O amor maduro
por WebMaster em AutoconhecimentoAtualizado em 28/08/2001 11:20:58
Enviado por Ana Cristina Rosado
O amor maduro não é menor em intensidade. Ele é apenas silencioso. Não é menor em extensão. É mais definido, colorido e poetizado. Não carece de demonstrações: presenteia com a verdade do sentimento. Não precisa de presenças exigidas: amplia-se com as ausências significantes.
O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo. Mas vive dos problemas da felicidade. Problemas da felicidade são formas trabalhosas de construir o bem e o prazer. Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro. Na felicidade está o encontro de peles, o ficar com o gosto da boca e do cheiro, está a compreensão antecipada, a adivinhação, o presente de valor interior, a emoção vivida em conjunto, os discursos silenciosos da percepção, o prazer de conviver, o equilíbrio de carne e de espírito.
O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa. Ele vive do que não morreu mesmo tendo ficado para depois. Vive do que fermentou, criando dimensões novas para sentimentos antigos, jardins abandonados e cheios de sementes. Ele não pede, tem. Não reivindica, consegue. Não percebe, recebe. Não exige, dá. Não pergunta, adivinha. Existe, para fazer feliz.
O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão. Basta-se com o todo do pouco, não precisa e nem quer nada do muito. Está relacionado com a vida e sua incompletude, por isso é pleno em cada ninharia por ele transformada em paraíso. É feito de compreensão, música e mistério. É a forma sublime de ser adulto e a forma adulta de ser sublime e criança. É o sol de outono: nítido, mas doce. Luminoso, sem ofuscar. Suave, mas definido. Discreto, mas certo. Um sol que aquece até queimar...
Artur da Távola