O mau humor poder estar associado com a falta de exposição à luz solar
por Conceição Trucom em AutoconhecimentoAtualizado em 25/09/2008 12:19:48
Os cientistas têm identificado que existe uma relação entre a depressão mais comum no inverno e a química do cérebro, o que pode explicar porque algumas pessoas sofrem de mau-humor e depressão invernal.
Um estudo da Universidade de Toronto (Canadá) publicado nos arquivos de Psiquiatria Geral indica que as desordens afetivas estacionais estão relacionadas com a falta de energia, a fadiga, o desejo de comer em excesso e a tendência a dormir muito, bem como à depressão.
Esta desordem estacional, que pode debilitar a saúde e produtividade, está associada com a diminuição do tempo de exposição à luz solar, mais comum nos dias mais curtos e escuros de inverno. Esta condição afeta milhares de pessoas no Reino Unido e países mais próximos aos pólos.
Os cientistas dizem que é comum para as pessoas que moram em zonas tropicais terem melhor humor e energia durante os comuns dias ensolarados e luminosos.
Mapeamento do cérebro
Pesquisadores especialistas no assunto realizaram o mapeamento no cérebro de 88 voluntários, entre os anos 1999 e 2003. Durante o outono e inverno foi detectada a atividade de uma proteína que bloqueia a serotonina (*), resultando em maior probabilidade do indivíduo sofrer de humor depressivo. Ou seja, quanto mais ativa é esta proteína, mais baixos os níveis de serotonina no cérebro, maior dificuldade para o cérebro regular a química do humor.
Assim, eles acham que a luz tem um efeito direto na atividade de dita proteína. As pesquisas têm demonstrado que os sintomas da depressão do inverno diminuem quando existe exposição à luz solar durante a parte da manhã. Isto sugere que o tempo de permanência e exposição à luz é mais importante do que a intensidade de luz recebida.
Esta descoberta tem importantes implicações no entendimento das mudanças do humor nos indivíduos sadios relacionadas com as estações do ano bem como a vulnerabilidade das desordens afetivas e a relação com a exposição à luz.
O Dr. Jonathan Johnston, um acadêmico em neurociência da Universidade de Surrey disse: “Os dados indicam que existe uma correlação entre a proteína transportadora de serotonina com as horas de sol luminoso, embora o mecanismo de como isto aconteça ainda não tenha sido elucidado.”
(*) A serotonina é um neurotransmissor, envolvido na comunicação entre as células do cérebro (neurônios). Tem especial influência nos mecanismos do sono, humor e memória. Esta comunicação é fundamental para a percepção e avaliação do meio que rodeia o ser humano, e para a capacidade de resposta aos estímulos ambientais.