Autismo
por Wilson Francisco em EspiritualidadeAtualizado em 23/04/2004 12:32:52
O meu primeiro contato com criança especial foi por volta de 1975, com o Gilberto Aielo. Tínhamos um grupo de passistas, agregados ao Centro Espírita Estudantes do Evangelho, no Carandirú e toda sexta-feira visitávamos o Maurinho, filho de um casal muito amigo. Mauro é portador da Síndrome de Down.
Na época Mauro, muito novo, tinha pouca consciência, não sabendo definir dias, horários, etc. No entanto, sua mãe nos dizia que o Maurinho sabia sempre quando era sexta-feira, o dia do passe.
Logo cedo se preparava, aceitava banho e alimentação com facilidade. Inclusive quando o casal viajava, mesmo estando distante, ele sabia quando era sexta-feira e repetia sempre a preparação para receber a visita do grupo.
Nos outros dias voltava ao seu normal, tendo pouca consciência das coisas.
E para aqueles que dizem por aí que a criança Down tem pouco tempo de vida, informo que o Maurinho ainda vive e eu tenho um carinho enorme por ele.
Retomei o contato com este assunto, quando li o livro “Autismo”, que recebi de presente do meu amigo Denir Lopes, de Volta Redonda. Como diz o Celso Martins, li o livro numa sentada. Depois li devagar, fazendo anotações. É excelente esta obra. A partir desta leitura comecei a realizar estudos e pesquisas. Uma das informações mais interessantes que obtive deste livro foi a seguinte: A Dra. Temple Grandin nasceu autista. Transformou uma vida cheia de impedimentos e limitações em uma existência de êxitos. Tornou-se PhD em ciência animal, professora em Faculdade e escritora.
Em razão do que estudei e pesquisei, posso afirmar que o autista é um ser que, por alguma razão, não “entrou” no mundo físico. Permanece entrincheirado, no limiar da existencialidade física e extrafísica.
Pode ser que antes de entrar ou de “conectar-se” com o corpo, o Espírito decida desistir; tem medo, sente-se incompetente para a experiência. Há outros e muitos motivos.
Hellen Wambach, psicóloga, realizou várias experiências com adultos, regredindo-os à vida intra-uterina. Nos relatórios dos pacientes constam a percepção e sensações que a criatura tem antes do nascimento, onde ela permanece agregada ou próxima do corpo em gestação.
Pesquisadores realizaram o protótipo de um laboratório que simbolizava um útero e colocaram criaturas autistas neste ambiente. Ali, eles tinham contato com sons e sensações semelhantes àquelas transmitidas pela mãe ao bebê quando dentro do útero, mergulhado no líquido amniótico. O resultado da experiência foi que houveram reações favoráveis e uma maior receptividade por parte das crianças.
A partir da leitura dessa informação, realizei experiências com um grupo de pessoas sensitivas e habilitadas. Criávamos, mentalmente, um útero e colocávamos - sempre mentalmente - a criança autista naquele útero imaginário. O menino autista que estava nessa experiência respondia positivamente a esta ação, recuperando um bom nível de consciência e até chegando a estabelecer uma leve comunicação com seu avô, o que foi muito confortador para toda a família.
A comunicação com o autista também pode ser feita através de uma conversa com seu Eu Superior. Nesse processo a conversa é dirigida para o Espírito, com a pessoa - ou criança - dormindo ou não.
Um outro processo positivo é a realização de sessões mediúnicas de apoio. O grupo pode atuar na própria Instituição ou no Centro Espírita. A atividade é desenvolvida focando diretamente os internados. Em minhas experiências, quando demos apoio a uma clínica que assistia crianças especiais, utilizávamos a Apometria, um sistema de trabalho desenvolvido no Rio Grande do Sul e relatado pelo jornal Desobsessão que era editado pelo Hospital André Luiz. Li as experiências realizadas e logo a seguir, no grupo que eu dirigia, a equipe espiritual nos convocou para realizar a mesma atividade. Naquela época eu contava, no Centro Espírita Evangelho em Ação, com um grupo de médiuns muito experiente e com faculdades apropriadas, como desdobramento, vidência, psicografia, etc.
Ao ver no programa Boa Nova na TV, o relato do Sr. Onofre, sobre as atividades de apoio espiritual que eles desenvolvem em prol das criaturas internadas nas Casas André Luiz, fiquei muito contente. Este é um caminho. No entanto, há muito ainda para se estudar, pesquisar e experimentar em torno do autista e da criança especial, para que possamos entender, como diz Hermínio Miranda, a mensagem que estas criaturas estão enviando para nós.