A verdadeira função dos Oráculos
por Maria Guida em EspiritualidadeAtualizado em 19/05/2003 11:00:15
Na terra, historicamente, o oráculo foi uma das primeiras formas de relacionamento entre os seres humanos e a divindade.
No caos que acompanha todo final de era, os sobreviventes tendem a se organizar em grupos. Nesses grupos, aqueles que se mantêm conscientes de sua ascendência divina, colocam imediatamente em ação os seus poderes de cura para aliviar o sofrimento de doentes e feridos.
Buscando trazer algum tipo de conforto aos que se encontram muito perturbados, utilizam sua capacidade de alinhar os corpos sutis de seus semelhantes e lhes transmitem as orientações que recebem dos seus guardiões e instrutores.
Por fim, aumentando a sintonia com seu eu superior, identificam, nos acontecimentos do presente, sincronicidades e sinais que encerram conselhos para o futuro.
É assim que surgem, em todo o alvorecer das inúmeras eras que este planeta já testemunhou - desde o início de seu desenvolvimento - aqueles que hoje são conhecidos como canais.
Todo canal é um ser humano que se tornou consciente de sua conexão com a divindade. Alguém que reconhece e aceita sua natureza divina e permite que ela opere livremente, realizando o que deve ser feito, no momento em que deve ser realizado.
Quando um canal recebe de seu Eu Superior e de seus instrutores informações sobre acontecimentos passados, presentes ou futuros para orientar os indivíduos de seu grupo ou de sua comunidade, esse canal passa a ser conhecido e reconhecido como oráculo.
Curandeiros, pagés, feiticeiros, magos e bruxos de hoje e de todos os tempos foram e são canais em operação.
A função oracular é uma das primeiras exercidas pelo ser humano que despertou para a Luz. E também uma das mais perigosas e controversas.
Muitas foram as civilizações que cresceram e se desenvolveram apoiadas em oráculos.
Muitos seres humanos foram beneficiados pela intensificação de seu poder de canalização. Muitos também foram os que utilizaram essa capacidade em proveito próprio.
Para aumentar a concentração e ampliar a percepção durante a canalização das mensagens, os seres humanos que assumiram a função oracular desenvolveram rituais.
Alguns se sentiam mais à vontade em contato com a natureza, olhando para o movimento das nuvens ou para a superfície lisa de um recipiente com água. Outros manipulavam gravetos, moedas, conchas ou sementes.
Essa é a origem das bolas de cristal, das Runas, dos búzios, das moedas e varetas utilizadas no I Ching, e também das cartas do tarot.
Com o tempo, a atividade oracular passou a ser encarada não como um dom desenvolvido por aquele que realizava o ritual, mas um poder que emanava do ritual ou dos objetos manipulados. E é por isso que as Runas, os búzios, as varetas e as cartas utilizadas na atividade oracular são conhecidas também como oráculos.
Todos os seres que têm consciência de sua conexão com a divindade e utilizam essa conexão para orientar seus semelhantes com relação ao que já aconteceu, está acontecendo, ou vai acontecer, acabam por descobrir que podem prescindir dos rituais e dos objetos, já que a atividade oracular é apenas um subproduto da conexão com o mundo invisível.
E é por causa disso que qualquer pessoa que estabeleça uma conexão com o seu Eu Superior, pode obter respostas confiáveis, consultando qualquer tipo de oráculo, até mesmo pela Internet.
Como tudo o que existe no universo é manifestação da divindade, e tem um propósito definido, se a atividade oracular existe, ele deve ter também um propósito.
Quando alguém solicita que um canal realize uma atividade oracular, faz isso porque não acredita ser capaz de obter a orientação que precisa a partir de sua própria conexão com a divindade. Está vivendo uma experiência de separatividade. Está admitindo que não é capaz de estabelecer contato direto com o seu eu superior, ou que, pelo menos naquele momento, precisa de um intermediário.
Não há nada de errado nisso, até porque, todos os que já iniciaram o seu desenvolvimento espiritual sabem o quanto é difícil obter a percepção da totalidade, e mantê-la, principalmente quando nosso cotidiano está repleto de sofrimento e de incertezas.
Muitos dos que puseram os pés no Caminho podem testemunhar como foi importante a intermediação de um oráculo, num momento de crise, para restabelecer a conexão.
Aqueles que, de alguma maneira, têm acesso aos registros akáshicos*, e que realizam a atividade oracular para orientar e confortar seus semelhantes, não devem perder de vista o fato de que os seres humanos que procuram pelos oráculos estão precisando de algo muito mais importante do que o que lhes aconteceu no passado, ou o que vai lhes suceder amanhã.
Eles precisam ser orientados sobre a melhor forma de estabelecerem ou restabelecerem uma conexão pessoal com a divindade.
Por trás de qualquer uma das perguntas que eles possam fazer, está uma única e mais importante: “O que devo fazer para obter uma conexão pessoal e permanente com a divindade”?
E esse costuma ser o conteúdo implícito em qualquer uma das respostas.
Todas as inquietações, dúvidas e tormentos que levam um ser humano a consultar um oráculo escondem uma única, grande afirmação. A de que ele se sente separado da divindade e não é capaz de estabelecer uma comunicação pessoal com ela.
Diante dessa realidade, todo aquele que realiza a atividade oracular, deve estar consciente de sua responsabilidade.
- Deve entender que sua função é a de uma ponte entre o ser que se sente desconectado e encorajar assim a conexão.
- Deve buscar nos registros akáshicos daquela pessoa as orientações que permitam e favoreçam a conexão.
- Deve aconselha-la a buscar a sua própria maneira de comunicar-se com seus instrutores.
- Deve declarar-se mero instrumento, recusando-se a permanecer indefinidamente como intermediário necessário no relacionamento entre este ser humano e a Luz.
Se todos os seres humanos conseguissem manter uma conexão permanente e estável com a divindade, eliminando definitivamente de seu mundo qualquer experiência de separatividade. Se pelo menos, tivessem certeza e confiança de que a conexão pode ser interrompida e recuperada, sem danos, e constantemente, os oráculos seriam desnecessários. Todos os seres humanos seriam canais, consultando seus registros akáshicos sempre que necessário, e recebendo diretamente da fonte, as preciosas orientações de seus instrutores, mestres e guardiões.
A principal missão de todo canal consciente é levar seus semelhantes, o mais depressa possível, ao despertar espiritual, reforçando neles a certeza de que somos todos um.
* Registros Akashicos: Tudo que aconteceu com a humanidade desde o inicio dos tempos e todas as possibilidades de desdobramentos futuros. Registros são pessoais e cada ser humano tem o seu próprio. São gravados numa dimensão superior. Podem ser acessados por merecimento pessoal