Matrix Capítulo 3: A visita ao Oráculo e o traidor
por Rodolfo Fonseca em Corpo e MenteAtualizado em 24/08/2001 13:18:24
Sentindo que Neo está pronto, Morpheus o leva para conhecer o Oráculo. Toda a equipe é inserida no mundo da Matriz e segue em missão. Ao entrar na humilde casa onde o oráculo reside, Neo – aguardando ser atendido - depara-se com várias crianças, cada uma manifestando uma espécie de poder oculto. Outros “predestinados” em potencial, como o próprio Neo.
Finalmente Neo é chamado e encontra uma senhora nos seus 50 anos preparando bolachas na cozinha. Começa então um dialogo onde Neo deixa claro que não acredita ser o “predestinado” e também pensa que ninguém pode controlar o seu destino. A sábia senhora diz que ele tem o Dom, mas parece que Neo está esperando algo... e ela lamenta que esse “Dom” não será desperto nessa vida... mas também o alerta para um futuro problema com Morpheus, dizendo que este, em caso de necessidade, estaria disposto a sacrificar a sua própria vida para salvar a de Neo.
Ao tentar sair da Matriz, numa cilada, todos são surpreendidos pelos super-agentes da Maquina e na fuga, para proteger Neo, Morpheus fica para trás e é capturado. A traição foi perpetrada por Cypher, que, por estar cansado de receber ordens de Morpheus e lutar contra a Matriz, tinha feito um acordo para ser novamente inserido no sistema, entregando seus colegas. Para piorar a já desastrosa situação, Cypher é o primeiro a voltar à nave de base, que se encontra fora da Matriz, rendendo todos os tripulantes e começando a eliminar integrantes do grupo que ainda estavam mentalmente dentro da Matriz desconectando os aparelhos de seus corpos. Felizmente o operador da nave, mesmo que gravemente ferido, consegue controlar a situação e eliminar o traidor pouco antes que ele consiga matar Neo e Trinity.
Conclusão e comentários:
Morpheus leva Neo para dentro da matriz para ver o oráculo. Os oráculos são como instrumentos de auto-investigação inconsciente como as Runas e o Tarot - que podem fornecer respostas sobre nós mesmos com base na situação que estamos vivendo, de uma forma quase magica e para muitos incompreensível e inaceitável, mas extremamente efetiva.
Ao chegar na casa do Oráculo e ver toda a aquela simplicidade (Uma casa muito modesta), Neo se predispõe a não acreditar em suas iminentes revelações, alimentando aí um sentimento muito conhecido por nós: o preconceito.
Neo ainda crê que tem controle sobre sua vida e não acredita no destino, e por isso as revelações que o oráculo faz sobre a sua capacidade especial de pouco adiantariam nesse momento; vai ser preciso ainda mais sofrimento e vivência. A sábia mulher começa a surpreende-lo com seu conhecimento, mas a mente de Neo ainda está muito descrente. É difícil passar parte da sua vida, baseando-se em conceitos pobres e limitadores, e de repente tornar-se flexível, aberto e disponível para novos ideais e estilos de vida. Não podemos aqui julgar a descrença de Neo e sim tentar perceber como nós reagiríamos em uma situação similar que colocaria à prova todo nosso sistema de crenças.
É fabuloso encontrar neste trecho a abordagem ao milenar Oráculo de Delfos, com a placa sobre a porta da cozinha que leva a inscrição em Latim “Tecum Nosce” mais lembrado como “Conhece-te a ti mesmo”.
Outra parte interessante é a traição do fraco Cypher. Após anos vivendo e lutando fora da Matriz, arrependido por ter escolhido o caminho da liberdade, cansado de receber ordens de Morpheus e ainda sem resultados efetivos, o frustrado Cypher desiste da luta. Ele quer voltar à Matriz e à sua vida falsa e irreal, porém prazerosa; acaba traindo seus próprios companheiros e por fim é eliminado. Podemos chama-lo de o Judas da Matriz. Mas esse Judas ajudou a despertar a coragem em Neo que tentará salvar Morpheus e concretizando assim as previsões do Oráculo.
Prepare-se para os 2 próximos capítulos!