A dança macabra
por Wilson Francisco em EspiritualidadeAtualizado em 07/02/2007 16:58:49
Gostei muito do seu texto: Doenças - Causas e Funções, diz Simone, uma internauta cuja luz interior está atualmente apagada, empobrecida pelas vicissitudes da vida.
Gostaria que o Sr. definisse o porquê uma pessoa acaba tendo um A.V.C. (derrame) após uma discussão com o ex-marido. Ficaram as seqüelas durante 60 dias e 1 ano depois veio o diagnóstico cruel: você é portadora de Esclerose Múltipla. Essa pessoa sou EU, hoje tenho 35 anos.
A história de Simone é dramática e ilustra muito bem um assunto que desenvolvi recentemente no artigo Delitos e Avisos, sobre os efeitos de atitudes insanas ou inconseqüentes em nossa vida e relacionamento.
Tempos atrás, fui atender o caso de uma mulher, Eliziete. Ela estava com esclerose múltipla - pelo menos as manifestações mostravam esse processo. Não reconhecia objetos como uma colher, um prato, e sua mobilidade era limitada. No entanto, após os exames, o médico orientou: a senhora está num estresse nervoso muito acentuado, só isso. Nada fora encontrado que pudesse sinalizar como sendo esclerose múltipla. Apesar disso, ela continuou a ter todos os sintomas da doença.
Descobrimos, que ela vivia um drama grave: seu marido estava se ausentando e iria deixá-la, trocando-a por outra mulher.
Para isso, não tínhamos processo algum, fizemos conexões espirituais de apoio, libertando-a do assédio de espíritos que a atormentavam, aproveitando-se do seu estado de instabilidade nervosa e emocional. E conversamos muito, sinalizando projetos, caminhos e decisões que poderiam devolver a ela a tranqüilidade e a vontade de viver. Em pouco tempo, recuperou a sua saúde e a esclerose múltipla desapareceu.
Não, não é milagre. Na verdade, estados depressivos severos, alterações do sistema nervoso, traumas e outros processos podem gerar no organismo “doenças psíquicas”, não radicadas no corpo, mas evidentes no comportamento. Se não forem impedidas de se desenvolver poderão alastrar-se e fincar raízes que transformam uma criatura sadia num doente.
Maurilius era um homem muito forte e risonho. Tinha mulher e um filho e viviam bem. Um dia ele estava numa festa na casa de amigos. Terminou a dança e foi para um canto tomar uma bebida. Do lado dele estava um velho, fumando seu cachimbo. Era uma criatura interessante, falava coisas, fazia adivinhações e era conhecido na redondeza porque tinha a faculdade de ver o mundo espiritual.
O homem olhou para o Maurilius e disse: olha, meu jovem, tome cuidado com a sua vida, enquanto você dançava com sua mulher, o capeta se intrometia na sua dança, muito sarcástico. Maurilius riu, encarando o aviso como se fosse uma brincadeira. O visionário o olhou de cabo a rabo e se foi, praguejando contra o desdém do moço.
Na noite seguinte em sua casa, a mulher acordou sobressaltada com o barulho que ouvia ao seu lado, junto da cama. O marido estava caído, tentando se arrastar, sem forças para movimentar o corpo. Maurilius estava tetraplégico, ou seja, sem qualquer movimento dos pés até o pescoço. Foi socorrido e levado ao hospital.
Foram anos de muito tratamento e lutas infindas. Com muita coragem e o auxilio da esposa, uma mulher extraordinária, conseguiu recuperar o movimento dos braços e em sua casa orientava deficientes físicos na recuperação dos movimentos.
Acompanhei esse processo por alguns anos, fizemos todo tipo de apoio, sem resultado. Um ótimo neurologista de São Paulo que desenvolvia um trabalho muito humano junto de crianças deficientes falou comigo uma vez: Este seu amigo não apresenta nenhuma patologia na área neuronial. É complicado prescrever qualquer medicação pela falta de sinais nos exames. Maurilius deixou o corpo, levando para o mundo paralelo a sua alegria e vontade de viver. E o enigma da dança com aquele espírito maligno permanece até hoje em minha mente.
Uma coisa eu entendo, revolta expressiva, mágoas profundas e tantos outros estados de anomalia nervosa ou emocional podem causar danos grandes em nosso corpo.
Será que a Simone pode se recuperar, como aconteceu com a Eliziete? Sim é possível, se o seu desarranjo for apenas nos limites da raiva, da tristeza. Mas há casos em que a criatura já possui uma predisposição orgânica, então as conseqüências podem ser fatais e irremediáveis.
Por outro lado, sabemos que a intromissão de um Espírito Maligno, num processo de doença ou estado de desequilíbrio podem acarretar para o paciente muito mais efeitos nocivos que a própria doença causaria. No caso do Maurilius, eu soube que um pouco antes da dança macabra, ele se desentendera com seu pai, tendo uma discussão violenta. E saibam todos, independente de nossas razões e direitos, um desentendimento com pai ou mãe traz agravantes sérias para nosso corpo e alma. Mas esta história da interferência de pai e mãe em nosso psiquismo é assunto para um outro artigo. Até lá.