Comunicação não-violenta. JÁ
por Roberto Inácio em Corpo e MenteAtualizado em 08/04/2020 11:35:01
Um dos mais importantes princípios éticos do Yoga é a prática de Ahimsa, a não-violência. Interessante que, ao contrário das 'malhações' acadêmicas ocidentais, o Ahimsa deve ser aplicado inclusive na prática do Yoga, ou seja, ninguém deve cometer violências sobre seu corpo, deve praticar dentro de seus limites.
E foi com o Ahimsa que o Gandhi botou para fora da Índia os ingleses, depois de dezenas e dezenas de anos de exploração. Aliás, será que os problemas que ingleses, europeus em geral e americanos estão enfrentando é kármico? Ou seja, estão pagando pela exploração imensa e atrocidades que cometeram contra dezenas de países, inclusive o nosso?
E acho que hoje, além da violência física, a comunicação violenta está institucionalizada, principalmente nos grandes veículos da tal da mídia. Você acha que crianças e adolescentes vendo sem parar videocassetadas, pegadinhas e programas de humor com uma grossura total, não vão achar que a violência e a grossura é uma coisa natural na vida dos seres humanos?
Será que a violência que estamos vendo no futebol, entre torcidas, e agora até entre 'torcidas' de escolas de samba não tem nada a ver com a violência e a grossura desenfreadas que a mídia nos repassa?
Como não podemos mudar as outras pessoas, nem a mídia (essa podemos deixar de ver, ouvir e ler), que tal analisarmos como é a nossa comunicação. É gentil, cordial ou mais ou menos? A minha é mais ou menos, mas já melhorou bastante, porque a minha irritabilidade era bem grande (e por isso até hoje tenho probleminhas no fígado, porque segundo a Medicina Tradicional Chinesa nossas raivas e irritações desaguam direto no fígado e o prejudicam bastante).
Para mim, a melhora começou quando li a frase Você quer ser feliz ou quer ter razão?, no livro Um Curso em Milagres. No começo não entendi bem a frase, o que uma coisa tinha a ver com a outra? Mas continuando a reflexão fui percebendo tudo, aos pouquinhos. Querer ter razão sempre é um dos motivos porque a maioria de nós não é lá muito feliz.
Praticar Yoga ajuda bastante quando começamos a escolher ser felizes ao invés de termos razão. Mas o básico mesmo é meditar.
Como Meditação para algumas pessoas que tem ligação com religiões, podemos sugerir que você, quando sentir que está ficando irritado(a), pare um tempinho e simplesmente não faça nada, nem pense em nada. Para facilitar o não pensar em nada (que no começo é meio impossível, porque a idéia de não pensar em nada já é um pensamento, então, já estamos pensando), comece apenas observando sua respiração. E logo você observará que a respiração vai ficando mais longa e profunda e seu corpo começa a relaxar, e logo, logo, as raivinhas, ou raivonas, começam a ir embora ou pelo menos começam a diminuir. Por quanto tempo você faz isso? Por quanto tempo você puder, até um minuto já vale, desde que repetido várias vezes por dia.
E, antes ou depois, do não fazer nada, faça alguns alongamentos e espreguiçamentos, do jeito que você preferir.
Observe também como você responde para alguma pessoa quando você se irrita. Você se irritou com o que a pessoa disse ou com o que as palavras dela despertaram dentro de você?
Agora o melhor trabalho que conheço sobre Comunicação Não-Violenta é a do médico Dean Ornish (que tem ótimos livros como Salvando o seu Coração, onde fala muito da importância da autoestima e do sentir-se amado na cura de todas as doenças). Ele forma e trabalha grupos de apoio para pessoas que têm problemas graves de saúde, onde a base é "A capacidade de sentir as emoções de outra pessoa é a essência da compaixão." E Dean também faz a diferenciação entre pensamentos e sentimentos, na comunicação.
Para melhorar a comunicação, diz ele no livro Amor e Sobrevivência, precisamos reforçar o amor e a intimidade. Como? Seguindo 4 preceitos básicos: 1. Identifique o que você está sentindo 2. Revele o que está pensando. 3. Ouça atentamente o que a outra pessoa está sentindo. 4. Preste atenção ao sentimento da outra pessoa com empatia, interesse e compaixão.
Porque os pensamentos de outras pessoas nos irritam muito mais do que os sentimentos delas. Exemplo: Eu acho que você está fazendo uma enorme besteira. Ou: Eu sinto que você está fazendo uma enorme besteira (normalmente, quem fala com sentimentos ameniza as suas próprias palavras e poderia dizer: 'Está me parecendo que você está fazendo uma coisa que poderá prejudicá-lo'.) Deu para sentir a diferença? Mas para nos comunicarmos usando mais os sentimentos do que os pensamentos (claro que os pensamentos também são muito importantes, afinal para escrever tudo isso é claro que estou pensando) é necessário ser autêntico sempre (ou sempre que possível) e praticar muito.
(Aqui entre nós, sei de gente que vai me cobrar sobre este artigo, dizendo: 'Nem sempre você faz o que você escreve.' Eu sei disso, mas estou praticando e, para quem era supercrítico e de uma irritabilidade enorme, sinto que já melhorei um pouquinho.
Pratique e você vai gostar e as outras pessoas também vão gostar, e assim, estaremos desenvolvendo o poder curativo da compaixão.
Agora, o probleminha de sempre, já que os leitores estão gostando e procurando resolver os probleminhas que colocamos no final de nosso artigo.
Veja este exemplo: Socorram-me subi no ônibus em Marrocos.
Leia essa frasezinha de trás para frente, sem considerar o acento. Ah, é a mesma frase de quando lemos normalmente, da frente para trás, certo?
Então, o problema é simples (mas meio difícil): criar uma nova frase que é igualmente lida dos dois jeitos. Envie sua frase para [email protected] e você ganha um exemplar do nosso Jornalternativo. E veja também o nosso site link