A entrega no amor
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 08/04/2020 11:35:04
O medo do amor advém da nossa inexperiência em vivenciá-lo, não como algo limitador, mas como uma poderosa onda de energia. Quando nos entregamos, permitindo que ela nos invada sem qualquer resistência, estamos dando expressão a algo muito maior e mais elevado do que um simples desejo de relacionamento.
No instante em que esta entrega se torna absolutamente natural, necessária, essencial, ela nos enche de coragem e faz desaparecer como por encanto nossos temores, nossa insegurança e as crenças negativas que acumulamos ao longo da vida, quando ainda vivíamos o amor de forma carente, ilusória, imatura.
Mas viver nesta nova dimensão só se torna possível, no momento em que passamos a conhecer profundamente a nós mesmos, e olhamos sem medo para nossas reais necessidades, abandonando todas as crenças e fantasias impostas pelo mundo exterior.
O julgamento alheio não mais nos atinge, quando temos total consciência do que de fato precisamos para ser felizes. Só então nos tornamos totalmente disponíveis para nos deixar levar por essa força poderosa, que nos faz conhecer uma outra dimensão do prazer, onde o êxtase amoroso se torna a expressão do divino.
..."A obediência é um fenômeno social - o amor é individual. Você ama uma mulher, ama um homem... entregue-se. E quando você estiver se entregando, lembre-se: a entrega não é à mulher, a entrega não é ao homem: a entrega é ao incorpóreo Deus do amor - os dois estão se entregando ao amor. Assim, não se trata de uma questão de dominação: no amor verdadeiro não há nenhuma dominação, absolutamente.
O homem rendeu-se ao amor, a mulher rendeu-se ao amor - agora o amor penetra seus seres. Isso não é a obediência comum, ordinária; não tem nada a ver com a obediência que nos contaram, nos ensinaram, nos condicionaram. Trata-se de um fenômeno totalmente diferente, muito misterioso.
Quando duas pessoas se entregam ao amor, e o amor toma posse delas, ninguém é dominador e ninguém é dominado, ninguém está mais elevado do que o outro. Na verdade, nenhum dos dois existe. E então, algo sumamente importante começa a acontecer:
Deus começa a acontecer. Então, ambos falam a mesma linguagem.
...O homem pode entregar-se à sua amada, mas a entrega é possível somente quando ele viu na amada algo do desconhecido, do misterioso - Deus vem na forma da amada, ou do amado. A entrega é um valor espiritual; a obediência é um valor político"...
Osho, Philosophya Perennis.