A doença emocional
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 22/01/2009 11:24:41
Tão ou mais dolorosa do que a doença que se manifesta no corpo físico, é aquela que tem origem no corpo emocional e pode tornar a vida da pessoa um verdadeiro inferno, impedindo-a até mesmo de exercer qualquer tipo de atividade corriqueira.
A doença emocional pode ter causas diversas mas, regra geral, tem suas raízes fincadas na maneira como aquele ser foi introduzido na experiência da vida. Cada ser humano reage de maneira única ao meio em que está exposto em seu processo de desenvolvimento.
Estas diferenças são determinadas fundamentalmente pelo DNA cósmico, definido pelas posições do Sol, da Lua e do ascendente na carta astrológica natal. Os desafios mais importantes a serem encarados por cada indivíduo, também estão definidos no mapa de nascimento e são eles que determinarão se a jornada atual será leve ou pesada.
Mas de nada adianta tomar conhecimento destas informações, se não existir na pessoa uma determinação inabalável em levar avante este processo de autoconhecimento e procurar toda ajuda necessária para vencer as limitações geradas por sua história de vida.
Trilhar o caminho de volta à nossa verdadeira natureza pode parecer a muitos um exercício árduo, mas nunca tivemos tantos instrumentos a nos facilitar o caminho.
Felizmente hoje dispomos de um vasto arsenal de técnicas alternativas para complementar a medicina tradicional, que se apóia apenas na terapia medicamentosa. As terapias florais, o Reiki, a técnica do Renascimento, costumam apresentar resultados muito positivos no tratamento da doença emocional.
Mas, para que a cura seja integral, é preciso atingir níveis mais profundos do ser, aqueles que se relacionam com nossa origem espiritual. Neste aspecto, nenhum outro recurso é mais eficaz que as técnicas de meditação. Somente elas nos permitem acessar a fonte de onde se origina a paz e a felicidade que todos possuímos em potencial e com a qual chegamos ao mundo.
A necessidade básica
Sigmund Freud disse em algum lugar que o homem nasce neurótico. Isso é uma meia-verdade. O homem não nasce neurótico, mas ele nasce em uma humanidade neurótica e a sociedade à volta deixa todo mundo neurótico mais cedo ou mais tarde. O homem nasce natural, real, normal, mas no momento em que a criança se torna parte da sociedade, a neurose começa a funcionar.
... a neurose consiste em uma divisão - uma profunda divisão. Você não é um: você é dois ou mesmo muitos... Seu sentimento e seu pensamento tornaram-se duas coisas diferentes: essa é a neurose básica. Sua parte que pensa e sua parte que sente se tornaram duas e você está identificado com a parte que pensa, não com a parte que sente.
E sentir é mais real do que pensar; sentir é mais natural do que pensar. Você nasceu com um coração que sente, mas o pensar é cultivado: ele é dado pela sociedade. E seu sentimento se tornou uma coisa reprimida. Mesmo quando você diz que sente, você somente pensa que sente. O sentimento tornou-se morto e isso aconteceu por certas razões.
Quando uma criança nasce, ela é um ser sensível: ela sente coisas. Ela não é ainda um ser que pensa. Ela é natural, exatamente igual a qualquer coisa natural na natureza - exatamente como uma árvore ou como um animal. Mas nós começamos a moldá-la, a cultivá-la. Ela tem de reprimir seus sentimentos, porque sem reprimir seus sentimentos ela está sempre atormentada.
Quando ela quer chorar, ela não pode chorar porque seus pais não aprovarão. Ela será condenada. Ela não será apreciada, não será amada. Ela não será aceita como ela é. Ela deve se comportar; ela deve se comportar de acordo com uma determinada ideologia, determinados ideais. Somente então ela será amada.
O amor não virá para ela como ela é. Ela somente pode ser amada se seguir certas regras. Essas regras são impostas; elas não são naturais. O ser natural começa a se tornar reprimido, e o não natural, o irreal, é imposto sobre ela. Este irreal é sua mente; e chega um momento em que a divisão é tão grande que você não pode transpô-la.
Você continua se esquecendo completamente qual era - ou é - a sua natureza real. Você é uma face falsa - a face original foi perdida. E você também está com medo de sentir a original, porque no momento em que você a sentir, toda a sociedade estará contra você. Assim, você mesmo é contra a sua natureza real.
Isso cria um estado muito neurótico. Você não sabe o que você quer; você não sabe quais são suas necessidades reais, autênticas. E então você continua atrás de necessidades não-autênticas, porque somente o coração que sente pode lhe dar o sentido, a direção, de quais são as suas necessidades reais. Quando elas são reprimidas, você cria necessidades simbólicas. Por exemplo, você pode continuar comendo cada vez mais e mais, empanturrando-se com comida e você pode nunca sentir que já está satisfeito.
A necessidade é de amor; não é de comida. Mas a comida e o amor estão profundamente relacionados; assim, quando a necessidade de amor não é sentida, ou é reprimida, uma necessidade falsa por comida é criada e você pode continuar comendo. Como a necessidade é falsa, ela nunca pode ser satisfeita e nós vivemos em falsas necessidades.
É é por isso que não existe satisfação.
Você quer ser amado; essa é a necessidade básica - natural. Mas ela pode ser desviada para uma falsa dimensão. Por exemplo, a necessidade de amor, a necessidade de ser amado, pode ser sentida como uma necessidade falsa se você tenta desviar a atenção dos outros para si. Você quer que os outros prestem atenção em você; assim, você pode se tornar um líder político.
Grandes multidões podem prestar atenção em você, mas a necessidade básica real é de ser amado. E mesmo que todo mundo esteja prestando atenção em você, essa necessidade básica não pode ser preenchida. Essa necessidade básica pode ser preenchida até mesmo por uma única pessoa que o ame, que preste atenção em você devido ao amor.
Quando você ama alguém, você presta atenção nessa pessoa. Atenção e amor estão profundamente relacionados. Se você reprime a necessidade de amor, então, ela se torna uma necessidade simbólica; então, você precisa da atenção dos outros. Você pode tê-la, mas, então também, não haverá preenchimento. A necessidade é falsa, desconectada da necessidade natural, básica. Essa divisão na personalidade é a neurose.
OSHO, em O Livro dos Segredos.