As experiências de Quase-Morte - Parte 3
por Wilson Francisco em EspiritualidadeAtualizado em 12/11/2004 11:48:48
Termina com esta terceira parte a serie de artigos focando as “Near death experiences” (NDE), experiências de quase-morte, uma expressiva sequencia compilada pelo Dr. Melvin Morse, que reuniu em livro uma série de depoimentos do mesmo tipo, relatados em sua maioria por crianças. “Closer to the Light - Learning from the Children” (Mais Perto da Luz - Aprendendo com as crianças) é uma obra importante, trazendo um noticiário amplo, colhido junto a pessoas que escaparam de acidentes ou doenças graves.
A espontaneidade e a seriedade com que o assunto foi tratado, além da assistência dos médicos e psicólogos dos meninos e meninas envolvidos em trágicas situações de quase-morte, deram um grau elevado de credibilidade ao trabalho do Dr. Morse.
Voltou curado de um câncer após conversar com a Luz
Mellen-Thomas Benedict é um artista que sobreviveu a uma experiência de quase-morte em 1982. Ele permaneceu sem batimento cardíaco e sem respirar por mais de uma hora e meia devido a um câncer. Na hora de sua morte ele saiu do corpo e foi para a luz. Ele estava curioso a respeito do universo e foi levado para longe, para as profundezas remotas da existência.
Diz ele: “Eu me lembro de acordar um dia em casa por volta das 4:30 da manhã, sabendo que estava acabado. Este era o dia em que eu ia morrer. Acordei minha enfermeira. Eu tinha um acordo particular com ela de que deixasse meu corpo morto sozinho por umas seis horas, porque eu tinha lido que muitas coisas interessantes acontecem quando você morre. E voltei a dormir.
A próxima coisa que eu lembro é o começo de uma típica experiência de quase-morte. Subitamente eu estava totalmente consciente e de pé, mas meu corpo estava na cama. Tinha uma escuridão à minha volta. A experiência de estar fora do corpo foi mais vívida do que as experiências ordinárias. Foi tão vívida que eu podia ver cada cômodo da casa, o topo da casa, eu podia ver em volta e em baixo da casa. Tinha uma luz brilhando. Eu me virei para ela. A Luz é magnífica. É tangível; você pode senti-la. É atraente o contato com a misteriosa luz, você quer ir para ela da mesma forma como você iria para os braços da sua mãe ou do seu pai.
Eu fui me movendo para a luz e senti intuitivamente que se fosse até lá eu estaria morto. Então na medida em que eu ia me movendo para a luz eu disse, "Por favor, espere um pouco, espere um segundo. Eu quero refletir sobre isto; eu gostaria de conversar com você antes de ir". Para a minha surpresa, toda a experiência parou naquele ponto. Você está - sim - no controle de sua experiência de quase-morte. Isto não é como um passeio na montanha-russa. Então meu pedido foi honrado e eu tive uma longa conversa com a luz.
Quando me recuperei eu estava muito surpreso e ainda atônito sobre o que tinha acontecido. No começo toda a memória da viagem que eu fiz não estava lá. Eu continuava escorregando para fora deste mundo e continuava perguntando, "será que estou vivo?"... Este mundo parecia mais um sonho do que o do lado de lá.
Em três dias me senti normal novamente, com mais clareza, embora de uma maneira que nunca tinha me sentido antes. Minha lembrança da viagem voltou um pouco depois. Eu não conseguia ver mais nada de errado com os seres humanos como via antes. Antes disso tudo costumava julgar muito. Eu achava que muitas pessoas eram problemáticas, na verdade todos eram problemáticos, menos eu. Mas eu curei tudo isso, em mim.
Cerca de três meses depois, um amigo me falou que eu deveria fazer exames e assim fiz. Estava me sentindo muito bem, mas fiquei com medo de ter más notícias.
O médico na clínica olhou para os exames de antes e de depois e disse: "Você não tem nada". Eu disse, "Verdade? Isto é um milagre"? Ele disse, "Não, essas coisas acontecem, e são chamadas de remissões espontâneas".
Ele não se impressionou. Mas eu sei que foi um milagre em minha vida.
Opinião da Projeciologia
A experiência da quase-morte (EQM) ou near-death experience (NDE), termo usado no exterior, é uma projeção da consciência, forçada, compulsória, patológica, causada por traumas orgânicos, agentes físicos, químicos ou psicológicos. É comum em pacientes terminais sobreviventes da morte clínica, e em situações em que haja momentos de perigo extremo, acidentes, intoxicação, traumatismo, anestesia, afogamento e outros casos médicos. Este fenômeno é muito comum e bastante dinheiro e tempo de pesquisa científica têm sido gastos para explicá-lo. Profundas alterações comportamentais ocorrem com os indivíduos que vivenciaram a EQM. Mais de 90% das pessoas que rememoram a experiência mudam para melhor, perdem o medo da morte (tanatofobia), passam a dar mais valor à sua própria vida e a dos demais, percebem uma nova perspectiva da existência física (reciclagem existencial), para um redimensionamento pessoal. Enfim, há um grande despertamento e amadurecimento consciencial. A Projeciologia estuda todas as formas de projeção da consciência em outras dimensões. A EQM/NDE é uma delas. No Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia temos um curso sobre o assunto, tentando passar a ótica universalista da Projeciologia. A EQM/NDE é um acontecimento traumático, mas deve ser encarado por todas as áreas da medicina, sem qualquer “pré-conceito” que o torne obscuro ou místico.
O que diz a medicina - Morte abortada
“Na linguagem dos médicos, essa experiência radical leva o nome de morte súbita ou abortada, também é conhecida por morte somática e é provocada por doenças cardiovasculares ou coronarianas, traumas causados por acidentes, embolia pulmonar, desequilíbrio do diabetes ou um simples choque elétrico, que geram alterações na distribuição do sangue e nos batimentos cardíacos. O coração pára de funcionar. Ele pode deixar de pulsar completamente, bater muito rápido e por isso não conseguir contrair ou ainda bater a seco sem ejetar sangue. Como o sangue não circula mais, o oxigênio levado pelos glóbulos vermelhos não chega às células. Nos primeiros cinco minutos de parada, o cérebro continua funcionando muito lentamente e começa a perder o controle das funções vitais do organismo. O colapso físico do corpo é fácil de entender e explicar. Mas o que acontece nesse intervalo de tempo em que o doente sai do ar ainda é uma incógnita mesmo para os cientistas”. Revista Isto É.
As EQM e as mudanças no pensamento do Homem
Conquanto a cegueira de religiões conservadoras e o posicionamento dos céticos materialistas, a ciência contemporânea tem muito auxiliado o Homem a encontrar explicações e respostas no que diz respeito à imortalidade e a vida post-mortem.Cientistas lúcidos e despidos de preconceitos religiosos avançam em suas pesquisas sobre a EQM - Experiências Quase Morte (Near Death Experience) descortinando novas perspectivas para essa questão crucial que sempre permeou as mentes humanas: o que há depois da morte?
Entendida a morte apenas como o final da existência humana, o problema do ser, do destino e da dor se simplifica, porque basta se imaginar aniquilado juntamente ao corpo físico para o homem se sentir descompromissado de qualquer tentativa de progresso espiritual.
A realidade, porém, mostrada pela ciência atual, onde médicos e psicólogos, desde 1975, com a publicação da obra “Vida depois da Vida”, do psiquiatra americano Raymond Moody Junior, aprofundaram-se nos estudos da EQC, aponta para caminhos que ultrapassam as questões do pensamento religioso ou das especulações filosóficas. Não se trata mais de supor o que nos espera depois da morte, mas de pensar no que a constatação de que a consciência pessoal sobrevive após a morte pode influenciar em todas as culturas e religiões. A ciência cumpre seu papel. Acontecerá o mesmo com o Homem que tanto ansiou por essa resposta?
As modernas pesquisas, ao demonstrar que a sobrevivência da alma vem sendo cabalmente provada pela ciência, excluindo-se a hipótese de uma simples tese metafísica ou dogma religioso, impede que se continue, achando tratar-se o assunto como uma mera crença religiosa a ser mantida pela fé.
Assim sendo, creio que deve o Homem ser conduzido a profundas reflexões sobre como encarar essa realidade e de que forma ela deve influenciar seus objetivos de vida. Espantoso para alguns, fato normal para outros, ao ter-se certeza da imortalidade da alma, o homem deve aprender a se preparar melhor para essa realidade, mudando hábitos, conceitos e se preparando para um novo ciclo de sua existência. Deixamos uma pergunta no ar: de que serviria esse avançar da ciência se não ajudasse o homem a melhorar-se, a repensar sua existência material?
Os relatos de pessoas que viveram experiências de quase morte mostram que elas saíram da ocorrência com o pensamento profundamente mudado e que a maioria passou por uma revisão de seus conceitos religiosos e espirituais.
Da mesma forma, aqueles que se inteirarem do resultado das pesquisas sérias realizadas por cientistas idôneos, que hoje completam os estudos pioneiros do Dr. Moody, certamente passarão por essa revisão em seus conceitos de vida e de como lidar com o que nos espera diante da morte.
Eduardo Carvalho Monteiro - Psicólogo
UMA PEQUENA JANELA PARA O INFINITO
Existirá um espaço vital entre a vida e a morte? Este espaço seria o que os espíritas chamam de umbral e os esoteristas de astral inferior? Os espíritas afirmam que a passagem pelo umbral é obrigatória, mas por que será que alguns retornam e outros não? Com aqueles que retornam, quase nunca por arrependimento, mas porque alguém lhe diz que tem que voltar, pois sua tarefa ainda não está terminada...
As descrições são muito parecidas; um túnel de luz e na outra extremidade são vistos seres, às vezes conhecidos como familiares e amigos, outras vezes desconhecidos, mas que irradiam juntamente com a sua luz, confiança e bem estar. Às vezes a alma ou espírito sente-se feliz e quer ficar neste mundo novo, misterioso e iluminado, mas não lhe permitem.
Os negadores de plantão já criaram teorias e há até quem identifica determinada área do cérebro que cria essa ilusão. Temos a certeza que não é ilusão, mas se fosse não seria cruel destruí-la? Se for ilusão, como pode ser que crianças ainda pequenas passem por experiências iguais e descrevendo-as do mesmo modo? Lembramo-nos de um caso de um menino, parece-nos que com uns sete ou oito anos que morreu afogado - ou melhor teve um fenômeno de EQM - e viu uma mulher à margem do rio chamá-lo e ele foi nadando ou assim pensava, até ela e reconheceu que a mulher era sua mãe que ele não conheceu em vida, pois ela morreu quando ele era recém-nascido. Ela o beijou e mandou que ele retornasse. Ao descrevê-la aos familiares estes não tiveram dúvidas de que era a falecida mãe do menino. Será que o cérebro do garoto já criara esses mecanismos de justificação? Os casos com crianças são muitos e até existe um livro que relata essas experiências de quase morte com crianças.
Um amigo querido ficou por 90 dias em coma e num dado momento foi considerado morto pela equipe médica. Sua experiência foi diferente. Ele se viu num hospital-fazenda e ali foi examinado e cuidado por médicos espirituais. A equipe espiritual estava dividida, pois alguns achavam que ele não deveria retornar, pois as seqüelas já eram muito fortes e seria difícil, ou quase impossível a reabilitação. Como poderia ele em coma profundo ter consciência que havia em seu corpo seqüelas irreversíveis?
A verdade é que as seqüelas realmente aconteceram. Meu amigo escreveu um livro muito interessante e humano com o título "Cobaia de Mim".
Eu imagino as Experiências de Quase Morte como uma pequena janela para o infinito. Sim! É como se estivéssemos num avião e pudéssemos olhar o espaço pela sua pequena janela. A EQM reforça nossa crença na imortalidade e na continuidade da vida e dos sentimentos. Creio que diante dos negadores, aqueles que tiveram uma EQM poderão dizer: o mundo espiritual existe sim. Eu sei que existe porque eu estive lá.
Amilcar Del Chiaro Jr.
Escritor e Apresentador do Programa “Sol nas Almas” da Rádio Boa Nova
E para finalizar, encantem-se com a palavra inteligente e extraordinária de Fernando Pessoa:
“O corpo é a sombra das vestes
Que encobrem teu ser profundo.
Vem a noite, que é a morte
E a sombra acabou sem ser.
Vais na noite só recorte,
Igual a ti sem querer.
Mas na Estalagem do Assombro
Tiram-te os Anjos a capa:
Segues sem capa no ombro,
com o pouco que te tapa.
Então Arcanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nu.
Não tens vestes, não tens nada:
Tens só teu corpo, que és tu.
Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus iguais. (...)
A sombra das tuas vestes
Ficou entre nós na Sorte.
Não estas morto, entre ciprestes. (...)
Neófito, não há morte”.
Bibliografia
Vida Depois da Vida – Dr. Raymond A. Moody Jr.
Revista Isto É – 15/07/1998
O Estado de São Paulo (jornal) – 14/04/1996
Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia - site
Beyond the Light livro de P. M. H. Atwater (internet)
O Estado de São Paulo (jornal) – 02/05/2004