A gordura trans nos impede de pensar melhor
por Bel Cesar em Corpo e MenteAtualizado em 08/04/2020 11:35:16
Nossos pensamentos direcionam o rumo de nossa vida a todo instante. Alguns cientistas dizem que produzimos entre doze mil a sessenta mil pensamentos por dia. Eles fizeram um cálculo neurofisiológico, a partir da equação: velocidade x tempo = potencial de ação neural. Mas, o ponto é saber se o que pensamos está contra nós ou a nosso favor.
Começamos a pensar em algo sem mesmo nos darmos conta de como este pensamento surgiu em nossa mente. Em seguida, criamos novas associações, questionamentos e conclusões que muitas vezes levam a decisões precoces, que boicotam nossos projetos de vida e outras vezes nos levam a insistir exaustivamente em algo que já não tem mais coerência com a realidade imediata.
Quando estamos descansados e equilibrados, nossos pensamentos são compatíveis com o que estamos fazendo. Mas, se estamos estressados, perdemos a concentração, o que nos leva a ter tantos pensamentos soltos e desconexos como intrusivos e repetitivos. Ambos nos afetam negativamente, pois interrompem nosso fluxo de pensamentos. Ficamos atolados em nossa própria mente.
Lama Gangchen Rinpoche nos diz que temos dificuldade de mudar positivamente porque nossa mente é dura: não aceitamos a mudança positiva porque seguimos padrões de pensamentos rígidos e inflexíveis. Compreendemos que precisamos mudar, mas não aceitamos fazer a mudança. Mas como tornar nossa mente maleável?
Uma das formas de cuidar da natureza de nossos pensamentos é manter o cérebro saudável. O psiquiatra Dr. Sergio Klepacz explica que o cérebro é como uma gelatina de gordura eletroquímica: "Se você pegar, vamos supor, uma gelatina de gordura que, dentro passa uma eletricidade gerada pela química, é mais ou menos isso. A eletricidade é usada para você passar a corrente de um ponto para outro e a química é o mediador dessa história. A química faz a comunicação do cérebro. Mas o que segura esse fio químico é a gordura. Ela precisa ter maleabilidade para permitir que os impulsos elétricos possam fluir. Por isso, é importante ingerir gordura insaturada com ômega 3, porque ela é molinha, o que facilita os impulsos elétricos do cérebro. Já a gordura saturada é dura. Se você come muita gordura trans, muito Mc´ Donalds, o seu cérebro irá gradualmente endurecer até demenciar".
As gorduras trans são formadas durante o processo de hidrogenação industrial que transforma óleos vegetais líquidos em gordura sólida à temperatura ambiente. Elas são utilizadas para dar consistência aos alimentos e aumentar seu prazo de validade. Os alimentos que mais contêm gordura trans são as batatas chips, Big Macs, macarrão instantâneo, pipocas de micro-ondas, molhos de salada, margarinas, biscoitos salgados e doces, sorvetes cremosos, glacês e pizzas.
No dia 16 de Junho de 2015, a Administração de Remédios e Alimentos (FDA, na sigla em inglês) dos EUA decidiu que a indústria alimentar terá de banir o uso da gordura trans até 2018. Outros países, como Dinamarca, Suíça e Argentina, já proibiram a gordura trans nos industrializados. Mas a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA) alega que há falta de opções para substituir esse tipo de gordura. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a ingestão de gordura trans não ultrapasse 1% do valor calórico da dieta. Isso significa que se um adulto consome duas mil calorias diárias, sua ingestão de trans não deve ultrapassar duas gramas. Os alimentos industrializados produzidos no Brasil podem conter no máximo 2g (dois gramas) de gordura trans. Podemos começar a ter controle sobre nossos pensamentos controlando o que ingerimos!