O prazer de viajar... relatos da Índia
por Renata Idargo em Corpo e MenteAtualizado em 27/10/2006 11:33:49
Tem gente que arrepia só de pensar em viajar. Arrepia de prazer ou arrepia de medo... Se tem uma coisa que mexe com a gente, é viagem.
A gente sai da zona de conforto e se atira para o novo. Viajar não é só sair de um lugar e ir para outro, é muito mais que isso. Quando a gente viaja, de verdade, experimenta acordar em horários diferentes, sente cheiros, sons, gostos, tudo diferente. Isso desperta coisas em nós que a gente nem sabia que existiam.
Comecei a viajar faz 34 anos, ao sair do útero da mamãe... fiquei encantada com a luz que vinha do lado de fora e tive vontade de querer ver mais coisas diferentes. A dor que eu senti foi grande, mas compensada pela quantidade de sensações maravilhosas que surgiram nesta iniciação. Desde então não parei mais...
Não importa a distância que você vai percorrer. O que importa é como você se permite viajar, em qualquer lugar que seja. Tanto em Mogi das Cruzes, quanto na Índia, é possível passar pelo processo de iniciação que uma viagem proporciona.
O que é preciso para alcançar a transformação quando viajamos, é simplesmente estar em cada um dos lugares de corpo, mente e alma abertos. A gente nunca sabe como irá responder diante de uma nova situação. É legal perceber como podemos ser criativos ou fechados diante do novo.
No mês passado, estive na Índia e aconteceu de novo.... Aconteceu a passagem.... Não sei exatamente quando começou o processo, mas hoje não sou mais a mesma pessoa que embarcou às 18h25 do dia 24 de setembro. Assim que entrei o avião, o som já não era mais o mesmo, havia outras línguas, outras roupas...
A primeira coisa que comprei na Índia foi um (Peça de roupa de seis metros de comprimento que todas as mulheres usam nas ruas) Saree(*). Passei a me sentir a própria princesa! É impossível uma mulher não se sentir linda usando isso!!! Experimentei todas as especiarias mais apimentadas do mundo que eu pude.
Meditei suavemente a cada manhã, numa terra em que as pessoas já nascem meditando... como foi fácil... lá o ar carrega uma energia pulsante, única, indescritível... Tentei me adaptar ao sentar de cócoras para os exercícios, mas isso requer mais treinamento, ou melhor, mais idas à Índia. Lá as pessoas assumem – e permanecem nesta posição com - uma facilidade de dar inveja.
(O Deus que existe em mim saúda o Deus que existe em Você) Namaste(*)... a encantadora saudação que o povo troca ao juntar as palmas das mãos, dobrando-se sorrindo para a frente... a cada Namaste minha alma se enchia de gratidão.
Demorei umas semanas pra me adaptar a esta nova fase pós-Índia porque, depois de uma iniciação, a gente tem que se readaptar à nova condição em que nos encontramos, pois mudam os paradigmas a partir do momento em que experimentamos novas formas de lidar com a realidade que conhecíamos.
Trouxe pra casa, além de fotos, sarees e incensos, um novo olhar, pois a Renata de antes era outra pessoa que, assim que puder, vai viajar novamente, pra Praia Grande ou pra Parelheiros, mas com a mesma vontade de me dar a oportunidade de olhar a vida com outra visão, com uma lente ainda mais de unidade.
Este é o maior benefício de viajar, fazer com que a gente possa ter outras referências, quebrar conceitos e preconceitos, integrar culturas, diversificar, ampliar a mente, a percepção; fazer amigos, dar e receber o carinho fraterno em qualquer parte do mundo.
Não importa pra onde você for... deixe o novo se apresentar como vier e APROVEITE a chance pra se conhecer melhor diante de situações inesperadas e você irá encontrar dentro de você uma pessoa nova que poderá lhe surpreender.