Amor Ind. e Com. Ltda
por Rosana Braga em AutoconhecimentoAtualizado em 18/11/2005 12:15:07
Que o capitalismo é selvagem, a gente sabe faz tempo. Até já se acostumou com este fato, infelizmente. E por tanto termos nos acostumado, tornamos-nos reféns deste sistema e adotamos valores que não são os nossos, verdades que não correspondem com nossos desejos e atitudes que só nos distanciam da felicidade que tanto almejamos.
Porém, o que talvez ainda não tenhamos nos dado conta é do quanto temos transformado nosso coração e nossos sentimentos num departamento inserido nesta grande entidade comercial na qual tem se perdido o mundo.
Longe de mim querer insinuar que o mundo é ruim e que viver não vale a pena. Muito pelo contrário. Enxergo as condutas humanas - por mais tristes que possam ser, algumas vezes - em maravilhosas oportunidades para nos soltarmos das amarras e conquistarmos sempre uma nova consciência.
Esta é uma delas. A guerra capitalista, fervilhando num pedaço escuro dentro da gente, tem tentado limitar também o amor, bem como o nosso coração, num formato rígido, inflexível e empobrecido, fazendo-nos acreditar que podemos bem menos do que realmente podemos.
Assim, “inocentemente”, já não sabemos quais são nossas referências quando buscamos um grande amor. Desde o formato ditado pela mídia, que inclui medidas preestabelecidas (nem de longe perfeitas - até porque a perfeição, neste caso, é absolutamente relativa) até aquilo que preenche uma alma, já não sabemos diferenciar o que realmente desperta nosso amor da sensação que simplesmente maquia nossa necessidade de “parecer feliz”.
Sim, porque uma coisa é o que realmente nos faz felizes; e outra - que pode ser bem diferente - é o que inventamos e insistimos em sustentar, numa tentativa absurda de convencermos a “ninguém” (em última instância), de que parecemos felizes.
E nesta insanidade entre ser e parecer, vamos alimentando a indústria do amor, desperdiçando nossa energia investindo em relações de aparências. ... Porque o outro é bonito, porque o outro tem dinheiro, porque o outro ocupa posição de destaque...
Ou, o que é pior! – porque o outro faz eco às nossas neuroses, porque o outro “enfia o dedo” nas nossas feridas, porque o outro nos acorrenta no fundo de um poço interior e isso nos isenta da responsabilidade de sair do buraco e ir à luta!
Ou seja, tudo por causa do outro... pagando o preço de nunca descobrirmos quem realmente somos, o que realmente desejamos e se somos realmente capazes de sentir e viver um grande amor. Aparências que nos condenam às fórmulas, aos “pratos prontos”; que pena!
Sugiro uma revolução pessoal. Sugiro uma guerra, se preciso for, mas que você destrua a indústria e o comércio construído ao redor de seu coração e retire - de uma vez por todas - todo o lixo que encobre a beleza genuína que existe em sua casa.
Porque depois de vivenciar uma enorme decepção consigo mesmo, ao perceber que tem sido muito menos do que parece, você conseguirá, finalmente, ser bem mais do imaginava que poderia... e depois da falência de seu coração, poderá reinaugurá-lo enquanto instituição sem fins lucrativos.