O Impacto da demografia no futuro do Brasil
por Rodolfo Fonseca em AutoconhecimentoAtualizado em 22/01/2025 16:01:20
Reflexões para os próximos 25 anos
A demografia é uma força poderosa que molda o futuro de um país. No Brasil, as transformações populacionais estão impactando de maneira crescente várias áreas da sociedade, como a economia e a cultura. Olhando para os próximos 25 anos, vemos desafios emergentes que exigem planejamento estratégico para mitigar os efeitos de uma população envelhecida e um cenário econômico complexo.
Nos próximos 25 anos, a pirâmide etária brasileira continuará a se inverter. Já podemos ver uma tendência clara: o número de idosos está crescendo mais rápido do que o número de jovens. Em 2023, a taxa de fecundidade no Brasil era de 1,57 filhos por mulher, abaixo da taxa de reposição populacional de 2,1 filhos. Projeções indicam que essa taxa deve cair ainda mais nos próximos anos, o que terá efeitos diretos na nossa estrutura populacional.
Esse envelhecimento da população terá consequências profundas. Embora a população total do Brasil não deva mudar drasticamente, a proporção de idosos crescerá de forma exponencial. Quando o sistema previdenciário foi criado, havia 13 jovens para cada aposentado. Hoje, essa relação já está em 2 para 1, e nos próximos 25 anos, a situação pode se agravar ainda mais.
O sistema previdenciário brasileiro foi concebido para que os jovens trabalhadores financiassem os aposentados. No entanto, com a diminuição do número de jovens e o aumento da longevidade, esse modelo está se tornando insustentável. Embora o INSS ainda desempenhe um papel importante, a capacidade de garantir uma aposentadoria digna está cada vez mais comprometida.
A solução que tem sido adotada para enfrentar esse problema tem sido a emissão de moeda e o aumento de impostos, mas isso gera inflação, o que reduz o poder de compra dos aposentados.
Apenas no ano de 2024 o real foi a 6ª moeda que mais desvalorizou no mundo em relação ao dólar no acumulado de 1º de janeiro a 19 de dezembro de 2024. O recuo foi de 21,7%. Desde que o Plano Real foi lançado, em 1º de julho de 1994, até fevereiro de 2014, a moeda se desvalorizou 77,65%. Com isso, a nota de R$ 100, na prática, vale hoje R$ 22,35.
Nos próximos 25 anos, é natural que nossa moeda fiduciária* continue com sua desvalorização, impactando o valor das aposentadorias e o custo de vida.
Consequências socioeconômicas
A falta de jovens afeta não só a previdência, mas a economia como um todo. A juventude é essencial para a inovação, o crescimento econômico e o desenvolvimento do país. Sem uma nova geração para impulsionar a produção e o consumo, o Brasil poderá enfrentar um cenário de estagnação econômica. A emigração em busca de melhores oportunidades em países com uma demografia mais favorável poderá agravar essa situação, resultando em uma fuga de talentos e deixando o Brasil com uma força de trabalho cada vez mais envelhecida.
Além disso, o aumento da população idosa trará um custo adicional ao sistema de saúde. A demanda por cuidados médicos especializados e serviços de longa permanência aumentará significativamente, colocando pressão sobre os recursos públicos e privados.
O envelhecimento populacional também terá impactos culturais e sociais. As famílias, que já estão diminuindo em número, devem continuar a ter menos filhos. Isso se reflete no mercado imobiliário, onde o número de empreendimentos com apartamentos menores, muitas vezes voltados para pets, deve crescer, enquanto a demanda por espaços para crianças diminui.
Eu já vi isso pessoalmente em SP. Prédios novos, sem parquinho para crianças, mas com espaço pets.
Outro fenômeno será o adiamento de marcos tradicionais da vida adulta, como sair da casa dos pais, casar ou ter filhos. Com o custo de vida elevado e as condições econômicas desafiadoras, muitos jovens seguirão morando com os pais até os 35 anos ou mais, o que alterará as dinâmicas familiares e impactar ainda mais a taxa de natalidade.
O futuro do Brasil nos próximos 25 anos dependerá de nossa capacidade de compreender e agir diante das mudanças demográficas. Sem jovens para sustentar a economia e garantir o dinamismo necessário para o progresso, corremos o risco de um cenário de estagnação econômica e social. Porém, com planejamento estratégico e ações concretas, podemos enfrentar pessoalmente esses desafios e tentar consertar o futuro de nosso país.
*A moeda fiduciária foi criada com a característica de desvalorização intencional devido ao modelo econômico baseado em dívida e expansão monetária controlada. Ao contrário das moedas lastreadas por metais preciosos (como o ouro), as moedas fiduciárias não têm um valor intrínseco, mas sim um valor atribuído pelo governo e aceito pela sociedade. Isso permite que eles criem dívidas e financiem seus gastos sem se preocupar com a necessidade de garantir reservas de ouro ou outros bens.