A Loja
por Jaime Benedetti em EspiritualidadeAtualizado em 21/11/2003 16:02:37
Imagens Mentais
Canalizada por: Izabel Telles
A imagem é a de um carro preto, um antigo Ford bigode, que está parado na calçada, na rua de paralelepípedos numa espécie de vila, onde existem tendas dos dois lados com lojas.
Você abre o porta malas deste carro e começa a levar para dentro desta loja caixotes e caixotes de papelão bastante pesados, descarregando-os no interior da loja. Esta loja estava abandonada, cheia de teias de aranha, cheia de poeira, uma loja onde há muito tempo ninguém entrava. Você descarrega caixotes e dentro desses caixotes estão vários objetos para venda: potes, jarros, tecidos, canecas, cobre, tapetes...
Você está começando a limpar esta loja. Com uma escada, um balde, água e escova, você está escovando essas prateleiras, limpando as paredes, caiando tudo de novo.
Tinha naquela loja, um balcão igual aos das lojas de antigamente, daqueles de vidro, onde ficavam expostas as mercadorias. Você tira as gavetas, você limpa, você troca as fechaduras, troca chaves, troca vidro, forra tudo, limpa tudo, ilumina tudo, põe lâmpadas no teto, muitas lâmpadas no teto e começa a expor a sua mercadoria.
A vitrine, antes abandonada – fora os ratos e as baratas - está absolutamente renovada, com tudo exposto, o vidro todo jateado com desenhos de flores lindas, num capricho, um chão agora limpinho, uma porta com uma campainha que toca quando ela abre, um tapete vermelho na porta, a calçada toda refeita e você atrás do balcão negociando, vendendo, trocando, agitando, prosperando... É como se a sua mente tivesse trocado o caos pela prosperidade.
É como que a sua mente tivesse pego uma situação de decadência, de abandono e tivesse dado a isso energia, força e recursos. O aspecto dessa loja é magnífico, tudo em ordem, tudo limpo e as pessoas entram, as pessoas saem, as pessoas compram. Há uma vida acontecendo ai!
Nessa porta, onde você fez renascer este negócio, tem sete ou oito fechaduras e você tranca esta porta quando sai, de uma forma muito cuidadosa, muito profunda, impedindo que este lugar seja invadido ou assaltado. Você cuida de tudo com muita atenção, muito carinho, está muito alerta. Você sabe o quanto custou esta renovação, então a sua porta tem muitas trancas e muitas chaves e no fim do dia quando você sai desse lugar, você gasta um bom tempo, fechando, fechando, fechando, fechando chaves e checando se está tudo fechado, se está funcionando, para que ninguém consiga abrir.
Você sai desse lugar que é todo de paralelepípedos e no centro dessa praça onde estão todas essas lojas, esses negócios - parece a França ou Itália também - parece uma coisa de vila européia, tem uma igreja alta, muito alta, com uma torre gótica que vai quase bater lá no céu, todo cheia de luzinhas e você sobe a escadaria dessa igreja mansamente, passo a passo, vagarosamente e chegando na porta desta igreja, você coloca uma espécie de boina que você traz e você entra nesse templo. É um templo bastante bonito de vidros translúcidos e coloridos. Há uma sensação ai de uma luz muito suave, muito poderosa e você caminha até o meio deste templo, o centro dele. Do alto do céu, lá de cima, da cúpula desse templo, bem no centro onde você está, entra um facho de luz sobre a sua cabeça, como se fosse uma luz de neon azulado. Você se ajoelha e com todo o respeito, você recebe esta luz como estivesse sendo batizado ou recebendo mesmo uma benção, uma inspiração divina, vamos dizer assim.
Ao seu redor, nos bancos desta igreja, as pessoas olham para você e todos comentam uns com os outros. Comentam assim: Todo mundo fechou os negócios, só ele conseguiu se manter de pé. É, fulano faliu, ele não, ele conseguiu se manter. Parece que você virou nessa imagem o foco de atenção dessas pessoas todas que estão ao seu redor, como fosse um iluminado, como uma pessoa diferente das outras, como uma pessoa que vai buscar essa benção, essa luz, essa proteção.
O dia escurece e você fica lá muito tempo e sai com o boné na mão, cabisbaixo, numa atitude de muito respeito vem descendo as escadarias dessa igreja. No centro desta praça, onde fica essa igreja, tem uma fonte. Nessa fonte você se lava, lava as suas roupas, lava o seu rosto, lava a sua cabeça, lava como se houvesse ali um batismo, como se houvesse uma mudança de estado também, uma limpeza, uma renovação, o trazer para si uma situação de renovação, de purificação. Um novo batismo, vamos chamar assim.
As lojas dessa rua estão todas meio escuras. A sua loja é muito iluminada. Ela é de um verde clarinho, de onde sai uma luminosidade grande de dentro e de fora. É uma loja que atrai as pessoas. Lembra muito aquele filme "Chocolate" em que a moça começa a fazer chocolate para fora, mas ela é tão poderosa que o chocolate dela faz com que as pessoas ao comerem se aproximem uma das outras. São chocolates que trazem a reconciliação. Então a loja dela acaba sendo a loja mais procurada da vila. Isso se passa na França ou na Bélgica e ai tem toda uma história. Um pouco isso, é como a sua loja fosse a loja do chocolate dela, onde simbolicamente, através de toda a fé que ela tinha, a espiritualidade, ela transmitia através dos chocolates aquela vivência dela de poder unir as pessoas.Você entra novamente na loja e atrás da loja existe um quintal. Este quintal é de terra e não tem mais nada, é de terra apenas para se plantar alguma coisa e termina num grande muro. Você pega uma enxada e planta nesse quintal seis mudas pequenas de árvores e enquanto você está plantando a segunda a primeira já cresceu e está dando pêssegos, enormes pêssegos e assim você está plantando a terceira e a segunda já está brotando, está na quarta e a terceira também brotou. Há uma fertilidade, um progresso enorme na sua mão. E como se estivesse vivendo com a sua mente a possibilidade de florescer, de prosperar e é como se estivesse vindo de um deserto e agora você está vivendo na abundância completa da luz, da terra, da água e da natureza.
Há uma mudança de estado, de progresso na sua mente. Ela está acontecendo, ela ainda está se formando ai, como um padrão, há uma mudança de padrão, vamos dizer assim.
Você colhe esses pêssegos, um por um, embala esses pêssegos em saquinhos de seda, põe esses saquinhos dentro de caixas e vai pondo essas caixas dentro de caminhões frigoríficos e esses caminhões vão levando as mercadorias. E o interessante é que esta árvore, este pessegueiro, é um pessegueiro que não pára de dar pêssego, você faz a colheita, quando você está na segunda árvore, a primeira árvore já está cheia de novo. É uma colheita sem fim, é uma abundância absoluta.
Dentro da sua mente também, tudo isso você está fazendo numa solidão muito grande. É você com você mesmo, não tem aqui outras pessoas. É um processo seu, íntimo, onde você está renovando, mudando, trocando o padrão; é onde as coisas estão renascendo de uma forma, de uma produtividade inesgotável, quase milagrosa. É uma coisa que não tem fim e você também é muito detalhista e muito fiel à sua causa, então ao empacotar esses pêssegos, você olha a fruta, você tira qualquer folhinha mais seca, põe no saquinho, torce a boca do saquinho, põe o saquinho na caixa, tudo arrumado milimétricamente de uma forma organizada, de uma forma bastante caprichosa, muito bem arranjada.
Não tem nada improvisado, tudo é certo, tudo é como deve ser!