Sua relação afetiva está doente?
por Rosemeire Zago em Corpo e MenteAtualizado em 20/03/2009 16:20:26
Muitas vezes nos encontramos sofrendo e ignoramos os sinais evidentes que o relacionamento que estamos mantendo não está bem e, mesmo assim, continuamos a investir nosso tempo, damos nosso amor e ignoramos os sinais e nossos sentimentos. Chegamos a ter sintomas físicos e sequer associamos com a relação afetiva que mantemos. Geralmente fazemos isso por motivações inconscientes. Recriamos situações do passado, com o intuito inconsciente, de resolvermos essas mesmas situações. E assim, mantemos os conflitos originais e perdemos a oportunidade de criarmos relações saudáveis ao permitir que nos façam sofrer e ainda lamentamos se essa mesma pessoa for embora de nossa vida. Choramos desesperadamente, e nos esquecemos completamente do quanto estávamos, ou ainda estamos, sofrendo.
Ignoramos nosso valor enquanto pessoa e fazemos de tudo para que essa relação doentia se estabeleça novamente, caso ela tenha terminado. Dificilmente, percebemos que estamos tão doentes quanto nossa relação. Para identificar como está sua relação afetiva, responda sinceramente às perguntas que estão abaixo:
Ouve constantemente o outro dizer que não teve tempo de te ligar?
As palavras raramente são coerentes com as atitudes? Ou seja, o outro diz uma coisa e demonstra outra?
A realidade está muito distante do que gostaria que fosse?
Está sempre suportando demais, tornando seus próprios limites acima do suportável?
Têm tido alguns sintomas físicos, como dores musculares constantes, enjôos, vontade de vomitar, dores de estômago, febre, urticária ou algum outro sintoma?
Não há mais objetivos em comum, não querem e nem lutam pelas mesmas coisas?
Sente-se inseguro constantemente?
Tem feito a maioria dos programas sozinho, porque o outro nem sempre quer acompanhar?
Você se sente sempre triste? Tem chorado praticamente todos os dias?
Deseja controlar o outro com o intuito de ter mais controle na relação?
Os beijos estão ficando escassos? A relação sexual não tem mais o mesmo calor e tesão de tempos atrás?
O diálogo passou a ser uma troca de cobranças, críticas, acusações e agressões?
Acontecimento do passado tem sido lembrado com freqüência, principalmente durante as brigas?
Tem se sentido sem energia, cansado?
Não se sente muito importante para o outro, que sempre tem outras coisas para fazer e que você não está incluído?
Sua auto-estima está baixa?
Tem feito muito mais coisas para o outro, esquecendo-se muitas vezes de si mesmo?
Está sempre esperando que o outro mude, ou ao menos, volte a ser como era antes?
Vocês tem tido mais brigas que momentos de tranqüilidade, harmonia e paz?
Está sempre esperando ou pedindo mais atenção, carinho, demonstração de amor?
Sente falta de ter alguém para ouvir como foi seu dia, suas dificuldades?
O diálogo, onde cada um fala de seus próprios sentimentos está cada vez mais escasso ou nunca existiu?
Sente-se sozinho mesmo quando acompanhado?
Infelizmente esses são apenas alguns sinais de uma relação afetiva doente, pois ainda há situações de traições, mentiras, que sequer foram incluídas. Mas se suas respostas às questões acima foram mais “sim” do que “não”, provavelmente seu relacionamento afetivo está com problemas, para não dizer doente. Geralmente quando nos permitimos manter uma relação doentia, ela pode estar refletindo a doença de ambos e nesse caso é preciso muita disposição interna para enfrentar a situação da maneira que se apresenta, se desejamos que a relação, ou nós mesmos, sejamos curados.
O assunto é tão sério que muitas pessoas chegam a desenvolver algumas doenças ou têm sintomas e ignoram que isso seja a somatização daquilo que estão vivenciando. Por exemplo, a febre pode representar a raiva de determinada situação; a vontade de vomitar pode manifestar uma dificuldade em digerir alguma situação; as dores musculares podem indicar a tensão interna pelo qual está passando. Esses são apenas alguns dos sintomas mais comuns quando algo não vai bem não apenas no aspecto físico, mas principalmente no emocional. Caso esteja tendo algum desses sintomas, relacione com suas dificuldades atuais e pense se o seu corpo não está apenas refletindo seus sentimentos mais profundos.
Mas é possível se curar, buscando uma relação saudável, ou refletir se vale à pena continuar mantendo esse relacionamento. Analise como está sua relação, caso ainda a tenha, ou como foi sua última relação. É isso que deseja para você? Se pensar em como gostaria que fosse um relacionamento, o que você está tendo está próximo disso? O primeiro passo para a cura é identificar os sinais, refletir sobre as dificuldades pessoais e o quanto seu próprio histórico de vida pode estar refletindo na relação. Depois é imprescindível uma conversa franca com o outro, sem acusações ou busca por culpados, mas com o desejo sincero de tornar a relação saudável. Durante essa conversa é importante perceber se há disposição do outro em aceitar também a responsabilidade da relação estar como se mostra e se deseja tanto quanto você se comprometer com a melhora. Se isso não acontecer dependerá de você saber o que é melhor.
Há pessoas que chegam a se sentir culpadas em querer que a outra pessoa demonstre o amor que sente. Claro que cada um tem seu próprio jeito de demonstrar amor, mas algumas coisas são básicas em um relacionamento. Como alguém pode se sentir importante e valorizado tendo constantemente que pedir atenção e amor? Como se sentir seguro quando nos relacionamos com alguém que age como se tudo é mais importante que nós?
Claro que é inevitável ter expectativas quando nos relacionamos com alguém, mas isso é muito diferente de ignorar a realidade só para manter a relação, principalmente, quando os sinais são evidentes e insistimos em ignorá-los, perpetuando assim, nosso sofrimento. Muitas vezes a realidade está muito distante da verdade que gostaríamos e insistimos em acreditar. Mas lidar com a realidade, respeitando os sinais, ainda que nos cause muito sofrimento, talvez seja a maneira mais saudável para criarmos um caminho muito mais iluminado que a escuridão em que algumas vezes nos encontramos e que, infelizmente, ignoramos.