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As imagens que nos compõem e a busca de si mesmo

por Silvia Malamud em Espiritualidade
Atualizado em 01/09/2003 12:22:55


Você pode ser a Beth que vai ao supermercado e conversa com todos que vê pela frente, a tímida Marta que prefere não ser vista, a Cinira que julga a todos os demais como se fossem seus servos ou ter a personalidade similar a outras tantas formas de manifestação.

Aqui estamos falando dos diversos aspectos que costumam nos compor e que nos ajudam a nos identificar com o que somos.
No caminho das nossas vidas, através das nossas experiências, aprendemos e acoplamos ao nosso ser - de modo inconsciente na maior parte das vezes - as imagens/aspectos que nos compõem, sendo que isto costuma acontecer desde quando éramos muitíssimos pequenos, antes mesmo de começarmos a falar.

Desde que chega ao mundo, um neném capta e percebe pelos órgãos dos sentidos o ambiente em que se encontra e suas impressões ficam marcadas em seu psiquismo, sendo que nele consta também a forma como é recebido pelo meio, os aspectos do pai, da mãe, bem como os das figuras mais próximas, assim como o que esperam que ele seja e corresponda. Só a partir deste pequeno começo, podemos ter um breve esboço da personalidade que irá se formar.

Ao longo da vida, este neném vai crescendo e à medida em que vai se identificando com o mundo, vai aprendendo novas maneiras de ser que se acoplam e que se desenvolvem a partir desta primeira formatação.
As pessoas transformam-se então, no resultado da somatória de suas experiências identificatórias e assim vão constituindo as suas identidades.

Nesta etapa de suas vidas podem passar por duas situações interessantes:

- Viverem aceitando ser o que se tornaram sem questionamento algum, mergulhando cegamente nos esquemas vigentes, vivendo numa situação de "normopatia", achando que tudo é normal sem se aperceberem da situação existencial em que estão. Na grande maioria das vezes vivendo uma vida medíocre, muito aquém de suas reais possibilidades.

- Questionarem se de fato são aquelas as imagens que os compõem, ou se existe um si mesmo que independe da formatação experienciada e traduzida como ser pensante.
Esta segunda questão é hoje em dia bastante atual. A sociedade em que vivemos, onde tudo muda muito rapidamente - onde o que aparentemente faz sentido agora, no mesmo dia pode perder o seu valor - remete as pessoas a se questionarem sobre o que ou quem são. Não há mais onde se apoiar. As formatações severas impostas pela estrutura familiar do inicio do século, hoje contam muito pouco.

Se uma adolescente sai algumas vezes com um rapaz e vai logo para a cama com ele, o mesmo pode pensar nela como uma vadia, do mesmo modo que se ela sai com outro rapaz nas mesmas condições e se não vai para cama logo de início, o mesmo pode achar que ela tem algo de estranho... E por aí vai...
Onde podemos encontrar nossos reais valores? Como poderemos saber quem somos e como podemos estar tranqüilos neste lugar? Existe um conceito moral a seguir?
E por fim, começo de tudo... Existe um si mesmo que dê sentido a toda essa "caoticidade"?
No instituto observamos inúmeras pessoas chegarem em crise, em meio a um tremendo mal estar, porém ainda concluindo que elas são as imagens que as compõem. Sentem um profundo vazio, como se de repente fossem acometidas por uma síndrome de inadequação com relação ao meio em que vivem.

Em muitos casos não houve tempo, na vida frenética que levamos, de se entrar em contato com as nossas verdadeiras essências e não poucas vezes se duvída da existência deste si mesmo que é inerente a todos; que é repleto e não vazio como a maioria suspeita.

Somos a fonte, mas ainda estamos repletos de energia vital encapsulada. Existe um lugar em nós onde reside o sentido real, o prazer de existir e a moral genuína sem nenhuma distorção. Um lugar criativo e inteligente por excelência. Lugar este, onde não há sentido algum para a sensação de futilidade da vida como tantos experienciam hoje em dia.

Entrar em contato com as imagens que nos compõem, e passar por um processo de "desimantação" das mesmas não é fácil, mas o prazer de se sentir efetivamente existindo em si mesmo vale a aventura que envolve este tipo de jornada de conhecimento.


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silvia
Silvia Malamud é colaboradora do Site desde 2000. Psicóloga Clínica, Terapias Breves, Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA e Terapeuta em Brainspotting - David Grand PhD/EUA.
Terapia de Abordagem direta a memórias do inconsciente.
Tel. (11) 99938.3142 - deixar recado.
Autora dos Livros: Sequestradores de almas - Guia de Sobrevivência e Projeto Secreto Universos

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