na visão de Nietzsche, não apenas aprisiona a psique humana, mas também gera hostilidade e paranoia. Ela transforma a vida em uma eterna busca por redenção, onde o medo e a repressão governam os indivíduos.

Libertar-se dessa estrutura, para Nietzsche, é um passo essencial para alcançar um modo de vida mais pleno, autêntico e poderoso. O caminho não está na submissão, mas na afirmação corajosa da existência.


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Rodolfo Fonseca é co-fundador do Site Somos Todos UM
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