Aprendi
por Wagner Borges em EspiritualidadeAtualizado em 23/06/2003 12:03:24
Aprendi... que nessa história de ego, quanto mais eu falo nele, quanto mais eu me preocupo com ele, quanto mais técnicas e posturas eu adoto contra ele, mais ele cresce, mais eu o alimento, mais ele se fortalece.
Aprendi... que é impossível viver a existência e relacionar-se com quem ou o que quer que seja, sem esse tal ego, que se você estiver "SÓ", completamente só, sem possibilidade de se inter-relacionar com qualquer coisa, o ego deixa de existir, porque o ego é fruto de inter-relacionamento com o que quer que seja, e nesse caso ele é necessário.
Aprendi... que a vida é para ser vivida, não para fugirmos dela, e que quando eu atingir a minha iluminação, devo ser como um farol na neblina da vida indicando o caminho aos navegantes, e não dissuadindo-os de navegar acreditando que o navegar não vale a pena, não fazendo-os acreditar que através de alguma técnica miraculosa devem aprender a abandonar o oceano.
Aprendi... que eu sendo Deus, como somos todos nós, jamais poderei conhecer-me diretamente, pois tudo aquilo que eu for capaz de observar, será apenas o objeto da minha observação, e não o observador.
O observador esta incólume e intocável em algum lugar além. Se eu observo que "eu" sou assim ou assado, isso não é real, pois o assim ou assado será o objeto da observação e não o observador, por trás de toda a observação esta aquele que observa e, portanto, não pode "ver-se": esse sou EU.
Aprendi... que, então, para que eu me conheça existe um meio.
Eu crio e, através da minha criação, eu me observo como num espelho, pois tudo que eu crio é um reflexo de mim mesmo, mas é necessário que essa criação seja dinâmica e não estática. E assim surgem os inter-relacionamentos, não somente entre as pessoas, mas com o universo, e assim surge o necessário e funcional ego, que deixa de existir “automaticamente", assim que sua função esteja completa, assim que eu me “autoconhecer" na minha criação.
Não é necessário esforço, não é necessário brigar com ele, a única coisa realmente necessária é que eu VIVA A VIDA, mergulhe fundo nela, porque ela é a minha criação e é nela que me reconhecerei, é nela que eu verei a minha imagem refletida.
Aprendi... que tudo está absolutamente certo, que não existe o errado, não existe o incorreto, que por mais absurdas que certas coisas possam parecer, elas estão dentro do mais completo e magnífico equilíbrio. O alcance da minha percepção é que, às vezes, é pequeno e me deixa confuso, porque eu ainda vejo as coisas através dos olhos do ego.
Porque Deus, em sua perfeição, só é capaz de criar coisas perfeitas. O imperfeito para "ele" não é possível, ou "Ele” mesmo seria imperfeito... o que não é!
Então, erros não existem, existe tão somente APRENDIZADO.
Aprendi... que só quem pode perdoar é o ego, que não existe nenhuma necessidade de perdão, porque nenhum erro foi cometido por ninguém, tudo está dentro de um contexto de perfeição, eu não tenho nada a perdoar, e nada a ser perdoado.
O que eu tenho sim, é que transcender o sentido de ter sido ofendido de alguma maneira, porque isso é a mais bobinha das ilusões.
Aprendi... que se você olhar por outro ângulo, as pessoas "dormentes", os "inconscientes", estão sendo mais eficientes do que você em viver a ilusão da criação para conhecer-se, e eu não ficaria admirado se algum deles chegasse a conhecer o criador (observador), antes de muitos dos "conscientes", porque em nenhum lugar o criador está mais presente do que em sua própria criação. Que não é fugindo da vida que encontraremos o criador, mas mergulhando profundamente nela, porque o criador esta presente em cada partícula de sua criação.
Aprendi... (e até prova em contrário, acreditarei nisso), que não existe esse tal "carma", como algo punitivo sobre erros cometidos no passado, pois se o erro não existe, como poderia ser isso?
Mas ao mesmo tempo aprendi que existe sim uma lei de ação e reação, que se você colocar a mão no fogo, você ira se queimar, não por maldade ou vingança do fogo, mas porque a sua natureza é queimar, e ele não está consciente que é a sua mão que esta lá, pois se isso por um mistério qualquer acontecesse, eu não ficaria surpreso do fogo se negar a queimá-lo, ele não iria querer ferir a Deus, o seu próprio criador.
Aprendi... que se a minha vida pode ser difícil sobre certos aspectos, pode não ser por causa de carma algum, mas sim porque eu esteja fazendo a besteira agora mesmo e pela primeira vez, então dá tempo de mudar tudo, e qualquer ação seria melhor do que resignar-me por conta de um tal carma * que talvez nem exista nesse contexto.
Aprendi... aprendi, sobretudo, que com tudo isso percebo, que mal comecei meu aprendizado.
Aprendi... aprendi algo que para mim passou a ser de suma importância... que enquanto sobrar apenas um único ser humano na face da Terra que ainda não tenha se realizado, que ainda não tenha atingido a sua iluminação, A OBRA DE DEUS NAO ESTARÁ PRONTA.
Assim você pode escolher se quer ir rápido ou mais devagar, não há pressa, vá no seu ritmo, da sua maneira, não fique tenso com isso acreditando que está mais devagar que esse ou aquele. Não faça disso uma competição porque não é, não ha prêmio para quem chegar primeiro.
A única coisa realmente importante é que todos chegarão, e os que estiverem na frente terão apenas que esperar a chegada dos que vêm pelo caminho, mas ninguém jamais, em hipótese alguma, será deixado para trás e abandonado no caminho.
E quando o último chegar... Ha! Quando o último chegar!!!!! ...Não haverá bronca por causa disso... não haverá cobranças ou caras feias... Mas imaginem...
QUE FESTA !... QUANTA ALEGRIA!
Paz e Luz
- Sergio Kiss -
Peruíbe, Baixada Santista, Junho de 2003.
Notas:
* Carma (do sânscrito): Ação, Causa. É a lei de causa e efeito universal.
- Nota de Wagner Borges: Sergio Kiss é participante do grupo de estudos e assistência espiritual do IPPB. É projetor e sensitivo desde a infância, e pesquisa os temas espirituais de forma universalista e clara. Há outro texto seu na seção de convidados da revista on line do site do IPPB (www.ippb.org.br).