Justiça Divina
por WebMaster em AutoconhecimentoAtualizado em 04/10/2001 12:36:59
Esta noite eu tive um sonho. Eu estava numa cidade de praia, numa situação estranha, me preparando para algo, pegando documentos... Fazia parte do “poder político” desse lugar. De repente, comecei a ver explosões, aviões caíam em todos os lugares ameaçando também a casa onde eu estava com algumas pessoas; não as conhecia mas lutávamos juntos. Foi então que eu explodi uma casa, que estava vazia, e o sentimento de culpa por tê-la destruído me deixou muito mal. Me dizia: “Como pude fazer isto”? Havia um cachorro e dois gatos lá. Estávamos reunidos numa sala apertada, com três crianças, todos nós muito assustados, e eu senti uma necessidade muito grande de rezar. Peguei na mão de todos e disse: “Pai, sei que Tu és a Justiça e o Amor, portanto nos ajude a interpretar este cenário”.
Quando acordei, não consegui parar de pensar na “justiça divina”. De que lado Deus está? Provavelmente do lado americano, afinal eles foram as vítimas dos atentados, são superiores, civilizados, uma nação próspera e invejada. Bem, do outro lado, os oprimidos. A Bíblia ressalta que os pobres e perseguidos, um dia, serão consolados, e se Deus for justo terá que os ajudar!
Pois é, e como fica a justiça divina quando um pai de família sai para trabalhar e é morto por assaltantes; como entender uma menina de 12,13 anos, que é morta por um doente mental e tarado; como ficar indiferente aos nossos irmãos nordestinos que morrem de fome ou a um recém-nascido que não teve chance de viver dois dias? Como aceitar tantas “injustiças” e continuar acreditando em Deus?
Eu tenho duas filhas e me angustia a naturalidade de assistir pela TV o desenrolar de uma guerra comendo pipocas e torcendo pelos mocinhos. Eu as ensino que Deus existe, que é bom, que está dentro do ser de cada um de nós, portanto dentro delas. Que elas devem entender o comportamento das pessoas e não julgá-las. Que por pior que seja o ato e a aparência de um ser humano, Deus é a realidade de tudo o que vemos. Como posso continuar dizendo que elas nasceram para cumprir um propósito divino, que são amadas incondicionalmente, que tudo o que elas precisarem já está sendo providenciado, que Deus, como essência divina, dentro delas, se manifestará para qualquer necessidade que elas venham a ter? Como posso?
Eu aprendi, assimilei, incorporei e vivencio na minha vida, um conceito de “Deus dentro”; um Deus que não tem nada menos do que Amor para nos oferecer. Hoje, existem tantas opções de como interpretar Deus (parece um comércio), que podemos escolher aquela que melhor se adapte ao nosso estilo de vida. Um Deus multimarca, cheio de promoções: aceite um e quite suas dívidas; compre um terreno no céu... aceite esse e pare de tomar remédios. Eu acredito em Deus, e a despeito de minhas crenças, a guerra está aí e muitas vidas serão ceifadas... Então, novamente, como fica a justiça divina?
Quando assisto aos telejornais me esforço para ficar distante de julgamentos; procuro pensar que as coisas são como são, simplesmente porque são... Mas quando vejo uma criança chorando de dor, de fome, de medo, confesso que minha vontade é gritar: – Deus, você perdeu o controle do mundo? Estamos desamparados? Onde está o seu Amor???
Então, sem a menor explicação plausível, num ato de extrema irracionalidade chamado Fé, eu me lembro das palavras de Jesus: “Deixo-vos a Paz, eu vos dou a minha Paz ”. E, com serenidade, me volto para dentro do meu ser e construo a minha paz, acreditando que na medida que eu elevar meus pensamentos, meus sentimentos e a minha prece, estou elevando a consciência do mundo. Devemos nos lembrar, sempre, de que independentemente das aparências e dos horrores de uma guerra, a justiça divina nos contemplou com um lugar onde é possível se ter paz: dentro de cada um de nós.!
Penso que o meu papel de mãe e educadora de duas crianças seja o de ensiná-las que a paz no mundo só será possível a partir da nosso próprio compromisso de construir a nossa paz interior, e daí sim, poderemos sonhar acordados com um mundo melhor e mais justo. Que assim seja!
Fabiane Vieira, 36 anos, é mãe de Yohanna, 10 anos, e de Mahara, 8 anos.
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