Boicotem os Jogos Olímpicos
por Acid em EspiritualidadeAtualizado em 28/02/2008 17:33:33
Você iria prestigiar os jogos de Berlim, na Alemanha de Adolf Hitler, em 1936?
Nesta época, Hitler aparecia como um Estadista em ascensão, causando grande impressão por sua política arrojada, baseada na intimidação (eu quero e eu faço porque sou mais forte. Não muito diferente dos EUA nos últimos 50 anos). Havia aqui e ali relatos de perseguição a judeus e violência contra opositores do regime, censura e supressão dos direitos humanos. Mas, no geral, isso era solenemente ignorado pelo mundo, que até se orgulhava de ter uma "muralha européia" contra os (Sim, Hitler era anticomunista convicto. A posterior aliança dele com a URSS pegou todo mundo de surpresa.) comunistas(*). E aí chegam as Olimpíadas de Berlim, que serviram como vitrine para o regime nazista mostrar ao mundo suas "virtudes", seu comprometimento com a paz e o reerguimento da Alemanha.
Nas semanas anteriores às Olimpíadas, os dirigentes locais de propaganda do Partido receberam ordens de fazer sumir dos muros e tapumes os slogans hostis ao regime, evitar violência, não colar cartazes contra judeus, não perseguir opositores, enfim, fingir uma normalidade. E foi o que aconteceu.
No primeiro, Hitler abriu os jogos numa cerimônia em que um antigo maratonista grego lhe entregava um ramo de oliveira, como "símbolo de amor e paz", enquanto um grupo de "pombas da paz" revoava. Todos os visitantes estrangeiros (principalmente a imprensa) ficaram impressionados com a Alemanha de Hitler, e a influência (e popularidade) dele só aumentou, a ponto de exportar o estilo nazi de ser até pra os EUA e (Os mais antigos vão lembrar do movimento Integralista, que desfilava com braçadeiras, uniformes e cuja saudação era Anauê, e do TFP (Tradição, Família e Propriedade).) Brasil(*).
Onde quero chegar? Partindo do pressuposto de que a história apenas se repete, temos novamente um Estado ditatorial, cujos relatos de brutalidade chegam aqui e ali por vias não-oficiais (e são solenemente ignorados pelos países compradores de produtos Made in China), querendo aparecer de bom-moço pra o mundo, aproveitando-se novamente de uma Olimpíada pra ganhar legitimidade internacional. Interessante, não?
E você, turista, vai prestigiar a Olimpíada da China? Aposto que eles estão ansiosamente esperando pela sua visita, com ruas limpas e com estudantes sorridentes, tudo na mais perfeita tranqüilidade! Gaste seu dinheiro nos produtos oficiais da Olimpíada (feitos por crianças obrigadas a trabalhar 13 horas ao dia) e dê seu prestígio a um Estado que "dá sumiço" a quem tenta falar o que acontece de fato naquele país. Um Estado que controla o que o povo deve ou não ver na Internet, que intimida empresas como a Yahoo a fornecer a identidade de jornalistas, ou ao Google a filtrar suas buscas naquele país. Um Estado que invade o Tibet (um país que não tem nenhuma ligação cultural com a China), estrangulando sua cultura secular e incentiva o estupro de tibetanas para que a raça se misture com a dos chineses. Um Estado que abate tibetanos que querem cruzar a fronteira com a Índia como se fossem patos. Que quer decidir arbitrariamente quem vai ser o próximo líder espiritual dos tibetanos. E que chega ao cúmulo de fazer um mascote tibetano (o antílope) nas olimpíadas da China, como se eles estivessem incluindo o Tibet à cultura da China, e não exterminando-o:
O crime deles? Querer ver o Dalai Lama, já que são proibidos de terem liberdade religiosa em seu próprio país
Neste post questionei se Spielberg, que era responsável pela produção da abertura dos Jogos na China, ainda continuaria seu trabalho se, em vez de tibetanos nessa fila, fossem judeus. Felizmente ele ouviu a voz da razão e ABANDONOU O PROJETO (IUHUUUUUUUUUUUU!!!! Ponto pra você, Steven!)
Se ainda assim vocês forem, não esqueçam de fazer a saudação no estádio: