O destino dos impérios e busca da sobrevivência
por Rodolfo Fonseca em AutoconhecimentoAtualizado em 13/01/2025 16:38:15
Quem tem acompanhado minha coluna semanal do STUM percebe a quantidade de assuntos diferentes que gosto de escrever sobre. Depois de 25 anos de site, tive oportunidade de ver muita coisa na área da espiritualidade e autoconhecimento e alguns assuntos me interessam muito.
Não me atrevo a escrever sobre as terapias em si, nem como espectador, muito menos como praticante, mas em alguns assuntos que me interessa muito, tendo fazer uma análise simples, rápida (muitas vezes até superficial), pois sei como as pessoas leem pouco e com pressa.
Então imagino que se eu conseguir inspirar um pouco de curiosidade do assunto, o leitor vai se aprofundar mais tarde. Assim não será diferente com o tema deste artigo, que alguns podem dizer não tem relação nenhuma com o site... mas na minha visão sim, pois está tudo conectado.
Nem lembro mais como a dica dessa curta obra chegou pra mim... mas recomendo demais a leitura. Vou deixar um link par baixar ao final.
Sir John Glubb, também conhecido como Glubb Pasha, foi um militar, escritor e historiador britânico cuja obra The Fate of Empires (O Destino dos Impérios) apresenta uma análise fascinante sobre a ascensão e queda de grandes civilizações ao longo da história. O autor argumenta que, apesar de suas diferenças em tempo, lugar, cultura e tecnologia, os impérios seguem um ciclo previsível, caracterizado por fases distintas. Seu trabalho não só ilustra o desenvolvimento humano em escala global, mas também oferece reflexões sobre os desafios enfrentados pelas sociedades contemporâneas.
Glubb identifica que a vida de um império segue um padrão quase universal, dividido em seis etapas principais:
- Era dos Pioneiros: Pequenos e muitas vezes desconsiderados, grupos emergem e conquistam territórios maiores, impulsionados por coragem, energia e determinação. Exemplo: a expansão árabe logo após a morte de Maomé.
- Era das Conquistas: Após os primeiros sucessos, o império se organiza, adota estratégias militares avançadas e domina vastas regiões.
- Era do Comércio: Com a expansão territorial consolidada, o comércio floresce, estimulando riquezas e o intercâmbio cultural entre diferentes regiões.
- Era da Aflição: A prosperidade gera desigualdade e complacência. O dinheiro substitui a honra e o dever como motivação principal.
- Era Intelectual: Universidades e academias são fundadas, marcando avanços científicos e culturais. Porém, essa ênfase na intelectualidade tende a enfraquecer o senso de coesão nacional.
- Era da Decadência: O império entra em declínio, marcado por pessimismo, divisões internas, frivolidade e perda do espírito de sacrifício que antes sustentava sua força.
De acordo com Glubb, o ciclo de vida de um império dura, em média, até 250 anos, embora existam exceções. Ele destaca que a tecnologia ou o contexto histórico pouco afetam essa regularidade; o que predomina são fatores humanos e sociais.
Assíria | 859-612 a.C. - 247
Pérsia (Ciro e Descendentes) | 538-330 a.C. - 208
Grécia (Alexandre e Sucessores) 331-100 a.C. - 231
República Romana | 260-27 a.C. - 233
Império Romano | 27 a.C. 180 d.C. - 207
Império Árabe | 634-880 d.C. - 246
Império Mameluco | 1250-1517 d.C - 267
Império Otomano | 1320-1570 d.C - 250
Espanha | 1500-1750 d.C. - 250
Rússia Romanov | 1682-1916 d.C. - 234
Grã-Bretanha | 1700-1950 d.C. - 250
Entre as causas apontadas para a decadência dos impérios, Glubb enfatiza os fatores-chave:
- Complacência Econômica: O foco na busca por riqueza, em detrimento de valores cívicos e espirituais, enfraquece a coesão social.
- Fragmentação Interna: Rivalidades políticas e polarização se intensificam à medida que o império perde força.
- Afrouxamento Moral: A perda de propósito comum e o aumento da frivolidade corroem o tecido social.
- Imigração e Diversidade: A entrada de estrangeiros pode gerar tensões culturais e políticas, especialmente quando os recém-chegados são tratados de forma desigual ou marginalizados.
Paralelos com a modernidade
O autor argumenta que sua análise não é meramente acadêmica, mas oferece lições práticas para o presente. Ele alerta que nações modernas podem estar repetindo os mesmos erros de civilizações passadas: um foco excessivo na acumulação de riquezas, divisão social acentuada e uma confiança exagerada na tecnologia como solução para problemas humanos, assim como o declínio do senso de dever e de valores como uma tendência preocupante nas sociedades contemporâneas.
Um exemplo é o crescimento do "Estado de Bem-Estar Social", que, embora inicialmente benéfico, pode levar à dependência excessiva da população e à fragilidade econômica em longo prazo.
A pesquisa de Sir John Glubb é mais do que uma análise histórica; é um chamado para a humanidade refletir sobre seu papel. O sucesso de uma civilização depende não apenas de conquistas materiais, mas da preservação de virtudes como coragem, integridade e serviço ao coletivo.
Em tempos de globalização, mudanças climáticas e desafios políticos, as lições do livro não são apenas um alerta sobre a fragilidade da sociedade, mas um convite para buscar uma evolução sustentável e coletiva.
link para baixar