A Dúvida
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 08/04/2020 11:34:56
Um dos primeiros passos para que nos libertemos das crenças a que fomos condicionados, é a dúvida. Começar a duvidar daquilo que nos foi imposto como verdade é um sinal dos mais positivos.
Ele representa o início da viagem ao encontro de nosso verdadeiro ser e, embora possa ser assustador, a princípio, se formos capazes de prosseguir neste caminho, certamente chegaremos a valiosas descobertas. Em muitas circunstâncias da vida, a dúvida é algo saudável e não deve ser vista como uma fraqueza.
Há outras situações, entretanto, em que precisamos fazer uma escolha, mas a dúvida nos domina. De um modo geral, já sabemos em nosso coração qual é a decisão que devemos tomar. Entretanto, ficamos paralisados, com medo de assumir a responsabilidade por nossa escolha.
De fato, às vezes, o preço a ser pago é alto. Nestes momentos, o pior que podemos fazer é nos deixarmos dominar pelo medo, sufocar o nosso desejo mais profundo e permanecer na estagnação.
Saber distinguir entre a dúvida que nos leva ao crescimento e aquela que nos paralisa é um desafio permanente. A saída, mais uma vez, é olhar para dentro e deixar que a resposta surja a partir de nossa alma, do que acreditamos de modo absoluto ser imprescindível para a nossa felicidade.
Para muitas pessoas, esta afirmação pode soar inusitada e até mesmo irresponsável. Elas foram educadas para jamais ter dúvidas e seguir sempre o caminho já conhecido que as leve a agir baseadas em certezas.
Ocorre que as certezas só têm real valor quando surgem a partir de nossa própria vivência, daquilo que experienciamos ao seguir nosso coração. A sensação de felicidade e paz interior é o único critério em que podemos nos basear para ter a certeza de que estamos no rumo certo.
"...A criança é pura inteligência, pois ainda não está contaminada. Ela é uma lousa em branco; nada está escrito sobre ela. Uma criança é um vazio absoluto, é uma tabula rasa.
A sociedade imediatamente começará a escrever que você é cristão, católico, hindu, muçulmano, comunista.... Ninguém quer um rebelde, e a inteligência é rebelde.
Ninguém quer ser questionado, ninguém quer que sua autoridade seja questionada, e a inteligência é questionadora. A inteligência é pura dúvida. Sim, um dia, a partir dessa pura dúvida, surge a confiança, mas não contra a dúvida; ela cresce somente por meio da dúvida.
...A dúvida é a mãe da confiança. A confiança real vem somente por meio da dúvida, do questionar, do indagar. E a confiança falsa, que conhecemos como crença, vem pelo matar a dúvida, pelo destruir o questionamento, pelo destruir toda a investigação, a indagação, a procura, pelo dar às pessoas verdades prontas.
...Esse é o meu trabalho. Você veio como uma máquina, muito ajustada, cheia de memórias, de informações, de erudição, absolutamente na cabeça, pendurada na cabeça. Você perdeu todo o contato com o seu coração e o seu ser. Empurrá-lo para baixo, em direção ao coração, e depois ao ser, é realmente uma tarefa difícil.
...A inocência é sua verdadeira natureza. Você não precisa se tornar inocente, você já é inocente. Você nasceu inocente. Então, camadas sobre camadas de condicionamento foram impostos sobre sua inocência.
...A inteligência não é contra a inocência, lembre-se. A inteligência é o sabor da inocência, a fragrância da inocência. A astúcia é contra a inocência; e a astúcia e a esperteza não são o mesmo que inteligência.
Mas, para ser inteligente é necessária uma tremenda jornada interior. Nenhuma escola, nenhuma faculdade e nenhuma universidade podem ajudar.
...Não se comporte como um papagaio, não siga vivendo baseado em informações emprestadas. Comece a procurar e a buscar a sua própria inteligência".
OSHO, do livro, Inteligência, a resposta criativa ao agora.