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Como lidar com a Confusão Emocional

por Bel Cesar em Espiritualidade
Atualizado em 28/10/2002 11:25:01


Quando estamos confusos emocionalmente, nossa mente se desloca em várias direções ao mesmo tempo e intensifica nossas avaliações.
É um momento no qual nossos pensamentos e sentimentos tornaram-se ineficazes, não sabemos mais qual direção seguir.

Toda auto-avaliação baseada numa auto-imagem confusa é geradora de mais confusão emocional. Portanto, a aceitação da confusão é o primeiro passo em direção à clareza. É o momento de parar. Porém, parar com delicadeza.

Nossa mente acelerada e intensificada não sabe parar bruscamente sem causar danos. É como se estivéssemos dirigindo em alta velocidade e puxássemos o breque de mão. O carro rodopiaria, capotaria algumas vezes, até parar em algum ponto onde encontrasse apoio.

Então, temos que agir com delicadeza. Ter delicadeza nos ajuda a recuperar o bom senso, ter flexibilidade para abrir-se para uma nova possibilidade.

Quando estamos confusos intensificamos nossos mecanismos de auto-rejeição: “Eu não poderia estar sentindo isso!”. No entanto, é só com delicadeza que seremos capazes de despertar a disponibilidade interna necessária para lidar com sentimentos que consideramos inaceitáveis e intoleráveis.

John Ruskan em seu livro “Purificação Emocional” (Ed. Rocco), escreve: “Rejeitamos nós mesmos quando tentamos controlar nossos sentimentos. Rejeitamos nós mesmos quando manipulamos nossos sentimentos, achando que deveríamos ou não estar tendo certo sentimento, ou então quando tentamos realmente controlar as circunstâncias e as pessoas externas”. E complementa: “Não nos damos conta das inúmeras vezes que nos auto-rejeitamos, porque esse sentimento nos protege de sentir o que não queremos sentir”.

Mas para não nos distanciarmos de nós mesmos, precisamos compreender que devemos aceitar tudo o que estiver acontecendo em nosso interior, menos a auto-rejeição!

O segredo está em sentir o sentimento sem analisa-lo como bom ou ruim. Enquanto a análise estiver contaminada do hábito da auto-acusação, é melhor mantê-la fora. Pois enquanto tivermos uma atitude de acusação para com nós mesmos estaremos nos auto-rejeitando.

Torne-se um testemunho ativo de sua confusão emocional respirando as emoções sem contrariá-las. Deixe a emoção surgir, aumentar e se dissipar por si mesma. Não lute, nem controle. Seja sincero e compassivo para com você mesmo.

Ser delicados com nós mesmos é um modo de nos auto-aceitar. Auto-aceitação não quer dizer ficar com as nossas confusões emocionais, mas sim permitir ter a experiência de senti-las para se conhecer melhor.

Quando uma confusão emocional surgir, fique com ela mais um pouco e pergunte-se com delicadeza: “O que está acontecendo aqui”?

Não negue o que está acontecendo. Dê um pouco mais de espaço para essa experiência, respirando algumas vezes com profundidade. Se sentir um desconforto demasiado ao dar espaço para esta experiência, lembre-se que este é o sinal de que uma velha crença do passado foi ativada em sua mente. Algo como: “Se eu sentir isso, vai me acontecer algo ruim”... Então, abra-se para escutar a ameaça por inteiro: “O que pode acontecer de tão ruim”?

Num primeiro momento ao sentirmos a confusão emocional, sentimos um aperto no peito. Mas a intenção de nos manter abertos à experiência do acolhimento de nossa própria dor, nos oferece um sentimento de expansão: temos um novo caminho para seguir em frente. Expandimo-nos e nos contraímos ao mesmo tempo. Não há necessidade de forçar nada.

Como explica John Wellwood em “Alquimia do Amor” (Ed. Ediouro): “Quando estamos no limite, muitas vezes sentimos ao mesmo tempo o desejo de expandir-nos para novos territórios, e o medo de fazê-lo. Ser gentil significa admitir ambos os lados do que a gente está sentindo, em vez de forçar-se a ir para frente ou assustar-se até recuar. Isso ajudará você a relaxar, permanecer presente, e ver o que acontece a seguir.”


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bel
Bel Cesar é psicóloga, pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano desde 1990. Dedica-se ao tratamento do estresse traumático com os métodos de S.E.® - Somatic Experiencing (Experiência Somática) e de EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares). Desde 1991, dedica-se ao acompanhamento daqueles que enfrentam a morte. É também autora dos livros `Viagem Interior ao Tibete´ e `Morrer não se improvisa´, `O livro das Emoções´, `Mania de Sofrer´, `O sutil desequilíbrio do estresse´ em parceria com o psiquiatra Dr. Sergio Klepacz e `O Grande Amor - um objetivo de vida´ em parceria com Lama Michel Rinpoche. Todos editados pela Editora Gaia.
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