Ciumentos demais? Abuso emocional, Não!
por Silvia Malamud em PsicologiaAtualizado em 26/05/2021 17:51:56
Você é daqueles que costumam ficar turbinados por milhões de pensamentos atordoantes ao menor deslize que seu parceiro possa cometer?
Uma simples checada no celular enquanto vocês conversam pode ser motivo de suspeitas de alguma possível paquera, traição ou mesmo de desrespeito a você? Costuma ser acometido por comportamentos explosivos falando tudo o que lhe vem à mente, impulsionado por sentimentos de angústia e de raivas cegas, mais forte do que pode suportar?
Se você se identifica com esse padrão de funcionamento, saiba que pode estar aprisionado num ciclo vicioso de respostas automáticas em que a hipervigilância e o controle excessivo do outro fazem parte deste tortuoso cenário.
Se você possui consciência de que está passando das medidas em suas atitudes de ciúmes, ou se é vítima de algum ciumento patológico, não existe problema em procurar ajuda para sair deste ciclo que não leva nada a lugar nenhum e que só gasta a sua energia e tempo de vida.
A começar, saiba que esse tipo de atitude desmedida, entre outras, atualmente ocupa a maior parte das preocupações de todos os que entraram de cabeça nas exigentes demandas do século XXI. Na nossa atualidade, por conta do vazio interior provocado pela falta de nortes claros a se seguir, o sentido de território entre o eu e o outro ficou difícil de se compreender.
E na questão dos ciúmes, nem se fala, são sentimentos que ativam de modo contundente a possível perda do outro em nome de um terceiro. Algo cego e sem controle pode estar acontecendo e o meu parceiro, ou parceira, pode escapar pelas minhas mãos sem que eu possa me dar conta e ficarei carimbado com a crença de que eu não fui suficientemente bom, o que é o pior dos mundos nessa sociedade narcisista e altamente competitiva. Sob este olhar, portanto, os ciúmes em excesso passam a ser vistos como uma angústia generalizada simbolizada pelo do medo da perda e controle sobre o outro, verso, vou ser mal visto e ele vai ser bem visto.
Indivíduos acometidos pelas famosas crises de ciúmes tem como mote de vida alcançar um ideal de status muitas vezes fictício. O que, na verdade, acontece é que a real satisfação das conquistas nunca ocorre e a certeza de que se tem um parceiro que se mantém leal fica praticamente impossível de se conceber; por isso que o tenso clima de suspeita do outro acaba sendo a nota forte dos relacionamentos desta ordem. O hipnotismo é que o melhor está sempre por vir, portanto, o parceiro sempre poderá optar por algo mais interessante...
Ciúme em excesso não deve ser compreendido pelo parceiro apenas como uma espécie de proteção além da conta. Para os parceiros de tais ciumentos patológicos, é da máxima importância observar se existe sofrimento, se as próprias atitudes começam a ser automonitoradas com a finalidade de não provocar a ira de ciúmes do parceiro e se está se perdendo a alegria de viver, ainda distorcendo a percepção entre o que é ser cuidada e estar feliz, do viver em um cárcere sem luz.
Todo aquele que se percebe vítima de pessoas com ciúme patológico, deve saber que este tipo de conduta pode fazer parte das artimanhas dos Narcisistas Perversos, numa das facetas de abuso emocional mais bem articuladas de tais sequestradores de almas, quando inclusive chegam a distorcer o discernimento e a realidade das vítimas.
Observe se existe a desconfiança e monitoramento de sua vida em excesso, se existe busca descabida de indícios a ponto de você literalmente seguir a sua vida pisando em ovos...
Se você se percebe neste lugar, talvez seja a hora de repensar o seu relacionamento e o principal, a sua vida como um todo, que é e sempre será o seu bem maior.
E não se sinta culpado por fazer o que é melhor para você, porque as coisas em sua vida só poderão mudar no momento em que você começar a encarar o que não lhe faz bem de frente e tomar atitudes a seu favor. Se necessário busque ajuda de terapia.
Ouse e conquiste, você pode, você merece!
Quanto mais despertos, melhor!