Abertura de arquivos sobre OVNIS no Brasil
![Abertura de arquivos sobre OVNIS no Brasil](https://www.somostodosum.com.br/conteudo/imagem/9273.jpg)
Autor Acid
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 05/11/2009 15:56:24
Graças aos esforços da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), mais documentos outrora secretos foram liberados pela Aeronáutica. Eles são um apanhado de relatos coletados pelos militares e trazem informações detalhadas de um dos casos mais importantes em termos de divulgação ufológica para o Brasil (e diria até DO MUNDO!): A Noite Oficial dos OVNIS (se não conhece, é bom ler primeiro no link e depois continuar aqui). Este foi um caso emblemáticos em que um governo corajosamente confirma os relatos de pilotos e testemunhas, em um evento tão fascinante e de grande porte que fica até difícil de acreditar. Mas aí está a pá de cal em cima das dúvidas se fenômeno OVNI é ou não "real". Os documentos trazem luz ao caso, com transcrições dos pilotos, plots de radar, informações sobre a posição das estrelas neste dia, e uma novidade: vários outros casos aconteceram ANTES dessa noite especial, em Anápolis - GO (palco de uma das ocorrências na "noite oficial").
Este documento (liberado em PDF pela Revista UFO, entre outros) contém vários casos, e um em particular chama a atenção por ter ocorrido sobre a base aérea de Anápolis, quase dois meses antes do evento acima:
Página 36:
"O presente relatório foi elaborado por determinação do Sr. Comandante da Base Aérea de Anápolis, Cel Av José Elislande Baio de Barros.
Assunto:
OVNI (objeto voador não identificado) sobre o aeródromo militar de Anápolis.
(...)
Observação Inicial: O objeto foi visto no dia 23 de março de 1982, aproximadamente às 11:00 horas P, no momento em que uma aeronave F-103 executava "loops" sobre o aeródromo (...) A acrobacia da aeronave chamava a atenção de todos para cima.
Descrição do Objeto: A olho nu (era possível vê-lo dessa maneira), o objeto tinha uma forma circular (aparentemente esférica), de cor branca tendendo para prata.
Visto com binóculo, a forma era a mesma, porém mais brilhante, por vezes se apresentando avermelhado, com tendência para dourado.
Posição geográfica: Foi visto inicialmente quase sobre o aeródromo (rumo 300º 10 milhas, aproximadamente). Deslocou-se sutilmente, tendo sido percebido até no rumo 270º. Bastante alto, não foi possível estimar a altura.
Observadores: A curiosidade de um e de outro fez com que a maioria das pessoas na Base Aérea de Anápolis visse o objeto, inclusive o autor deste documento.
Providências tomadas:
a) Pesquisas com o SRPV-5 pra saber da existência ou não e balões, sondas, satélites artificiais, etc.
b) Contato telefônico com o COPM pra saber da existência de contato radar.
Ambas as medidas não trouxeram resultado concreto.
(obs: assinado pelo chefe do centro de operações aéreas)
O documento também traz a transcrição da conversa dos pilotos de avião comercial que avistaram estranhas luzes, no episódio que ficou conhecido como o Vôo 169 da Vasp. Novamente o documento traz novas informações, porque passamos a saber que outros dois aviões TAMBÉM viram luzes estranhas, nos dois dias seguintes a esse ocorrido!
Na página 38, vemos um "briefing" assinado pelo Ministro da Aeronáutica Joelmir Campos de Araripe Macedo, em abril de 1978, informado ao Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica:
I - As ocorrências vindas a público sobre o aparecimento de "objetos voadores não identificados" - OVNI - no espaço aéreo brasileiro tem, ultimamente, aumentado de frequência e parecem lastreados por testemunhos de relativa insuspeição. A fase do temor ao ridículo que, até recentemente, fazia calar as testemunhas de maior responsabilidade da elite técnica e científica do país, vai gradativamente cedendo lugar a um tratamento mais responsável pelo misterioso problema, já que a evidência de certos fenômenos inexplicáveis não mais permite ignorá-los.
II - Embora as especulações sobre os OVNI venham se estendendo a épocas tão remotas quanto a própria existência da humanidade, assumindo aspectos de pura fantasia, a verdade é que já nos últimos anos da II Guerra Mundial, em 1944, o Estado-Maior Superior da Luftwaffe foi induzido a criar um controle específico para elucidar inúmeros relatórios feitos por pilotos de guerra sobre a aparição de OVNI; o referido controle recebeu a denominação de "Sonder Buro nº 13" e o nome de código de "Operação Uranus".
III - A USAF, como é do nosso conhecimento, assumiu igualmente o controle dos UFO ("Unidentified Flying Objects"), reunindo muitos milhares de observações e farta documentação fotográfica; recentemente, encerrou tais estudos por ter chegado à conclusão de que os UFO não constituíam ameaça aparente à Segurança Nacional, e, portanto, escapavam à sua responsabilidade; seriam, talvez, mais da responsabilidade da NASA o da FAA. Na realidade, orientada politicamente para negar perante a opinião pública fenômenos que já se tornavam mais que evidentes, embora inexplicáveis, a USAF vinha se expondo a um desgaste acima do tolerável.
IV - Forçoso é reconhecer que algo de estranho vem preocupando as atenções do grande público, das autoridades e do mundo científico, face às frequentes incursões de OVNIs na atmosfera terrestre. Em que pesem os argumentos de que tais fenômenos - da forma pela qual são descritos - aberram as leis físicas e do conhecimento científico do Mundo atual, impõe-se-nos o dever de registrá-los, documentá-los e analisá-los sistematicamente. Por várias razões, a Aeronáutica não deve se alhear do problema, embora evitando explicá-lo sem base científica ou expor-se ao ridículo, desnecessariamente.
V - Em face do exposto, recomento a esse Estado-Maior organizar um "Registro sobre OVNI", de natureza sigilosa, no qual sejam arquivados cronologicamente os fenômenos eventualmente observados no espaço aéreo brasileiro(...)
Em outro trecho, o Comandante interino do COMDA avisa sobre os procedimentos que estão sendo tomados pela aeronáutica, e alerta para que seja mantido sigilo, por medo do ridículo:I - O Exmo Sr Ministro da Aeronáutica pela nota (...), determinou que fossem adotadas medidas no sentido de coletar e catalogar ocorrências de "objetos voadores não identificados" (OVNI). No passado, as notícias sobre o assunto veiculadas pela imprensa eram registradas e analisadas pelo Estado-Maior da Aeronáutica.
(...)
III - Visando resguardar a posição do Ministério da Aeronáutica no tocante ao assunto, altamente polêmico, a coleta e a remessa de dados exige muita discrição, não devendo ser feitos comentários que possibilitem exploração por parte da imprensa em geral, fato que até poderia levar ao ridículo a nossa corporação.
Em outro documento confidencial oficial, assinado pelo Brig. do Ar, José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (Comandante interino do COMDA/NuCOMDABRA em 02/06/1986), e dirigido ao Ministério da Aeronáutica, vemos a seguinte conclusão:
CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CASO "NOITE OFICIAL DOS OVNIS"
1- Da análise dos acontecimentos, este Comando é de parecer, de acordo com as informações dos controladores, pilotos e relatórios anteriormente elaborados pelo I Cindacta, que alguns pontos são coincidentes no que tange ao eco radar, aceleração, iluminação, velocidades e comportamento, tanto pelas detecções técnicas como visualização efetuadas.
2- Alguns que podemos citar são os fenômenos que apresentam certas características constantes, a saber:
a- produzem ecos radar não só do Sistema de Defesa Aérea, como também das aeronaves interceptadores simultaneamente, com comparação visual pelos pilotos.
b- Variam suas velocidades da gama subsônica até supersônica, bem como mantêm-se em vôo pairado.
c- Variam suas altitudes abaixo do FL-050 até altitudes superiores FL-400.
d- Às vezes são visualizados devido a luzes de cores brancas, verdes, vermelho, outras vezes não se tem indicação luminosa.
e- Têm capacidade de acelerar e desacelerar de modo brusco.
f- Capacidade de efetuar curvas com raios constantes e outras vezes com raios indefinidos.
3- Como conclusão dos fatos constantes observados, em quase todas as apresentações, este Comando é do parecer que os fenômenos são sólidos e refletem de certa forma inteligência, pela capacidade de acompanhar e manter distância dos observadores como também voar em formação, não forçosamente tripulados.
4- Por oportuno, cabe ressaltar a eficiência das Unidades Aéreas engajadas na operação, pois de acordo com o previsto, cada uma dessas unidades mantém uma aeronave de alerta de 45 minutos e com menos de 30 minutos após o acionamento, 7 (sete) vetores armados estavam disponíveis para emprego.
Não precisa nem comentários, né?
É quase um sonho realizado para os ufólogos, que ainda aguardam a liberação dos documentos relativos à Operação Prato (a cereja do bolo). Mas esta semana logo trouxe outras surpresas, com a entrevista do ex-ministro da Aeronáutica, Sócrates Monteiro, à Revista UFO (ainda sem link). Abaixo, alguns trechos:
![](https://www.somostodosum.com.br/conteudo/imagem/9273-2.jpg)
Monteiro descreveu uma situação em que a estação de radar do Cindacta no Gama (DF) foi sobrevoada a baixa altitude por um objeto discóide de grandes proporções, e que seus homens, sem saber o que fazer, abriram fogo contra o intruso. Ao saber disso, Monteiro deu-lhes ordens expressas para interromperem o tiroteio imediatamente. "Eles têm uma tecnologia muito mais avançada do que a nossa e não sabemos como reagiriam à nossa ação", disse referindo-se aos tripulantes do veículo, informando ainda que esta era a doutrina adotava na época, ou seja, não agredir para não sofrer as consequências.
Sobre a Noite Oficial dos UFOS, Monteiro admitiu que que os objetos "passaram de 250 para 1.500 km/h em frações de segundo". Referindo-se sempre ao termo anomalias eletrônicas, "na falta de uma explicação melhor para o que eram aqueles objetos", segundo Monteiro, o entrevistado disse que a velocidade dos UFOs era realmente estarrecedora e que os caças conseguiam se aproximar deles apenas por alguns instantes, porque em seguida os artefatos disparavam a altíssima velocidade. "Não havia como nos aproximarmos deles e então acabamos abandonando as buscas, que duraram muitas horas naquela madrugada". Há referência de que os UFOs chegaram a atingir a velocidade de Mach 15, ou seja, 15 vezes a velocidade do som, o que Monteiro disse ser possível, embora os instrumentos tivessem chegado a medir apenas perto de 3.500 km/h, "pois depois disso podem ter sofrido distorções naturais de leitura". Quanto à Força Aérea Brasileira (FAB) ter gravado os fatos em videotapes, disse que, na verdade, o órgão -em especial o Cindacta- sempre anotava o que ocorria nas telas de radar, e que tudo aquilo foi registrado em gravações apropriadas feitas a partir daqueles instrumentos. Mas disse que a cada 30 dias as fitas são apagadas e reutilizadas.
Mesmo que no início tenha se referido aos UFOs como anomalias eletrônicas, aos poucos foi falando em "eles", para designar seus tripulantes, e "naves" para efetivamente descrever o que eram seus veículos, mencionando também sua "tecnologia". Também se referiu abertamente às inteligências por trás do fenômeno, dando a clara noção de que estamos diante de civilizações superiores.
Esta foi uma afirmação mais contundente, que ele deu ao final da entrevista, quando voltou a se referir ao caso em que seus homens atiravam num disco voador no Gama, e que ele teve que intervir imediatamente pois "a reação deles poderia ser trágica para nós". Para tanto, usou como analogia o Caso Mantell, ocorrido nos Estados Unidos em 1948, em que um piloto encontrou a morte e seu avião foi destroçado após uma perseguição a um UFO. "Por isso, os caças, quando perseguiam tais 'anomalias eletrônicas', o faziam com cautela". Já ao fim da conversa, quando estava mais à vontade com os entrevistadores, se referia às tais anomalias quase praticamente rindo de sua própria interpretação do fenômeno e admitindo que apenas usava a expressão "por não ter um UFO nas mãos pra poder dizer exatamente o que são".
Depois disso tudo, só fica a pergunta: o que é que falta pra reconhecermos o fenômeno UFO de forma inequívoca, global e irrestrita, sem as costumeiras ironias, piadinhas e risinhos?
Fica aqui o agradecimento à Revista UFO por liberar essas informações de forma tão transparente, e a CBU por ir atrás dos documentos! Valeu! Foi como ganhar um presente de Natal antes do tempo!