Não existe mais sexo frágil
por Adília Belotti em AutoconhecimentoAtualizado em 30/06/2006 12:50:47
Jane Fonda, com 68 anos, está de volta, mais uma vez, como feminista! Sim, sim, leio no jornal, a ex-Barbarella, ex-Hanói Jane e ativista engajada na campanha a favor dos direitos civis nos EUA e contra a guerra do Vietnã, ganhadora de dois Oscars, um pelo papel de uma prostituta em Klute (1971) e outro por Coming Home, dramalhão com Jon Voigh, pai de Angelina Jolie, voltou às ruas para protestar contra a violência em relação às mulheres no México... Vou celebrar, você sabe, porque num mundo em que todo mundo arranja um cantinho para falar o que quiser, você também não sente falta de vozes de mulheres, falando bem alto?
Leio que a atriz está em campanha para sensibilizar as autoridades mexicanas em relação à matança de mulheres na região de Juarez que dura já mais de dez anos... algo como 400 mulheres já foram assassinadas e não se sabe por quem, nem exatamente por quê... a candidata à presidência do México, Patrícia Mercado, promete entrar nessa briga um tanto surrealista, mas...
Engraçado, a vida das mulheres é feita de "mas"... estamos todos de acordo que todos têm o direito a educação, não é? MAS, no Afeganistão, os talibans proíbem o acesso de mulheres à educação - 85% das mulheres são analfabetas - e na República Tcheca, a esterilização de mulheres roma (ciganas) continua, apesar dos (poucos, segundo a Anistia Internacional) esforços do governo.
É, a vida das mulheres é tingida de muitos MAS... em alguns países, ela ainda é marcada por indizíveis sofrimentos e abusos, MAS...
Sempre me deixa aflita o discurso que vitimiza as mulheres e faz dos homens os grandes vilões de uma história sem jeito de terminar. Aliás, desde que li o livro O Elogio da Diferença, de Rosiska Darcy de Oliveira, que fez chegar até nós a idéia de que, quando o assunto é diferença sexual, igualdade de direitos rima sim com respeito às diferenças. Será que os homens nasceram mesmo para serem violentos e bárbaros predadores? Será que as mulheres são por natureza meigas e mansas criaturas à mercê dos abusos deles?
Você acredita nisso? Eu também não. E, acabei de descobrir que não estamos sozinhas... Elisabeth Badinter, jornalista e intransigente feminista francesa, acaba de lançar um livro, Rumo equivocado, onde discute os desvios do pensamento feminista e aponta rumos novos para essa discussão sem fim. E o começo deste ponto final pode muito bem ser a gente assumir a responsabilidade pelo nosso "lado negro da força" e pararmos de nos sentir as vítimas indefesas de um "machismo" cada vez menos "machista"...
Sabia que a imagem que a gente tem de que as mulheres matam para se proteger ou para se libertar ou para proteger suas "crias" pode estar bem longe de ser verdade? Que no Canadá o número de crimes violentos envolvendo garotas aumentou 127% em um ano? E no resto da Europa as estatísticas relacionando violência e adolescentes do sexo feminino só aumentam? Você sabia que um relatório do African Rights afirma que "sem a participação ativa das mulheres os massacres de Ruanda não teriam acontecido"? Sabia que as inspetoras dos campos de concentração nazistas de Auschwitz, por exemplo, eram tão cruéis quanto seus colegas masculinos?
A tese da jornalista é que enquanto a gente se sente vítima, não consegue mudar nada. Só a partir do momento em que nos apropriarmos de nossa história, seja ela feita de belos momentos ou de outros, atrozes, seremos capazes de escrever uma outra história, na qual homens e mulheres sejam realmente absolutamente iguais... e totalmente diferentes!
O que você acha? Que tipo de feminista é você? O que você gostaria de sair gritando na rua? Homens e mulheres tem chance de viver em paz?
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Um portal feminista em inglês: Feminist.org